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735 Words
Thomas — Soube que o Barão Collin Hill vai se casar. — Flora, minha jovem e animada governanta comenta de repente, enquanto ela abre as cortinas do meu quarto para deixar a luz do dia entrar. — Bom para ele! — resmungo um tanto seco, ajeitando a minha gravata e suplicando aos céus que ela não continue com essa conversa. — Sabe o que eu penso? Não e não quero saber! — Que o Senho deveria ir, sua graça. A final, o Senhor é um grande amigo do Barão, certo? — Reviro os olhos para essa sugestão. A verdade, é que desde que perdi a Rebecca, minha esposa e o meu filho tudo ao meu redor perdeu o seu significado para mim. A morte é mesmo uma víbora traiçoeira, que roubou a dona do meu coração e pior, ela o levou consigo. Portanto, amar outra vez nunca será uma possibilidade para mim. Embora eu saiba muito bem que preciso de uma mulher aqui dentro para me ajudar a pôr a ordem nessa casa e cuidar de minhas cinco irmãs. Não é catastrófico que a morte insista em me rondar? Primeiro os meus pais e a agora a minha pequena família. — O convite é a coisa mais graciosa que já vi na minha vida. — Flora me desperta dos meus pensamentos. — E dizem que a rainha estará presente durante a cerimônia. Que chique! — Não me admira — resmungo com certo desdém. — A rainha sempre o viu como um dos seus filhos — retruco, me afastando do espelho. — Preciso ir ver algumas questões com alguns fornecedores. — Mudo de assunto. — Flora, por favor avise para as minhas irmãs que podem começar sem mim. — Oh, espere um pouco, sua graça! — A jovem governanta pede, parando bem na minha frente, impedindo a minha passagem. E com um sorriso, a garota começa a ajeitar alguns detalhes do meu terno. Depois, atenciosamente ela mexe na gravata que eu julguei estar impecável. — Pronto! — Ela sibila, arrastando a palma da sua mão pelo meu peitoral. Contudo, percebo o vislumbre de um brilho sonhador em suas retinas quando ela ergue os meus olhos para os meus. — Não faça mais isso! — rosno um tanto frio, arrancando imediatamente o sorriso do jovem rosto e consequentemente apago o seu brilho também. — Me desculpe, sua graça! — Flora parece sem graça. — Eu não tive a intenção. — Ela se afasta de mim. No entanto, não seguro um olhar repreensivo. — Saia, Flora! — ordeno lhe dando as costas, porque não quero ter que ouvir as suas explicações. — É claro, sua graça! — Através do reflexo do espelho a observo curvar-se ligeiramente e logo ela sai do meu quarto, fechando a porta em seguida. Respiro fundo algumas vezes. Ainda não sei por que aceito esses seus acessos de abusos! A verdade, é que Flora é a filha da antiga governanta dos meus pais. E que ela foi criada praticamente junto as minhas irmãs, já que ela tem a mesma idade da minha irmã mais velha. E logo de Bridget, sua mãe se afastou dos seus afazeres, a filha assumiu o seu lugar. Devo dizer que ela é um desastre com as minhas irmãs, mas com a casa, a garota até que dá conta. — Sua graça! — Josephine, a mais velhas de minhas irmãs me cumprimenta assim que me vir descer as escadas. — Bom dia, querida irmã! — sibilo carinhosamente, beijando a sua testa e recebo um lindo sorriso seu em troca. — Recebi um convite para ir a uma peça com algumas amigas… — Não! — A corto bruscamente, porém, não rude e mesmo assim desmancho o vestígio de um sorriso que nem chegou a se abrir direito nos seus lábios. — Mas, Thomas… — Você não tem aula essa manhã, Josephine? — inquiro a interrompendo outra vez. Ela solta uma respiração consternada. — Eu posso faltar hoje? Só hoje, querido irmão, hã? — insiste com voz carinhosa, lançando-me um par de olhos pidões. — Não! — respondo taxativo dessa vez. Ela resmunga algo que eu não consigo ouvir e se retira. Que droga, preciso de alguém que as ponha nos seus devidos lugares, ou tudo irá ladeira abaixo! — Sua graça! — Bom dia, Alfred! Já podemos ir — falo com meu habitual tom sério, saindo de casa no mesmo instante.
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