Eu não entendia o meu coração. O homem que era para eu amar , eu não sentia nada. Absolutamente nada. "
Letícia narrando
O segundo dia do casamento era especial, o dia em que eu era preparada para a cerimônia do casamento. Era o dia que era feito as tatuagens de henna em minhas mãos porque acreditava que afastava os fantasmas que iriam assombrar o nosso casamento juntos, eles eram feito por meninas solteiras.
- Posso fazer? - Catarina pergunta.
- É claro que sim - Eu falo sorrindo para ela.
Catarina era uma criança adorável e parecia ser bem sozinha. O seu olhar era triste por mais que ela tivesse um sorriso tão bonito.
Eu olhava para ela e temia por Larissa já que ela ficaria sozinha também, mas graças a Deus o nosso pai era um pai maravilhoso e não abandonaria ela.
Por mais que o meu pai tenha pago um dote bem caro para Pedro se casar comigo, o acordo que meu pai fez com Josué foi bom, a empresa deles comprariam os tecidos do meu pai e isso ajudaria muito à ele.
Eu sempre soube que não iria poder me casar por amor e sim me casar para aprender amar o meu marido, Já que iríamos passar o resto da minha vida ao lado dele.
Antes do casamento eu fui submetida à exames, à pedido do noivo, exames para saber se eu era virgem e poderia ter filhos. Muito invasivos por sinal e vergonhoso, mas quando eles exigiam, eu não tinha escolha. Eu precisava saber.
- Você está linda minha irmã. - Larissa fala me olhando e eu sorrio para ela.
- Obrigada.
- Eu vou sentir sua falta. - Ela me abraça. - Amanhã talvez a gente nem consiga se despedir.
- Eu também vou. Mas irei tentar vir sempre visitar você, eu prometo.
- Espero que ele deixe.
- Ele vai deixar sim - Eu passo a mão em seu rosto - Ele parece ser um homem bom.
Catarina se aproxima.
- Posso colocar em você? - Ela pergunta segurando um colar e eu assinto com a cabeça, me abaixo e ela coloca. - Estou feliz que você vá morar lá com nós.
- Eu também estou Catarina.
- La só tem meus irmãos e eu sou tão sozinha. - Ela reclama baixo.
- Agora você não é mais . - Eu passo a mão pelo seu rosto.
(...)
O dia da cerimônia tinha chegado e eu estava tão nervosa. Eram três dias comemorados e de festa, algo cansativo mas também um momento mágico.
Tinha tanta gente no casamento e todos eram assim na nossa cultura , um casamento lotado de pessoas e principalmente de comida. Na nossa cultura a gente não bebia bebida alcoólica então era servido uma bebida doce para todos, não comemos porco também na nossa cultura, então tudo que é de porco é evitado.
Eu estava entrando sentada em um trono suspenso e sendo carregada até a onde estava o meu noivo. Eu não tinha falado com ele, apenas no primeiro dia às poucas palavras que trocamos.
Os nossos casamentos era arranjados e a gente não tinha o direito de escolher ou muito menos conhecer o noivo, mas meu pai garantiu que tinha escolhido o melhor para mim e eu confiava nele.
O trono é colocado no chão e Pedro se aproxima de mim e me estende a mão me ajudando a sair de lá, a gente se encara e ele abre um breve sorriso para mim.
Caminhamos em direção ao sacerdote para começar a cerimônia. Durante a cerimônia não tinha nada muito de especial, era ditado algumas frases do alcorão para abençoar o nosso casamento.
Cada convidado recebeu cinco amêndoas que representava amor, saúde, felicidade , longevidade e fertilidade.
E eu ganho uma amêndoas que significava a fertilidade,uma vida cheia de filhos para nós e graças a Deus eu estava adapta à isso, a dar muitos filhos para o meu noivo.
O sacerdote se aproxima de nós, a cerimônia era simples e não tinha muito segredo , o sacerdote ia ler algumas partes do alcoracao e dava a sua venda.
- “Casai os celibatários, dentre vós, e também os virtuosos, dentre vossos servos e servas. Se forem pobres, Deus os enriquecerá com Sua graça, porque é Munificente, Sapientíssimo.” - Eu e ela nos olhamos -Ele foi Quem criou os humanos da água, aproximando-os, através da linhagem e do casamento; em verdade, o teu Senhor é Onipotente. - Entrelaçamos às nossas mãos -
“Está-vos vedado casar com: vossas mães, vossas filhas, vossas irmãs, vossas tias paternas e maternas, vossas sobrinhas,vossas nutrizes, vossas irmãs de leite, vossas sogras, vossas enteadas, as que estão sob vossa tutela – filhas das mulheres com quem tenhais coabitado; porém, se não houverdes tido relações com elas, não sereis recriminados por desposá-las.Também vos está vedado casar com as vossas noras, esposas dos vossos filhos carnais, bem como unir-vos, em matrimônio,com duas irmãs – salvo fato consumado (anteriormente) -; sabei que Alà é Indulgente, Misericordiosíssimo.” - Ele coloca as mãos para cima - Os abençoo.- Nós colocamos as mãos para cima também.
Pedro se aproxima de mim e coloca uma aliança em meu dedo, a tradicional da nossa cultura. Aliás a cultura de alianças em casamento começou com nós. Eu coloco a aliança nele também.
Os convidados começam a jogar rosas e moedas em nós.
Moedas significava fartura e as rosas significava amor e felicidade para o nosso casamento. Por mais que os casamentos são arranjados a gente acreditava que poderíamos sim amar um ao outro, porque a nossa vida seria assim para sempre.
Todos vão se aproximando aos poucos para parabenizar nós e era tão estranho porque Pedro não trocava nem sequer uma palavra comigo e eu o encarava o tempo todo, mas era como se ele não tivesse nem aí para mim.