Zoe
- Podem sair todos, acabou a hierarquia adolescente de vocês! - Falei gritando enquanto tentava colocar todos para fora da minha casa. Que inrresponsabilidade do Caio, fazer algo tão imprudente na casa dos próprios pais.
Engoli a seco ao pensar nas consequências que eu teria que lhe dar depois com esse garoto problemático.
Mia desligou o som colocando algumas pessoas para fora, eu poderia estar fazendo parte deste momento rebelde? Poderia. Mas acho que a minha personalidade era forte demais pra entender que certas coisas não deveriam acontecer.
- Por que você está na festa do Caio? - Perguntou um garoto aleatório, que provavelmente deveria fazer parte da mesma personalidade fútil do Caio.
- Eu moro aqui! - Respondi cruzando os braços.
Então como se fosse uma surpresa, o belo garoto aleatório perguntou se eu era a namorada de Caio. Senti meu estômago embrulhar, só em apenas pensar que aquele hetero top poderia ser meu namorado. Na verdade não haveria mínimas chances se quer. Nem agora e nem nunca!
- Vão embora, anda!
- Calma irritadinha, já estamos indo! - Falou ele levantando as mãos, como se tivesse cometido algum crime abominável.
Mia desligou a música, e com reclamações à solta, todos que antes tinham deixado minha casa de cabeça para baixo... Agora estavam na rua. Soltei um ar pesado assim que percebi que não havia mais ninguém em minha casa, apenas eu, Mia e Caio.
Olhei ao redor, com o meu corpo doendo antes mesmo de começar a limpar essa sujeira detestável.
- Você quer ajuda pra limpar isso? - Perguntou Mia.
Me senti m*l por tê-la que tirar de seu aposento apenas para me desamarrar de uma cadeira. E ainda expulsar a "metade do colégio" pra fora da minha casa. Provavelmente serei odiada eternamente.
- Você já fez até demais Mia. Se quiser pode ir para a casa.
Ela sorriu sincero e disse:
- Eu me disponho a te ajudar.
Sem exitar, respondi ela apenas com um sorriso de agradecimento. Então, peguei os equipamentos de limpezas e começamos a limpar toda aquela bagunça, eu poderia certamente subir as escadas e gritar horrores com o Caio, para que ele ao menos nos ajudasse, mas o meu nível de estresse estava tão grande, que sutilmente eu poderia acabar fazendo alguma besteira contra ele.
Até que eu estava distraída demais limpando aquela bagunça e começando a conversar com a Mia, sobre coisas aleatórias... Como se estivéssemos nos conhecendo mais.
- Entendo, espero ter a oportunidade de conhecer a sua mãe. Ela parece ser incrível. - Disse Mia enquanto varria a sala.
- Sim, ela é basicamente o meu mundo, dificilmente encontramos adolescentes que se dão bem com os pais, mas ela... É diferente, é como se fossemos melhores amigas, sinto que posso contar tudo para ela sem ser julgada.
- Realmente tem pessoas que merecem ser mães. - Ela falou com a voz fraca, não sei ao certo se foi impressão minha, mas sua expressão havia mudado assim que falou isso.
Mordi os lábios me sentindo curiosa, mas até os meus pensamentos fora interrompidos assim que o Caio surgiu na escada.
- Aí minha cabeça, p***a. - vindicou-se.
- "Aí a minha cabeça?" - Imitei sua fala. - Olha ao redor Caio! - Tentei dar uma lição de moral enquanto ele tentava abrir os olhos para enxergar ao redor. - Eu sei que não faz tanto tempo que eu cheguei, mas você não pode achar que está na autoridade! Quer tanto ser um homem maduro mas faz uma festa i****a dessas!
Caio desceu as escadas, me encarando.
- Quebraram até o vaso caríssimo da Olívia.
- Aposto que ela tem condições o bastante para comprar outro.
Soltei o ar irritada, porém respirei fundo tentando manter o meu equilíbrio dos chakras. Estou quase indo para o meu quarto meditar.
- Okay Caio. Faça o que quiser.
Virei as costas para ele, junto com a Mia e fomos limpar a cozinha. Eu precisava falar com a minha mãe urgentemente, ela é a única pessoa que me entende e sabe dar conselhos bons.
- Mia... Acho que você já ajudou demais, eu estou bem cansada e só quero ligar para a minha mãe e dormir.
Minha percebeu a tristeza em minhas falas.
- O Caio é realmente difícil Zoe, mas eu tenho uma leve intuição que o seu jeito persistente possa ajudá-lo ser alguém melhor. Logo ele vai parar com essas birras de garoto b****a okay? Descanse e amanhã será um novo dia.
