Jussara respirou fundo, mas parecia que cada palavra engasgava na garganta antes de sair. O olhar dela pesava sobre mim como se quisesse arrancar uma confissão que eu já tava pronta pra dar. — “Tu não tá entendendo, minha filha...” — ela balançou a cabeça, amarga, cansada. — “Porque ele… ele não é mais o Murilo.” As palavras bateram em mim como tapa. Eu tentei segurar firme, mas vacilei. — “Não fala isso…” — “Eu falo porque eu vi. Porque eu assisti meu filho sumir de dentro dos próprios olhos. Vi ele voltar do morro com os punhos em sangue e o olhar vazio. Vi ele gritar de madrugada, esmurrar parede, se trancar no quarto com raiva de tudo. Até de mim. E sabe por quê? Porque tu não voltou. Porque tu sumiu sem dizer nada.” Engoli em seco. O peito doía como se o coração estivesse tentand

