FLÁVIA
Dias se passaram e até semanas e advinha quem não seguiu o meu pedido? O Dimitri.
Ele me seguiu por cada cidade.
Tive que falar com ele pra ver se ele parava.
Eu só sentei num barzinho no domingo a noite e esperei tomando o meu drink.
Ele não veio atrás de mim. Quero dizer, falar comigo. Ele meio que estava se escondendo. Mas eu sabia que ele viria pra ver aonde eu estava.
A minha relação com o Dimitri é um completo caos.
Até que a gente se dava "bem" antes, antes de ele me beijar pra conseguir informações da Olívia e também quando ele se precipitou no nosso resgate e a mulher atirou em mim.
Dimitri é impulsivo e tem um alto teor de idiotice circulante em seu corpo. Definitivamente não preciso disso na minha vida. Eu preciso de alguém que me apoie no meio dessa família escrota que eu tenho e ele ainda é um fantoche nas mãos dos pais. Se bem que eu ouvi boatos de que ele se tornou o subchefe. Mas isso não deve fazer muita diferença.
Tinha uma tv com câmeras bem ali atrás do balcão e eu vi quando o carro dele chegou, também vi ele saindo do carro e indo para uma das janelas do barzinho.
Típico do Dimitri.
Levantei do meu banco e saí do bar como se não tivesse o visto.
Fingi que ia pro meu carro e o peguei se escondendo de mim nos fundos do bar.
Eu fui lá, encontrar com esse péssimo espião.
— Ô, "homem invisível", eu já te vi. — apareci no fundo do bar, que aliás estava bem escuro e frio. Eu me abracei a mim mesma e ele colocou as mãos nos bolsos da calça, fazendo pose de quem não sabia do que eu estava falando.
— Eu ia mijar.
— Aham. Com as mãos nos bolsos... O primeiro p*u auto-suficiente de que ouço falar.
Ele segurou o riso. — Ok. Eu vim aqui, mas te vi e resolvi sair da sua linha de visão, já que você não quer me ver por perto. Aliás, que surpresa te ver por aqui!
— E por que não entrou no carro e foi embora quando me viu? Conta outra, Dimitri. Você anda me seguindo desde quando eu disse pra você não me seguir.
Ele pensa que me engana.
— Arg, tá bom, tá bom... Eu estou mesmo te seguindo porque eu disse que faria isso. Eu prometi. — ele se afastou da parede e deu passos na minha direção.
— Quando foi isso? Porque eu não me lembro.
— Sabe aquele momento em que você meteu o pé com o seu carro e me deixou falando sozinho? Então, foi ali naquele momento.
— E quando eu disse que não era pra você me seguir tenho certeza absoluta que você ouviu bem.
— Não ouvi. Eu estava distraído com a sua beleza.
— Ah, Dimitri! Sério que você vai aproveitar o momento pra me dar cantadas? Eu tô falando sério! Quando você me segue está ajudando o seu irmão a fazer o que quer comigo. É assim que você gosta de mim?! — eu tagarelei e só depois pude respirar e me toquei da minha última pergunta.
— É. É assim que eu gosto de você, Flávia. Eu tô há dias na estrada, dormindo em hoteis e contando mentiras pro louco do meu irmão pra ver se ele te deixa em paz e também pra ver se você está bem. Se você não entende isso ou sei lá, acha que eu tô te fazendo m*l, eu não ligo, vou continuar fazendo. — ele deu mais um passo para perto de mim e eu até fiquei sem palavras. O Dimitri falando grosso e todo autoritário me deixou surpresa.
Mas eu tinha que falar algo. É claro. Eu não vou abaixar a cabeça pro Dimitri, né! — Eu não mandei você fazer isso.
— Mas eu faço porque eu não suporto ver tudo acontecendo e não fazer nada.
— Já aconteceu muito mais coisas e você não fez nada, Dimitri. — o encarei nos olhos, assim como ele estava fazendo.