A leveza em suas palavras até me acalmaram, então retribui novamente com um sorriso.
- Obrigada por me ajudar tanto Mia.
- Não é nada. Acho melhor eu ir para casa.
- Quer um uber?
- Não, até que é perto, vou indo de vagar.
- Okay, só tome cuidado. - Respondi dando um abraço de despedida.
Então Mia foi para casa, sobrando apenas eu e aquele psicopata. Fui para os fundo da casa, a área que tinha piscina, e liguei para a minha mãe.
Eu: Alô? Mãe?
Mãe: Filha? O que houve ? Por que está com a voz de choro?
Eu: Eu quero ir para o Brasil de volta mãe, eu quero ficar com você, eu não aguento mais esse Caio. Você acredita que o papai saiu de viagem e me deixou sozinha com ele? Esse maluco deu uma festa e encheu a casa de gente! Depois me amarrou dentro do quarto e...
Mãe: Calma, calma Zoe. Não chora, vai ficar tudo bem... Lembra? Me conte direito está história minha menina.
Limpei o choro indo até a beirada da piscina e colocando os pés na água, enquanto conversava com ela. Basicamente passei a noite conversando o como andava me sentindo sem ela por perto e o quanto sua companhia me fazia se sentir melhor todos os dias.
Minha mãe era realmente um ser de luz, sempre foi calma e boa em dar conselhos... Ela até era reikiana. Acho que é assim que fala, ? é uma técnica considerada como terapia integrativa, em que o terapeuta estende suas mãos sob partes do corpo do paciente para canalizar energia vital universal, a fim de restaurar o equilíbrio físico, regularizar suas funções vitais e equilibrar o campo mental e emocional da pessoa.
Ela vivia fazendo isso comigo pra me deixar bem. Mas desde que cheguei aqui parece que minha energia virou um Caos.
Mãe: Entende filha? Tudo irá ficar bem... Você tem que se acustumar com as personalidades fortes ao seu redor. Nem todos entenderão o seu jeito simples.
Me senti melhor ao ouvir suas palavras. Eu não posso desistir agora, de tudo.
- Quando vou te ver novamente?
- Não sei ainda, estou pensando em voltar para Nova York para ficar perto de você novamente.
Abri um sorriso com as suas palavras.
-Sério? Por favor mãe! Eu não vejo a hora.
- Claro meu amor, irei voltar assim que possível.
Foi como se suas palavras fossem fazer o meu coração explodir de felicidade. Pensar em que eu poderia ter noites ao lado da minha mãe novamente e saber que eu poderia abraça-la, era enlevo.
Tirei os pés da piscina e continuei conversando mais alguns minutos com a minha mãe. Então logo depois de uma curta conversa em minutos, levantei-me do chão e fui para dentro de casa, ainda observando um pouco da bagunça que havia sobrado.
Está certo que minha sanidade mental havia sumido hoje, mas até que organizar a casa não era tão estressando, mas se eu parasse para apenas lembrar do motivo, me deixava em um estado terrível de raiva.
Mordi os lábios, havia passado um tempo e eu já havia lavado toda a louça, limpado o chão e jogado todas as bebidas fora. Me deitei no sofá, respirando fundo e com dor nas costas quando vi atrás de mim o Caio me observando.
Ele se sentou no outro sofá da sala e ficou me encarando. Senti as minhas bochechas corarem, uma das coisas que eu menos suportava era olhares sobre mim, independente da pessoa.
- Por que está me olhando? - Perguntei.
- Estou impressionado como deu conta dessa casa.
- Bom, alguém teve que limpar suas "sujeiras" não é? - Respondi fria.
Era nítido sua embriaguez ainda estampado em seus olhos castanhos e sua buchecha avermelhada devido tanta bebida.
- Sabe uma coisa que ainda está me incomodando? - Ele perguntou fuzilando os seus olhos nos meus. Me mantive calada, porque quanto mais eu respondia, parecia que iria pior qualquer situação avassaladora dentro daquele ambiente. - Me incomoda o fato de você ter me feito de palhaço para a escola inteira, de ter acabado com a minha festa! E ficar aí sentada parada como se fosse a menina mais inocente e certinha do mundo.
- Eu acho é que você está exagerando, não comprendo a sua forma de me tratar, eu nunca...
- Por isso eu decidi que... - Ele me interrompeu. - Que você irá me obedecer, em relação a tudo.
Senti minha saliva descer pela garganta.
- Como é?
- E se não obedecer terá mais um castigo.