E olhando aqueles grandes olhos escuros, aquele olhar que parecia me hipnotizar, e pelo qual eu havia me apaixonado, eu desejei perder o meu BV com ele, porém no momento que eu estava prestes a dizer que sim, surgiu o Jeferson um amigo nosso da nossa idade, nos chamando para ficar com ele na nossa rua, pois já havia parado de chover, e até estava surgindo um sol, porque o tempo aqui no Sul é assim, muda em questão de segundos.
Que escolha? Fomos nós três jogar futebol, e como era de se esperar, tudo voltou a ser o que era antes, não deu um minuto para que Victor voltasse a me xingar como antigamente. Tinha um pingo de esperança que com aquilo as coisas mudassem, mas não mudaram, não nesse momento...
E naquela mesma noite, eu me deitei para dormir, mas um milhão de coisas invadiram os meus pensamentos, e todas envolviam o Victor, é claro. Me virava de um lado, me virava de outro, queria encontrar o sono, mas aquela lembrança dele pedindo pra ficar comigo não saia da minha cabeça, então eu desisti de tentar dormir, e comecei a imaginar como teria sido se o Jeferson não tivesse chegado pra atrapalhar tudo, fiquei imaginando como seria o gosto do beijo do Victor, e se depois da primeira vez, teriam outras vezes, e aí já eram mais um milhão de perguntas sem respostas. Mas até quando eu teria que aguentar aquelas duvidas que pareciam que a cada dia se multiplicavam mais e mais. Mas, a pergunta que não queria calar era ´´ será que algum dia eu vou fazer ele sentir por mim tudo o que eu sinto por ele? Será que um dia ele se apaixonará por mim?´´
Os dias foram se passando, fiquei algum tempo sem ver ele, queria pôr em ordem os meus pensamentos, entender direito tudo o que eu estava sentindo, o que estava acontecendo dentro de mim, só que quanto mais eu tentava pensar que eu não podia pensar nele, mas nele que eu pensava, e novamente mais uma pergunta sem resposta ´´como fazer pra ele sair da minha cabeça, sendo que ele não saia do meu coração?´´
Passado uma semana eu resolvi ir pedir conselhos a uma amiga, a Joanna, que era um ano mais nova que eu, mas parecia entender muito bem do assunto, contei pra ela que eu estava apaixonada pelo Victor, mas ela não conseguia entender como eu era a fim de um ogro (sem ofender o Shreck, que do lado do Victor, era um amor), ela pensou que eu estava louca, e me recomendou um psiquiatra, lembro que ela me disse:
- Se você tivesse a fim do Jeferson eu entenderia, se você gostasse do Fabricio (um garoto da nossa rua), eu iria achar estranho mas eu entenderia, agora se você fosse a fim do Fabiano (nosso vizinho), eu acharia que você tem problemas de visão, porque ele é escroto, mas eu até entenderia, agora você se apaixonar pelo Victor, eu juro que eu não entendo. Na boa, o que você viu nele? Ele pode ser bonitinho (pra mim ele era lindo), mas não é nenhum príncipe encantado, ele é sem graça, insuportável, e tem umas brincadeiras nojentas, e não está nem aí pra ti, afinal, por que raios você gosta dele? Quer um conselho? Procura um psiquiatra que o seu caso é grave, você veio a pessoa errada, pois eu não faço milagres.
Até hoje eu não entendo como uma garota que recém havia feito 12 anos me disse tudo aquilo, e de uma certa forma ela tinha razão, porque o Victor não fazia o tipo cara ´´namorável´´. Mas eu gostava dele, o que eu podia fazer? Tentar esquecer, não tinha dado muito certo, então só me restava conviver com esse sentimento, e me conformar com o pouco que eu recebia dele, que para mim, já era muito.
Hoje, mais velha, eu jamais deixaria um cara me tratar assim, e certamente me afastaria de caras assim, mas naquela época eu não pensava assim, e ainda bem, pois um bom tempo depois as coisas começaram a mudar entre a gente.