CAPÍTULO 18 — JAMILE Tranquei a porta atrás de mim e o bar inteiro virou eco distante. O som grave, o riso alto, até as vozes que minutos antes disputavam espaço comigo tudo ficou abafado, como se alguém tivesse fechado a tampa do mundo. Banheiro de bar tem luz c***l, dessas que mostram tudo. Mas eu não tinha nada pra esconder. Encostei as mãos na pia fria, respirei fundo, tentando acalmar o coração que ainda batia fora do ritmo. Quatro segundos puxando o ar, quatro segurando, oito soltando. Minha forma de lembrar que quem manda no meu corpo sou eu. Olhei no espelho. O batom já tinha apagado no centro. Tirei o estojo da bolsa, retoquei com calma. Nem era vaidade, era ritual: ajeitar a boca era como assinar minha própria regra eu decido a hora de voltar inteira. Passei água fria nos p

