MAXIMILIANO A sala estava carregada de vinho e nervo. Eu já tinha decidido encerrar aquela merda de almoço quando o Martins abriu a boca de novo, insistente: — Posso chamar vocês pra uma festa amanhã? — falou rápido, como quem ensaia frente ao espelho. — Nada formal, só pra relaxar. Relaxe você, Martins. Minha mão ainda pesava sobre a da Jamile. O pulso dela denunciava o que se passava por dentro, mas eu não mexi. Girei o rosto devagar, deixando a pergunta sair como veneno: — Festa? Você realmente acha que eu vou levar a minha mulher pra ser distração de advogado inseguro? Ele tentou sorrir, mas a mandíbula travou. — Só quis ser educado, Andrade. — Educação não é olhar pra mulher dos outros com fome. — falei baixo, frio. — Aprende isso. Empurrei a cadeira pra trás. Jamile levantou

