Rebeca Vasconcellos Prado Acordei com o silêncio. Mas não era um silêncio calmo. Era denso. Pesado. Como a pausa antes do tiro. Levantei devagar, sentindo o lençol escorregar do meu corpo. Vesti a camisa dele e caminhei até a sala. E lá estava Alessandro. Parado. De pé. Camisa aberta. Olhar cravado na TV. E na tela… o nome do meu pai. O rosto dele. A queda pública. A explosão. “Senador Alfredo Prado é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e associação com milícia armada”, dizia a manchete. As palavras rodavam. O mundo rodava. E eu sabia. Ele vai revidar. E vai ser pior. Muito pior. Me aproximei por trás, devagar. Envolvi meus braços no corpo dele. Senti os músculos rígidos. O cheiro do pescoço dele. A tensão latente. Ele virou. Os olhos encontraram os meu

