[NARRADO POR MURILO FERREIRA] A zoeira foi morrendo aos poucos, igual brasa que vai apagando no canto da churrasqueira. O bonde ainda ria, mas já era aquele riso mais baixo, mais puxado... tipo quando a alma começa a lembrar. Fiquei de pé, olhando o céu. A brisa batia de leve, trazendo o cheiro da quebrada misturado com poeira, cigarro e saudade. — "Cês lembram?" — soltei, a voz saindo meio engasgada. — "Do meu pai puxando nossa orelha aqui na laje?" Pulga, que ainda tava com a barriga doendo de tanto rir, mudou o semblante na hora. — "Pior que lembro... Lembro daquele dia que ele mandou chamar nossas mães aqui." Faíska gargalhou de leve: — "Cê fala daquele dia do cabo de vassoura?" Neguim confirmou: — "Aquele mesmo! Aderbal mandou a gente sentar em roda, igual sala de aula. Um po

