cap 01 foi tudo a partir desse dia

678 Words
MANUELA . . . Eu: Por favor, tia, não me dá outro susto desse.- falo olhando ela dormir, dou um beijo na testa dela com os olhos cheios d'água.- Nós vamos Conseguir superar isso, Se Deus quiser.- saí do quarto fechando a porta bem devagar para não acordar ela. Sentei no sofá passando a mão pelo meu cabelo e deixando as lágrimas rolarem. Lembrei da cena que encontrei quando cheguei em casa, ela se afogando no próprio vômito. Dessa vez eu cheguei a tempo e se da próxima eu não chegar? Só queria voltar ao tempo em que eu era pequena e a tia me mimava, fazia um penteado diferente em mim todo dia, trabalhava, se cuidava, era um puta mulherão... Mas depois daquele dia ela nunca mais foi a mesma. Lembro como se fosse ontem, eu estava brincando de panelinha no chão da cozinha enquanto ela fazia o almoço até que nossa vizinha na época veio gritando desesperada pela minha tia. D. Vilma: Solange, Solange, corre aqui.- batia palmas, ela correu e eu fui atrás. Solange: O que aconteceu?- perguntou assustada. Dona Vilma não respondeu apenas colocou a mão na boca e apontou para o final da rua. A tia foi até lá me puxando pela mão, a partir daí tudo aconteceu em câmera lenta. Ela caiu de joelhos e abraçou o corpo do meu tio que estava com os olhos abertos. Não entendi no começo até que vi um furo na testa dele de onde saiu o sangue que formou uma poça em sua volta. Tia Sol gritava e chamava por Deus, eu vendo seu desespero comecei a chorar também. Nossos vizinhos tentavam puxar a tia de lá mas ela se agarrava mais ainda ao tio. D. Vilma: Vem, Manu. Sua titia agora vai ter que organizar umas coisas, vamos almoçar, você precisa comer.- me pegou no colo e levou de volta para casa. Só voltei a ver minha tia à noite. Seus olhos estavam inchados e o cabelo bagunçado. Solange: Obrigada, Dona Vilma por olhar ela. D. Vilma: Que isso querida, não foi nada. Olha, Deus sabe o que faz, não duvide disso. Espero que Ele conforte teu coração, vai ficar tudo bem.- D.vilma abraçou minha tia e antes de sair me deu um beijo na bochecha. Solange: Vem cá Ela .- me chamou pelo apelido que só ela dizia, fui para seu colo e ela ficou fazendo cafuné em mim.- Agora somos só nós duas, minha menina. Uma pela outra. De novo nossa família sofre na mão das pessoas que deveriam nos proteger mas com certeza o Tio Carlos deve tá com sua mãe cuidando da gente.- senti ela fungar e chorar.- Nós vamos superar mais esse obstáculo Ela, vamos sim. Bem que eu queria que isso tivesse acontecido mas a vida não é uma fábrica de realização de desejos. Ao contrário do que minha tia falou, ela só foi afundando cada vez mais. Primeiro foi o álcool, depois a maconha e agora a cocaína. Tive que começar a me virar s0zinha, nossos amigos se afastaram, afinal, quem gostaria de ter contato com uma drogada? Voltar da escola e encontrar a casa revirada, passar dias sem ter notícias dela, encontrar seu corpo desfalecido em algum lugar da casa virou rotina. Hoje em dia o único dinheiro que entra aqui em casa é o do meu trabalho, tenho que me redobrar para ir bem na escola e trabalhar numa sorveteria aqui do morro mesmo de noite. Não tenho tempo de ter uma adolescência normal mas nem faço questão, não vejo graça em ir nos bailes e ficar com vários ou ficar correndo atrás dos tráficas. Até já namorei, o nome dele era Luiz, ficamos juntos durante um ano, foi com ele que perdi meu bv mas não passamos da fase dos beijos. Agora só as noites de filme regadas à besteiras com minha melhor e única amiga Luana me bastam.A vida não está sendo fácil mas tenho fé em Deus que um dia vai melhorar, aos poucos as coisas entram no eixo. . . .
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