Hoje é um dia ensolarado, o jardim tinha grandes árvores e uma enorme piscina, que nunca entrei.
Harry é o empregado mor, um tipo de governanta, mas não diga isso a ele. O mesmo manda em todos os outros aqui e mantém tudo do jeito que Derick gosta. Segundo Harry, uma mulher de classe não gasta seu tempo em piscinas ou no jardim, mas o problema é que eu tenho tempo de sobra. Sinto que a casa é liderada por ele, até eu.
Hoje Harry pediu que eu me vestisse bem para o almoço, não via necessidade disso, mas prefiro evitar. Meu guarda-roupas só tem vestidos. Não que eu não goste de vestidos, só acho que nenhum desses vestidos combinem comigo.
Escolhi um vestido claro com franginhas nas barras e mangas, era sem decotes e não marcava meu corpo. Completamente sem graça. Calcei um solto bege e me encaminhei para a sala de jantar.
>>**ê-lo em casa nesse horário, ou em qualquer horário. Meu esposo se levantou e caminhou até mim.
- Boa tarde querida.- Disse enquanto pegava minha mão e levava aos lábios, deixando um casto beijo.- Está linda como sempre.- Seus olhos me avaliavam profundamente.
- Boa tarde.
- Venha sentar-se comigo, temos assuntos a tratar.- Me encaminhou até a cadeira ao lado da sua e puxou a mesma para que eu pudesse sentar.
A minha frente estava a revista, e logo notava-se o título bem grande e em letras maiúsculas "FARÇA BOCH".
- Como já percebeu a revista, peço que abra ela na página 25.- O fiz sem questionar ou olhá-lo.
Assim que abri a revista na página, a mesma estava estampada com algumas fotos dele sozinho e acompanhado de uns homens e mulheres que não conhecia, nada revelador aparente. Até que li o que dizia na página.
"Como o grande Derick Boch pode esconder sua esposa por tanto tempo da mídia? "
'Esse homem que todos só conhecem o trabalho, adora fazer mistério sobre sua vida pessoal, mas descobrimos recentemente, por fontes seguras próximas do mesmo, que essa história de casamento é mentira. Como um grande empresário se presta a esse papel de mentir? O que ele ganhou com isso? Além de fechar grandes negócios por parecer ser responsável e de família. E isso conquistou muitos investidores para suas empresas. Mas tudo não passa de uma grande mentira. Um casamento forjado pra que sempre esteja em alta na mídia Californiana. Um homem com seus já 28 anos formados, fazendo mentiras igual crianças.
Espero que agora todos vejam quem é Boch. Um homem que não se pode confiar, temos sempre que ficar com o pé atrás. O que esse homem não faz pôr dinheiro? '
Matéria de Juan Bolinares
(Jornalista Chefe)
Então esse era o motivo ao qual ele veio pra casa mais cedo. Já sabia que Derick não deixaria passar essa ofensa a ele e seu nome. Só não sabia onde me encaixava nos seus próximos passos.
- Fará algo a respeito da notícia? - Perguntei baixo o olhando. Seus olhos estavam mais claros do que eu me lembro, sua barba bem aparada e cabelos presos.
- É claro. - Bebeu o vinho em uma taça que não notará antes.- Mas preciso saber se está de acordo, não irei força-la a nada. - Seus olhos pareciam de águia, olhavam tudo o que estava exposto da mesa até meus cabelos presos em um coque.
- E o que pretende?
- Quero que sejamos um casal, mas tentarmos termos uma relação, já que não fazemos isso desde que iniciamos o casamento. Com direito a...- Foi interrompido por Harry, que até então, estava no canto da sala em silêncio.
-Olha senhor, ela ainda não está a sua altura para aparecer na sociedade ao seu lado.- Derick o encarava nada feliz por ser interrompido.- Ela ainda não sabe nem se vestir devidamente. É apenas uma menininha tola e...
- Espero que nada mais saia da sua boca.- Sua voz saiu grosseira.
- Mas senhor...
- Você não tem o direito de falar nada aqui.- Ralhou Derick.- A menos que queira ser demitido, peça desculpas a sua patroa, agora mesmo.
- Desculpe-me senhora Boch. - Falou entre dentes. Sua face estava vermelha como nunca esteve antes.
- Se ela não sabe algo, foi por incompetência sua, já que está recebendo pra isso. Então não...- o interrompi.
- Eu... eu fiz aula de etiqueta.- falei com vergonha e esperando ganhar um esporro por interrompê-lo.
- Viu só.- Sorriu grandioso. Seu sorriso era lindo. Harry se retirou da sala com sua cabeça erguida, mas sabíamos que estava com o seu grande ego abalado.- Quero levá-la a um passeio assim que possível.
- Tudo bem.
