Alessandro Ferraz Montemor A porta bateu. O som ainda ecoava na minha cabeça. Ela se foi. E eu não fui atrás. Fiquei ali. Estático. Com a respiração falhando e o gosto amargo da verdade me rasgando por dentro. Depois veio o caos. Varri a estante com o braço. Os livros, porta-retratos, um vaso — tudo no chão. As garrafas do bar voaram. Estilhaços no mármore. Igual ao que sobrou de mim. Eu jurei que nunca ia ser como o pai dela. E no fim? Talvez tenha sido pior. Porque ele a controlava. E eu a enganei. — — Vai tomar banho. — Vitor disse, já pegando a vassoura. — Eu cuido disso. — Não preciso… — Precisa sim. Você precisa parecer menos um furacão humano quando for buscar a mulher da sua vida de volta. Fiquei ali, parado. Os ombros caídos. O coração… quebrado em cacos

