MAXIMILIANO (corredor estreito, ar pesado, limite puxando desejo) O “não” dela não foi só palavra. Foi choque. Não muralha de pedra cerca elétrica: você até pensa em encostar, mas sabe que vai doer, queimar, marcar. Eu respirei fundo, encostei a mão na parede ao lado da porta dela. Não toquei nela. Não invadi. Mas o espaço fechou. O corredor parecia menor, o ar mais denso. — Jamile… — minha voz saiu baixa, arrastada, com aquele peso de madrugada m*l dormida. — Eu não costumo pedir duas vezes. Ela manteve os braços cruzados, corpo ereto, olhos firmes, insolentes. — E eu não costumo repetir a mesma resposta. Silêncio. A televisão de algum vizinho vazava longe, o cheiro de café fresco escapava do apartamento dela. Mas ali, entre nós, não havia simplicidade nenhuma. Só guerra fria. Inc

