Rebeca Vasconcellos Prado O evento ainda fervia. Gente rindo, taças tilintando, discursos ensaiados se repetindo pela quinta vez. Mas tudo que eu queria… era sair dali. O vestido me apertava como uma armadura inútil. O salto já machucava, mas a dor no pé era menor do que a do peito. Me aproximei de Gustavo com cuidado. Ele conversava com dois empresários sobre uma nova proposta de assessoria jurídica. — Gustavo… — chamei baixinho. Ele virou só com os olhos. Frio. — Não tô me sentindo bem. Preciso subir. — Agora? — Por favor. Só um tempo. Eu volto se precisar. Ele me olhou como se estivesse decidindo se ainda me controlava ou se preferia manter a imagem de noivo compreensivo. Depois de um silêncio tenso, ele assentiu. — Vai. Mas não demora. Balancei a cabeça. Saí com o cor