- Já que não serei mais interrompido por terceiros.- Disse com seriedade.- Quero deixar claro como será nossa relação. É para tentarmos de verdade, pelo menos a ser amigos, já que precisaremos manter as aparências até aqui dentro.- Assenti concordando, podíamos tentar fazer dar certo.- Vou tratar-lhe bem e com respeito. E não á trairei, como não o fiz nesses 1 ano. Tudo bem pra você?
- Bom... eu nunca namorei ou me relacionei com homens.- Revelei com vergonha.- Meus pais não permitiam.
- Okay. Iremos fazer tudo com calma, vamos começar com o básico pra ninguém desconfiar. Apenas beijos e carinhos.- Minhas bochechas esquentaram, mas parecia que pra ele era algo normal. Já que ele estava estipulando tudo o que queria, pensei que pudesse pedir algo também.
- Queria pedir algo...- ele disse um rápido sim.- Vou poder sair de casa mais vezes e ter um cartão de crédito?- Soltou um sorriso presunçoso.
- Pensei que já tivesse um cartão.- Bebeu um gole do seu vinho enquanto me olhava.
- Nunca me deram um.- Dei de ombros.
- Poderá sair e terá seu cartão em breve.- Segurou minha mão em cima da mesa e fez carinho.- Uma das coisas que precisarei de ti, será filhos. Tem pessoas que me cobram isso. Precisarei de herdeiros legítimos.
- E só quer filhos por que as pessoas estão cobrando? - O carinho que fazia em minha mão era gostoso, mas ainda estava estranho toda aquela aproximação.- Eu sempre gostei de crianças, mesmo não tendo tanto contatos com elas.
- Posso trazer minha irmãzinha aqui, irá gostar dela. - Percebi que ignorou minha pergunta.
- Eu iria adorar.- Sorri verdadeiramente, talvez pela primeira vez em tanto tempo.
>***ço ocorreu divertido , devo dizer. Algo totalmente diferente do comum. Derick é um homem mandão, então acaba querendo mandar até na quantidade de comida que tinha no meu prato, dizia que estava comendo muito pouco.
Talvez eu estivesse sendo burra em dar uma chance ao nosso casamento, talvez seja a maior burrada. Mas se já estou em tudo isso a tempos, não adianta fugir nessa altura do campeonato. E eu acho que mereço ser feliz, ou pelo menos tentar, não tenho nada a perder mesmo.
Depois de almoçarmos, Derick disse que tinha algumas coisas pra resolver no escritório, já eu, decidi passar meu tempo desenhando na varanda do meu quarto. A luz do fim da tarde, iluminava o jardim e o deixava lindo com os raios alaranjados vindo do grande céu.
Me inspirei naquela iluminação natural para fazer meu croqui. Estava criando um vestido longo, com uma grande fenda e um decote, escolhi a cor amarela, fico bem de amarelo e gostaria de poder vesti-lo um dia.
Estava distraída, mas acabei ouvindo o barulho de passos pelo quarto, me fazendo fechar rapidamente meu velho caderno e o esconder em um canto com os lápis. Assim que me virei, dei de cara com Derick se sentando na beira da cama enquanto me olhava. Ele vestida uma calça de moletom junto a uma camisa branca lisa, seus cabelos estavam soltos, lhe deixando com o ar mais descontraído. Meu esposo me chamou com sua mão para que me sentasse em seu colo. Me levantei e andei até parar em sua frente sem questionar. Novamente bateu em sua perna para que eu sentasse ali, mas quando ia me sentar ao seu lado na cama, suas mãos seguraram minha cintura com firmeza e me fez sentar em seu colo de frente para o mesmo e com as pernas uma de cada lado do seu corpo. Tentei me levantar, mas ele não deixava.
- Deixe-me levantar.- Ele negou com a cabeça. - Pode muito bem falar comigo ao seu lado.- Minha voz saiu trêmula, estava com medo.
- Está assustada?- Sua sobrancelha estava arqueada e com um sorriso presunçoso em seus lábios.- Não vou lhe machucar, só quero que se adapte a ficar perto de mim.- Enfiou seu rosto no vão em meu pescoço e deixou um beijo casto ali.
- E...eu não acho que isso vai da certo.- Tentei me levantar novamente, mas sua mão segurava minha cintura ainda. Tirou seu rosto do meu pescoço e me olhou.
- Calma. - Praticamente exigiu.- Só quero lhe mostrar o que farei com você enquanto estivermos na frente de outras pessoas, precisa se acostumar. - Molhou seus lábios rosados com sua língua.- Esqueceu disso?
- Não. - Respondi constrangida olhando minhas mãos em meu colo. Sua grande mão levantou meu queixo, fazendo-me olhá-lo.
- Não farei nada que não me permita. - Acariciou minha bochecha. - Nunca faria algo para machucá-la.- Depositou um beijo em minha bochecha.
