Capítulo Um

734 Words
THIAGO Tava na laje olhando para a comunidade que eu ajudei a crescer, porque sem mim, os moradores não seriam p***a nenhuma e não teriam nada. Algumas pessoas vêem traficante como o destruidor de sonhos, terror do morro e o que destrói as pessoas da favela, mas é exatamente o contrário, a gente é o que mantém tudo isso daqui progredindo ou caso contrário, tava geral passando fome e sem perspectiva de vida. Agora eles tem celular, internet, tv a cabo e o c*****o a quatro em casa... Os que não tem são por serem uns inúteis que ficam encostados nos outros, porque tudo que se vende aqui dentro gera dinheiro, já vi até umas minas vendendo roupas de grife e não é tão raro ver algum morador ostentando um iPhone. Sem contar a segurança aqui dentro, não tem roubo, não tem estupro e até talaricagem é proibido ou é porrada na certa, porque alguém tem que proteger os cornos ou daqui a pouco eles não passam nem na porta por causa do tamanho dos chifres. Coitados. — Tu viu quem chegou pra morar aqui? - BG pergunta e eu resolvo fingir que não e balanço a cabeça negativamente. — A filha da tua irmã! Pense numa novinha gostosa. - meu amigo comenta e eu reviro os olhos. — É, deve ser p**a igual a mãe! — Tu nunca vai superar o fato dela ter escolhido a vida no asfalto ao invés de ficar com a família na favela, né? - o filho da p**a pergunta rindo e eu só lanço um olhar com ódio na sua direção. — Mas falando sério, esquece isso, porque ela já morreu. — Antes tarde do que nunca... - deixo frase no ar e caminho até a escada e desço os degraus com calma. Pelos meus cálculos e pelo que os vizinhos comentaram, a garota tem dezesseis anos atualmente e sinto muito que ela perdeu a mãe e o pai juntos, mas a verdade é que não tô muito triste com a situação. A vagabunda largou a própria família por um playboy, porque tinha medo de virar mulher de traficante igual a nossa mãe e todo um mimimi da p***a e no final, o cara todo certinho foi quem matou ela. Tá em todos os jornais brasileiros, de norte a sul do país, que um empresário rico matou a esposa depois de ter jogado ela da cobertura de um prédio de luxo. Ainda falam que só mulher de bandido que sofre, como se relacionamento abusivo ou feminicídio fosse uma exclusividade de gente da favela. Peguei minha moto e fui direto para a minha casa, porque tinha passado a noite acordado fazendo um corre e queria descansar. Ao chegar em casa, notei um perfume estranho, meio doce e enjoativo, mas pensei que fosse de alguma vagabunda que comi nas noites passadas, então ignorei e subi, mas quando entro no meu quarto, me deparo com uma menina vestida apenas com uma toalha e ela grita igual uma louca quando me ver como se estivesse com medo que eu machucasse ela. — Tu invade a minha casa? E ainda grita? - pergunto alto e a garota quase começa a chorar na minha frente. — Quem é você, p***a? — Ana Luíza. Sua sobrinha. - ela responde claramente nervosa. — O que tu faz aqui? — A vovó teve que viajar de última hora e disse que eu tinha que ficar com você. — Quê? Ela não me falou nada. — Você pode ligar para ela e perguntar. - a tal Ana Luíza fala e segura forte a toalha no seu corpo com medo que caísse. Pego meu celular e vejo que tem mais de oitenta chamadas não atendidas da minha mãe e várias mensagens. — Eu devo ter deixado no silencioso sem querer. - explico e a encaro. — Olha, tu pode ficar aqui, mas esse quarto é meu. — Eu sei. Me desculpa, mas eu precisava tomar um banho e tinha uma barata enorme no outro banheiro, então achei que não teria problema me banhar aqui. — Achou errado, Ana Luíza. Não gosto que as pessoas invadam meu espaço pessoal. — Me desculpa.- ela pede e sai rapidamente do cômodo. O que a minha mãe tem na cabeça de me deixar cuidando de uma menina de dezesseis anos? Eu m*l sei cuidar de mim, imagina cuidar dos filhos dos outros.
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