[NARRADO POR MELISSA ROCHA]
Sorri sem querer.
Aquele sorriso torto, de quem carrega mais lembrança do que deveria. E falei, quase num sussurro:
— “Eu… beijei ele.”
O silêncio veio primeiro.
Depois, o som do pano de prato caindo no chão.
Jussara me olhou com uma mistura de susto, espanto e… riso preso no canto da boca.
— “E tá com vergonha por quê, menina?” — ela soltou, quase rindo agora. — “É meu filho, não é bicho, não. E se for beijo que acorda homem ferido… devia era ter beijado mais.”
A gargalhada escapou dela, e eu ri também. Meio alívio, meio nervoso.
— “Não foi beijo de filme, não.” — falei, com o rosto queimando. — “Foi mais tipo… soco com a boca. Um ‘toma essa’, um ‘acorda’, um ‘me escuta’. E ele… não retribuiu.”
Jussara deu de ombros.
— “Mas também não empurrou, né?”
