Capítulo 4

1552 Words
Alec Beaumont    Mal posso acreditar no que está acontecendo, acho que eu estou sonhando, só pode ser isso, Igor me deu um emprego, ele me deu algo pelo que lutar. Não vou precisar economizar o pouco que ganho aqui onde trabalho, pois m*l dava para uma única refeição, e não vou precisar mais morar aqui, que por mais que eu limpe o fedor preso nessas paredes não somem, nem o colchão sujo a qual eu durmo, eu vou ter um quarto e uma cama, meu Deus, como sou sortudo, m*l posso conter as lágrimas felizes que caem por meu rosto. Mas eu as enxugo e continuo a juntar as poucas coisas que tenho aqui, que são as roupas que tenho e alguns poucos livros que eu consegui pegar quando estavam na doação. Guardo tudo na mochila que tenho e cabe perfeitamente ali dentro, já que não tenho muita coisa. E além de ter onde morar vou poder conviver sempre rodeado de crianças, eu não poderia ter mais sorte que isso. Antes de tudo isso acontecer, meu sonho era me formar e lecionar nas grandes faculdades fora do país, pois desde meus cinco anos eu tive aulas de inglês, e outro sonho meu era morar fora do país, mas a vida deu um jeito engraçado de me dizer que aquilo não era para mim, pode ter acontecido coisas muito ruins, dolorosas na verdade, pois meus pais me abandonaram quando eu mais precisei, eu pensei que estava perdido, mas na verdade eu estou me encontrado, descobrindo um Alec melhor, um Alec que merece ser amado de verdade. Pois na maioria das vezes eu era um escroto com algumas pessoas, e agora vejo que eu fui um completo i****a, e então a vida voltou a sorrir para me novamente. Não vejo a hora de trabalhar com aquelas crianças, e quero ganhar um dinheiro bom, pois quero retomar a minha faculdade, quero ser um professor, mas desta vez escolherei um caminho completamente diferente do que antes eu tinha pensado desejar. Escuto umas batidas na porta e logo vou ver quem é, e quando abro me deparo com Vivian, ela é uma amiga que conheci a pouco tempo, mas que já a considero uma irmã. Nos conhecemos por acaso, ela trabalha como garçonete num café aqui na esquina, e um dia eu quase entrava numa fria, pois não tinha dinheiro o suficiente para pagar o que eu comi, mas então ela me estendeu a mão e me ajudou, e sempre que vou lá no café ela me ajuda a pagar a conta, o que fica bem apertado para ela, pois ela tem uma filha para alimentar, é uma mãe solo maravilhosa, nunca deixa nada faltar para a sua pequena de quase 4 anos, e muitas vezes ela me pagava para que eu tomasse conta da menina, era uma ajuda e tanto para ela que antes trabalhava em dois empregos tanto para mim que conseguia um dinheirinho a mais, só que ela foi despedida do segundo emprego, não pode mais me pagar e agora deixava a filha numa creche que era de graça para mães e pais que não tem boas condições, e eu não fiquei chateado, eu entendi perfeitamente o lado dela. A filha dela vem em primeiro lugar, por mais que seu coração bom fique apertado por me vê nessa situação. Ela me abraça apertado e deixa um beijo em minha bochecha. - Oi meu lindo. Estava tentando falar com você a muito tempo, por onde andou durante esses meses. - Fala, e vai entrando no pequeno espaço. -Eu estava indo com mais frequência a um orfanato. - Ela se senta numa cadeira um pouco acabada e me olha, sorrindo. - Melissa sente sua falta, ela não para de chamar seu nome. Queria muito que você continuasse a tomar conta dela. - Ela faz uma carinha triste, Vivian é uma mulher muita linda, pele morena, cabelos cacheados e uns olhos tão castanhos quase mel, essa carinha triste não combina com minha amiga. - Não fica assim Vivian, eu também sinto falta de cuidar de Melissa, eu a amo muito. E olha, - Me abaixo a sua frente e seguro suas mãos nas minhas, lhe dirigindo um sorriso grande e sincero. - Eu consegui um emprego muito melhor que aqui, e ainda vou poder dormir lá, não precisa mais se preocupar amiga. - Ela me olha, seus olhos brilhando de felicidade. - Está falando sério? - Ela pergunta duvidosa, acho que ela está com medo de que eu apenas esteja dizendo isso para vê-la bem. - Nunca mentiria para você, sabe o orfanato que eu estava indo? - Ela acena com a cabeça. - O dono dele me