[NARRADO POR MURILO] O sol nem tinha se decidido se nascia ou voltava a dormir, e a boca já tava viva. Pulga contava o dinheiro das biqueiras, Faíska enrolava uns baseados, Gargalo vigiava a rua com os olhos de lince. Neguim, esse tático da paz, jogava conversa fora com uns menino da laje. E eu ali, de costas pra parede, observando tudo. Silencioso. Mas com o peito fervendo. — "E o Júlio?" — soltou Pulga, sem tirar os olhos das notas. — "Sumido desde ontem." — respondi seco. — "A mãe tá em pânico." Neguim suspirou. — "Cê acha que ele caiu de vez?" — "Ele caiu foi faz tempo. Agora tá cavando mais fundo." Faíska largou o beck meio enrolado. — "Pior que não é medo de perder ele. É medo do que ele vai fazer com ele mesmo." Gargalo grunhiu. — "Tu vai ter que enquadrar esse moleque, Muri

