Aquela garagem no Brooklyn parecia abandonada há séculos. Fedia a óleo queimado, mofo e a desespero. Tinha cheiro de tudo que eu queria esquecer, mas sempre acabava voltando. Um buraco onde ninguém olha, onde ninguém se importa. Lugar perfeito pra encontrar um homem como Glauco. Ele estava encostado num carro coberto por uma lona rasgada, mascando alguma coisa com a boca aberta. Quando me viu, abriu aquele sorriso torto e debochado que eu odiava — e que já amei um dia. — Até que enfim, hein, boneca — disse, com aquele tom entre sarcástico e ameaçador. — Achei que ia fugir de novo. Eu não respondi. Só tirei o envelope da bolsa e estendi pra ele. Um maço de notas, suadas, contadas uma por uma. Cada centavo arrancado com esforço... e vergonha. — Aqui. Tem cinco mil. Como você pediu. Ele