contratou para o ajudar com os assuntos de lá, e fora isso eu ainda vou cuidar das crianças, é o emprego perfeito para mim, sinto que minha vida vai mudar para sempre. Ela me abraça apertado e solta um grito feliz. -Ah que bom amigo, isso está tirando um peso das minhas costas. Estava me sentindo m*l por saber que você ia ter que viver mais tempo aqui. E o jeito que você falou...seus olhos brilharam de uma forma tão intensa, como nunca vi antes, isso está mesmo te fazendo bem. - Sorrio com suas palavras, isso está mesmo me fazendo bem, uma sensação tão boa me invade ao pensar naquele lugar, é como se ele marcasse um recomeço feliz para mim. - Se você está tão radiante assim apenas porque foi contratado imagina só quando começar o trabalho. - Ela aperta minhas bochechas. - Me fala sobre seu chefe. Ele é um velho barrigudo? - Acabo rindo com seu comentário, se ele tivesse visto Igor, ela não estaria dizendo tamanha bobagem. - Você está muito errada, ele é muito jovem e sarado, deu para perceber pelos ternos colados que ele vestia. - Me pego imaginando toda a sua postura enquanto falava comigo, uma coisa é certa, meu chefe é muito gostoso. - Que brilho foi esse nesses olhos? Você está apaixonado pelo seu chefe? - Ela gargalha alto e me olha com malicia nos olhos. Quase engasgo com minhas palavras. - Vo... Você está maluca, não sou maluco de me apaixonar pelo meu chefe, não vou estragar tudo assim, e tem mais, não quero passar por tudo que já passei mais uma vez. Não daria certo de qualquer jeito, ele nunca olharia para mim. - Vivian solta um longo suspiro. -Você tem que parar de achar que todos vão fazer com você o que o seu ex-namorado fez. E agora você está livre do poço de merda que eram seus pais. Então não deixe que eles ditem mais a sua vida, você é livre para amar quem você quiser. - Fico ali martelando tudo que acabei de escutar, mas...não tem por que eu estar pensando nisso, não vou mentir, eu achei Igor um homem maravilhoso, gentil e lindo, mais que lindo, mas só isso, não tem como ser mais. Acho que nunca vou conseguir amar de novo. Então não tem por que eu estar pensando em abrir meu coração para ele, eu nem mesmo sei se ele gosta de homens. Saio dos meus pensamentos e solto um resmungo de dor quando Vivian aperta forte minha bochecha direita. - Tá maluca? - Falo olhando para ela que cruza os braços em minha direção. - Você estava fazendo aquela coisa irritante do novo, mordendo a bochecha por dentro, você vai acabar comendo toda ela. Seu nojento. - A olho irritado, fazer o que se quando penso demais ou fico nervoso começo a mastigar a carne interna da minha bochecha? - Não posso fazer nada sua grossa. - Falo fazendo bico. -Manhoso. - Ela beija minha bochecha e deixa um peteleco na mesma, e solto um "Ai" levando minha mão ao lugar. - Até mais bebezinho. - Lhe mostro a língua e ela devolve com seu dedo do meio, sumindo pela porta. Fico ali parado olhando a madeira suja da porta, meus pensamentos longe, na dor que eu senti quando cheguei na faculdade e quase todos me olhavam com nojo, como se eu fosse o maior pecador do mundo. Estava feliz, tinha passado uma noite maravilhosa ao lado do homem que eu pensei que me amava, eu achava que ele era meu final feliz. Tinha confiado nele, me entregado, mas ainda está vivo em minhas lembranças o sorriso dele ao ver eu ser humilhado na frente de todos. Aquele sorriso c***l, nunca vou ser capaz de esquecer. Ele partiu meu coração, me usou e me jogou fora e ainda fez questão de espalhar tudo para todos, e qual a minha surpresa quando no grupo da escola foi postado um vídeo, lá estava eu sendo exposto para milhões de pessoas, eu senti tanto nojo de mim, de me ver ali, me entregando para ele pensando que aquilo era amor, mas tudo não passou de um plano i****a para comer o carinha que era o mais rico da faculdade. Eu devia ter desconfiado de tudo quando ele me cantou pela primeira vez. Mas pelo menos para alguma coisa meu pai serviu, ele conseguiu apagar todos os vídeos meus que andava circulando. O vídeo foi apagado, mas a dor, o coração quebrado e a humilhação não, tudo ainda continua vivo nas minhas piores lembranças. 
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD