A casa estava mergulhada em silêncio, quebrado apenas pelos sussurros suaves da magia que embalava os objetos. Frascos flutuavam com precisão, livros se empilhavam em caixas protegidas por runas, e roupas dançavam suavemente no ar antes de se dobrarem e acomodarem sozinhas em malas. A casa simples, mas bonita e confortável, parecia agora menor, sufocada pelas memórias e pela tensão que dominava o ar. Aron observava tudo com os braços cruzados, encostado à parede da sala. Os olhos, afiados e calculistas, não perdiam um único detalhe — nem do feitiço de embalagem, nem do rosto fechado de Biel, que ajudava mecanicamente, mas com o semblante carregado de frustração. "Vamos nos mudar amanhã", anunciou Aron, cortando o silêncio com a mesma firmeza com que conduzia qualquer ritual. "A nova casa