— Eu sei, mas estamos falando do agora, Flávia. Agora eu faço isso. Antes eu era um babaca, fantoche do meu pai e tudo mais, mas eu não sou mais assim. Eu mudei, de verdade e o cara de hoje jamais faria o que o antigo Dimitri fez. — ele segurou meu braço. — Eu tô dizendo, Flávia, quero me redimir por tudo o que aconteceu. Quero que a gente fique bem.
— Bem?
Ele balançou a cabeça. — Eu... Quero que a gente volte a ser como era antes. Gosto da sua companhia e ultimamente tudo é porre. Seu olhar de raiva me mata.
— Eu lanço pra matar mesmo... — disparei e logo em seguida suspirei pensando rápido. — Olha, você sabe, não é? Que a gente não pode ter nada. Nem dá certo. Somos primos e a nossa família é bem complicada. Aquele beijo nem devia ter acontecido. Eu posso pensar sobre a nossa relação de antes, mas eu não quero dar motivos pra que todo mundo me crucifique mais.
— Se você considerar o beijo... Que aliás eu não consigo esquecer e me der uma chance, eu te garanto que ninguém vai falar nada de você, porque eu não vou deixar. Na verdade, eu não vou deixar de qualquer forma, só pensa. — ele deslizou sua mão que segurava meu braço até a minha mão.
Eu não esperava ouvir isso do Dimitri. Ainda mais ele falando assim, com toda segurança. Parece um homem de verdade.
Conseguiu me afetar, mas eu sabia que por maior e mais confiante que fosse a sua promessa, ele não conseguiria cumprir. Não conseguiria evitar que falassem.
— Você mais do que ninguém sabe que essa promessa é impossível.
— Eu já vi muita coisa impossível sendo possível ultimamente. Se o Damon descongelou seu coração e a nossa família aceitou a Olívia, acho que é possível sim que o mesmo aconteça com a gente.
Ele tá muito esperançoso.
— Eu não sei não... — o negativismo continuava em mim.
— Deixa eu te dar mais um motivo pra pensar. — ele me puxou pela mão e agarrou a minha cintura, nos deixando cara a cara. Eu me arrepiei bem antes de ele começar a me beijar e depois foi o meu coração a mil e tudo tremia dentro da minha barriga também.
Quente, doce e macio. Era o que sentia no beijo e eu não queria que parasse.
Deixei todos os problemas de lado e me senti uma safada quando me dei conta que eu queria isso mesmo com tanta briga. Coloquei minhas mãos em seus ombros e ele abraçou minha cintura com os dois braços, me levando para a parede. Foi então que eu senti a pegada mesmo.
O jeito forte e quente que ele tem de me pegar me deixou rendida.
O primeiro beijo não foi bem assim. Só foi um beijinho no escuro. E bastou isso pra eu falar tudo a ele.
Óbvio que eu já sentia alguma coisa por ele naquele dia, porque a Flávia normal não se deixa levar dessa forma não.
E por um tempo eu esqueci quem ele era e me entreguei aos amassos e beijos.
Quando as coisas já estavam quentes de uma forma que se me desse mais um aperto eu ia pedir para ele fazer coisas comigo ali mesmo, foi que paramos e eu encarei seu rosto, ainda abraçados. Ambos ofegantes e excitados.
— Espero que isso sirva de motivo pra você pensar. — sussurrou encarando a minha boca mais uma vez e suspirou, depois soltou a minha cintura e então eu tirei as minhas mãos dele sem saber o que dizer.
Olha, o Dimitri tem pegada. Quem olha assim essa cara de gente safada que só se acha pensa que é só marra, mas ele faz jus a sua imagem.
— Eu vou voltar pro bar. Tenho que pagar a minha conta antes de ir. — me afastei da parede e desviei dele.
— Pensa, tá? Da próxima vez que a gente se encontrar eu quero a resposta. — ele pediu enquanto eu voltava para o bar.
Eu só olhei pra trás como resposta porque as palavras não saiam. Quando estava do outro lado toquei meus lábios e depois as minhas bochechas. Meu rosto estava tão quente...
Flávia do céu, o que você fez? E agora?
Ele me deu um motivo e tanto para pensar.