Narrado por Murilo Ferreira Desci o morro com o capuz cobrindo a cara, mas o olhar… esse ninguém escondia. A viela parecia mais estreita. Mais sufocada. Como se o morro soubesse o que eu ia fazer — e segurasse a respiração comigo. Cheguei na boca sem falar nada. Os cara tavam jogando dominó. Rindo alto. Mas quando me viram… o som morreu. Neguim levantou na hora. — “Murilo…” Levantei a mão. Silêncio. Caminhei até o centro. Todo mundo parou. Quem tava com cigarro apagou. Quem ria fechou a cara. Eu tirei o boné. Mostrei o nome Ferreira riscado por sangue seco na aba. E falei. — “Eu quero nome.” Só isso. Mas pesou como sentença. — “Quero o nome de quem mandou invadir. De quem desceu com a farda pra matar, não pra prender. Quero saber quem tá por trás, quem pagou, quem lucra com a

