O sol ainda não estava alto quando Ava e Filipe atravessaram a orla da floresta, caminhando lado a lado em silêncio. O vento balançava as copas das árvores suavemente, e os raios dourados filtravam-se por entre os galhos, criando sombras dançantes no chão coberto por folhas secas. Ava mantinha os olhos à frente, mas estava atenta a cada pequeno gesto de Filipe. Ela podia sentir — não com os sentidos normais, mas com algo mais profundo, mais antigo — que ele estava inquieto. “Filipe, sabe que posso sentir quando tem algo te incomodando... então diz de uma vez”, ela falou, com a voz firme, porém tranquila. Filipe a encarou por um instante e depois sorriu, um daqueles sorrisos tortos que escondem mais do que revelam. Era estranho: fazia poucos dias que conhecia Ava, e ainda assim... era com

