[NARRADO POR MURILO FERREIRA – VOLTA AO TOPO] O carro parou. A porta nem fez barulho. Só meu pé batendo no chão da quebrada já fez a terra tremer. A quebrada parou. Literalmente. O som do batidão foi cortado. As vozes calaram. Só o vento rodava no ar como aviso: o dono voltou. Subi. Degrau por degrau. Lento. Cada passo meu era tipo tambor em ritual. Cada olhar que cruzava o meu, abaixava. Não por medo. Por respeito. E quando alcancei o topo da laje... O bonde já tava lá. Neguim ajeitando a pistola na cintura. Faísca limpando o suor da testa com a camisa rasgada. Pulga com o rádio na mão, gritando pra quebrada inteira ouvir. — “ABRE ALAS, c*****o! ELE TÁ DE VOLTA!” Gargalo me viu primeiro. E como um general na guerra, soltou pro céu o primeiro rajadão: TÁ-TÁ-TÁ-TÁ-TÁ! Os ou

