Calíope Narrando Entrei em casa com a perna meio bamba, sentindo o coração disparado como se tivesse corrido uma maratona sem nem sair do portão. Fechei a porta devagar, quase como se quisesse prolongar aquele segundo, e encostei as costas nela. Não entendi de verdade o que tinha acabado de acontecer. Quer dizer… entendi sim, mas parecia que meu cérebro se recusava a processar. Eu, Carol — ou Calíope pros meus leitores — que tinha subido o morro fugida de um desgraçado que tentou me bulinar… eu, que achava que minha história seria só mais uma entre tantas mulheres que se reinventam na marra… acabei de ter a boca tomada pelo Cérbero. Sim, o Cérbero. O cara que a maioria tem medo de encarar no olho, que não precisa levantar a voz pra fazer o ar pesar. Soltei uma risada curta, balançando

