Por muito tempo lutei contra mim mesmo. Por muito tempo eu sabia que não era um indivíduo comum, partícipe daquele grupo que frequenta bares, praças, boates, festas e bailes de caridade. Eu não era assim. Vivi alheio ao mundo exterior, aproveitando ao máximo o silêncio e a penumbra de meu quarto. Li tantos livros que não os recordo totalmente, e ainda sinto que não li tantos quanto eu gostaria. Havia tanta vida dentro daquelas quatro paredes quanto há ao seu redor, do lado de fora. Tentei diversas vezes persuadir-me da infeliz necessidade da reclusão. Procurei psicólogos, videntes, cartomantes e amigos. Mas nada puderam fazer. Eu estava metido num estado mental confuso e introvertido. Para mim, tudo não passava de uma mera opção de passar a vida. Há tantas pessoas que bebem, dançam, forn

