[NARRADO POR MELISSA] A porta do banheiro abriu devagar, soltando uma nuvem de vapor quente que invadiu o quarto como um aviso: ele chegou. Murilo saiu com a toalha amarrada na cintura e o corpo ainda molhado, pingando desejo e desgraça em cada gota que escorria. O cabelo bagunçado, os músculos marcados, as tatuagens contando histórias que só eu sabia o final. E o olhar dele… moreno, pesado, cheio de silêncio e coisa não dita. Engoli em seco. O coração disparou feito escola de samba em dia de ensaio, e meu corpo inteiro pareceu acordar ao mesmo tempo. Senti o calor subir do pé à nuca. Ele andava devagar, como se o tempo obedecesse aos passos dele. E eu ali, fingindo calma, mas por dentro... puro caos. Virei de costas. Porque olhar pra ele daquele jeito — molhado, suado, real — era

