Narrado por Murilo Ferreira Capítulo: O Futuro Tem Nome e Sobrenome A laje já tava no modo madrugada. Céu fechado, fumaça densa, o som da quebrada lá embaixo virando trilha da nossa resenha. Cada um largado num canto, cerveja na mão, alma solta. Neguim dançava com o chinelo na mão, como se tivesse num baile só dele. Faísca fazia beatbox com a tampa da marmita. Pulga rimava qualquer merda, rimando “consciência” com “doença” e “viu no status” com “tomou na cara”. Gargalo jogava latinha amassada num balde como se fosse cesta de basquete. E eu só ali. Sentado no canto da laje, calado. Observando o bonde, rindo por dentro. Até que larguei a real: — “Cês sabem que isso aqui um dia vai ser meu, né?” Os quatro calaram. Nem surpresa teve. Porque todo mundo ali já sabia. — “Meu pai já

