O colchão macio cedeu sob o peso do corpo de Ava, e por um instante, ela ficou apenas ali, deitada de lado, os olhos fixos no travesseiro que exalava o cheiro dele. Era um cheiro amadeirado, quente, com algo quase primitivo por trás. Tinha o perfume de terra molhada, de floresta densa e de lobo. Tinha o perfume de Gael. Respirar aquilo era como se mergulhasse nos braços dele — mesmo sem o ter ali. E aquilo a dilacerava. As mãos deslizaram pela colcha escura, arrastando um pouco do tecido amassado e puxando-o para si como se pudesse se aconchegar no dono daquele quarto. A cama de Gael estava bagunçada, ainda marcada por seus movimentos noturnos, e aquilo fazia a mente de Ava girar em espirais perigosas. Queria odiá-lo. Queria conseguir esquecer. Mas tudo ali — o cheiro, a sensação, o vazio

