Narrado por Murilo Ferreira Tava atravessando a sala, o boné na cabeça, olhar perdido no asfalto lá fora. Pronto pra sumir no morro, na noite, em mim mesmo. Mas aí… — “Murilo…” A voz foi baixinha. Quase um sussurro quebrado. Virei o rosto. Devagar. Júlio tava ali, de pé, com o pijama do Homem-Aranha, cabelo bagunçado e os olhos… p***a, os olhos dele. Mesmos do meu pai. Engoli seco. Tentei manter a casca. Mas ele deu mais um passo. — “Papai… nunca mais vai voltar, né?” A pergunta veio crua. Do jeito que criança pergunta quando já sabe a resposta, mas ainda espera um milagre. Fui até ele. Ajoelhei devagar. E naquele instante… o Fantasma saiu. Fiquei só eu. Murilo. Irmão. Filho. Sobrevivente. — “Não, Juju.” — minha voz saiu baixa, arranhada. — “O papai agora é estrela. Daquelas

