Dra Mia Narrando Quando ela chegou aqui, três dias atrás, eu quase perdi o fôlego. Não era uma paciente, era um fiapo de gente, um corpo reduzido ao limite da resistência humana. A pele queimada em pontos espalhados, cortes profundos que ainda sangravam, sujeira entranhada em cada poro misturada ao sangue seco. O cheiro de ferro e fumaça grudava nela como se tivesse atravessado o próprio inferno. E, de certa forma, tinha. Eu olhava para aqueles ferimentos e me perguntava, com o coração apertado: como alguém pode ter feito isso com outro ser humano? Que tipo de monstruosidade existe dentro de uma pessoa para torturar alguém assim, para apagar a dignidade de uma mulher até sobrar apenas dor? Cada marca no corpo dela era uma pergunta sem resposta, uma acusação silenciosa contra o mundo. R

