Trilogia irmãos Bacelar - Ares

Competitivo

Nicolas

Espero até vê-la entrar em casa antes de dar a partida. Jully é uma das mulheres mais interessantes que tive o prazer de conhecer. A princípio, é claro que não posso negar que o desejo instantâneo que senti foi gritante, mas ao começar a trabalhar com ela vi que tem muito mais além da beleza.

– Nicolas? Está me ouvindo? – Meu pai chamou a minha atenção. – Parece com a cabeça nas nuvens!

– Não é nada demais, estou apenas pensando em algumas coisas da empresa.

– Os Bacelar têm entrado muito no nosso meio. Hades é um homem muito inteligente. Por sorte, não tem muita ajuda e fazer tudo sozinho o mantém ocupado demais para se dedicar a outras coisas ao seu redor.

Nos sirvo uma dose de uísque e ele me olha de um jeito estranho.

– Ouvi alguns boatos de que você tem estado um pouco próximo de uma nova funcionaria da empresa.

Olho para meu pai, ponderando como devo responder. Não quero colocar Jully em problemas.

– Pai, Jully é incrível. Ela é extremamente inteligente e dedicada. Trabalhar com ela tem sido uma experiência muito boa. Ela tem uma compreensão notável dos negócios, tem sido muito produtivo trabalhar com ela.

Meu pai sorri de lado.

– Vejo que você está impressionado com ela. Tome cuidado, Nicolas. Às vezes, misturar negócios com prazer pode ser complicado. Lembre-se de manter o foco nos objetivos da empresa.

Respiro fundo, sabendo que meu pai está certo.

– Eu entendo, pai. Sempre fui comprometido com os objetivos da empresa, e sei a importância de separar os negócios dos assuntos pessoais. Vou manter tudo em ordem.

Meu pai parece aliviado com minha resposta, mas sua expressão logo se torna preocupada.

– Nicolas, há algo que preciso te lembrar. Você tem o péssimo hábito de ser muito obsessivo. Não gosta de perder e, às vezes, leva as coisas longe demais. Lembre-se de que os negócios são um jogo perigoso, mas não tanto quanto assuntos sentimentais, não podemos deixar que nossas emoções nos dominem. Isso pode se tornar um problema, especialmente quando se trata de uma pessoa que está próxima como sua nova funcionaria.

Assinto, entendendo a preocupação do meu pai. Pego o uísque e dou um gole, tentando encontrar as palavras certas para tranquilizá-lo.

– Entendo suas preocupações e valorizo muito seus conselhos. Prometo que vou manter a cabeça fria e não deixar minhas emoções me dominarem. O que tenho com Jully é uma parceria profissional, e não quero que isso cause problemas para a empresa nem para nós.

Meu pai assente, mas seu olhar continua sério.

– Você sabe que é um excelente empresário, meu filho, mas seu perfeccionismo e competitividade podem ser ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição. Aprenda a equilibrar as coisas. E lembre-se, a vida não é apenas sobre negócios. Cuide de suas relações pessoais também.

– Não sou mais uma criança, pare de me tratar como uma. Nós dois sabemos que se não gosto de perder, foi porque você me criou assim.

– As vezes eu me arrependo por isso.

– Tarde demais... – sorri.

Meu pai olha fixamente para mim por um momento, como se estivesse relembrando tentando se controlar para não dizer algo. Depois, ele suspira profundamente.

– Nicolas, lembra-se do que aconteceu há alguns anos atrás? Sua obsessão por uma mulher nos levou a perder muito mais do que poderíamos ter ganho. Você quase se desestruturou naquela época, e eu não gostaria de ver isso acontecer de novo, seja por negócios ou por questões pessoais.

A lembrança daquele momento me vem em mente. Minha fixação por alguém me levou a tomar decisões ruins e prejudicar não apenas a mim mesmo, mas também a nossa família e a empresa.

Engulo em seco, recordando o quanto aquela experiência foi prejudicial para todos nós.

– Não vou repetir os erros do passado. Aprendi muito aquela situação e vou garantir que nada saia do meu controle.

Tomo um longo gole e dou aquela conversa por encerrada, mas sei que tudo o que eu disse foi apenas para tranquilizar meu pai. Não posso negar que Jully é incrivelmente interessante, mas sua proximidade com Ares, um dos irmãos Bacelar, me fez ficar ainda mais intrigado.

Jully e Ares parecem ter uma relação muito próxima, e isso desperta minha curiosidade.

Tenho certeza de que se meu pai descobrir que Jully é amiga de Ares, vai acabar pedindo que eu a demita e eu não quero isso.

– Vou para casa, sua mãe está em um daqueles dias em que nada a consola, não posso deixá-la sozinha por muito tempo. – Ele me abraça. – Pense bem no que eu te disse, não faça nada do que possa se arrepender.

Enquanto meu pai se afasta, meus pensamentos voltam-se para a atração que estou sentindo por Jully. É algo que não posso mais ignorar. Sua inteligência, charme e presença cativante têm mexido comigo desde o momento em que a conheci. No entanto, sua amizade com Ares torna as coisas ainda mais interessantes e complexas.

Sinto um certo fascínio por sua conexão com Ares. O que eles têm em comum? Ares não é o tipo que tem amigos, ele tem seus irmãos e é só, se ele a mantém por perto é porque sente algo por ela... e como isso pode afetar a relação que eu pretendo ter com ela?

Seja como for, sei que já decidi que a quero para mim, e não importa quem queira se pôr em meu caminho, terei o que quero.

Na manhã seguinte, saio mais cedo de casa para ir buscar Jully, ver sua surpresa ao me ver na porta de sua casa quando saiu valeu a pena ter saído um pouco da rotina.

– O que faz aqui?

– Me lembrei que você tinha deixado seu carro na empresa e vim te buscar. – Sorri e abri a porta do carro para ela. – Seria muita grosseria minha, já que seu carro ficou lá por minha causa.

– Eu ia chamar um taxi... – respondeu entrando. – Não precisava ter se incomodado.

Peguei o café que estava no banco de trás.

– Não é nenhum incomodo para mim, faria todos os dias se você permitisse. – Entreguei o café para ela. – Como eu disse, estou disposto a te conquistar Jully,