- Promete? - Sussurrei ao sentir seus lábios úmidos em meu pescoço, me fazendo minha pele arrepiar inteiramente. Derick tirou o rosto de meu pescoço e segurou meu rosto com suas duas mãos. Seu olhar passou por todo meu rosto, até parar em meus lábios.
- Posso te beijar?
- E...eu nunca...- Cocei a garganta, pra ver se conseguia falar decentemente. Mas fui interrompida por ele.
- Eu sei. Podemos começar com um selinho.- Sugeriu quase encostando nossos lábios. E com um pouco de coragem que me tinha, juntei nossos lábios, aproveitando da sensação de segurança que estar em seus braços passava.
Quando desencostei nossos lábios, escondi meu rosto no vão do seu pescoço com vergonha de olhá-lo. Meu esposo me abraçou e jogou seu corpo pra trás, se deitando na cama, comigo em cima.
Percebi que Derick estava se esforçando e o quanto aquilo é importante pra ele. A empresa e o nome da família está sendo carregado por ele, então qualquer deslize poderia levar tudo a baixo. E consequentemente, afetaria minha vida de alguma forma. E mesmo que ele não tenha feito questão de mim em todo esse tempo, sempre fui ensinada a ajudar meu esposo, então era isso que faria, independente do resultado.
Queria que ele me visse como mulher. Não como os empregados dizem, que sou um fardo na vida dele.
>>**ção no pequeno tempo que ficamos deitados no quarto. Ele apenas pediu para que eu me me vestisse pois íamos ir ao shopping. Mas nada disse sobre o ocorrido. Agradeci por isso, já estava com vergonha o suficiente, ficaria muito mais se ele falasse.
Depois de tomar banho, lavado meus cabelos enormes, finalizei os cachos. Essa é a primeira vez que penteio e finalizo, geralmente lavo os cabelos para pranchar logo depois. Talvez seja o momento de tentar ser um pouco diferente, e caso ele não goste, volto com o liso.
Quando sai do banheiro, encontrei um vestido marrom de mangas compridas e o comprimento ia quase aos tornozelos, com um par de saltos altos pretos, provavelmente postos ali por Harry. Provavelmente esse era o gosto de Derick.
Maquiagem era algo que eu não tinha ali. Então mantive meus cabelos soltos para disfarçar as olheiras dos meus problemas com a insônia.
Depois de estar devidamente arrumada e perfumada, desci as escadas que levavam para a sala-de-estar.
Ao descer com minha bolsa em mãos, as longas escadas de um mármore incrivelmente limpo e claro, vi Derick conversando com Harry. Assim que desci do último degrau as atenções se voltaram para mim. Meu marido caminhou até mim, deixando seu mordomo falando sozinho, algo que não o deixou feliz.
- O que ocorreu com seu cabelo? - O mordomo parecia horrorizado. Antes mesmo que pudesse responder, fui cortada por ele.- Não acredito que terá coragem de sair assim.- Me senti constrangida com seu comentário.
- Eu gosto muito de tê-lo aqui em casa Harry.- Abaixei a cabeça, já esperando outro comentário ruim.- Mas se continuar a tratar Kira assim, esquecerei o quanto gosto de você.- Derick falava baixo é sério enquanto caminhava até Harry.- Me esforçarei pessoalmente para que ninguém mais o contrate.
- Senhor...- Foi interrompido.
- SAIA DA MINHA FRENTE. -Saltei assustada com seu grito. Nunca vi Derick tão estressado. Harry saiu tão rápido quanto um foguete.- Vamos para o carro, agora. - Ordenou. Segui sua ordem rapidamente.
O caminho seguiu em silêncio. As únicas coisas que faziam barulho eram o ar-condicionado, e quando chegamos perto da cidade, outros carros passando em nossa volta.
Parecia que tudo no mundo estava diferente do que eu vi a tempos atrás. Eu olhava tudo o que podia pela janela do passageiro. Assim que o carro parou no estacionamento do shopping, e sai dele, vi que alguns seguranças que trabalhavam para Derick, estavam nos seguindo silenciosamente.
Ao adentrarmos as grandes portas automáticas do shopping, um cheiro de sorvete invadiu minhas narinas, me fazendo sorrir. É tão bom poder sair novamente. Enquanto tentava acompanhar os passos apressados do meu esposo, tentava olhar todas as vitrines.
- Derick? - Chamei sua atenção assim que comecei a sentir meu pé latejando nos sapatos altos e meus seios pesados incomodando por andar tão rápido sem sutiã, mas não obteve resposta. Andei mais rápido e segurei em seu braço.- Derick? - Sua atenção finalmente se voltou para mim.- Desculpe atrapalhar sua caminhada, mas não consigo andar tão rápido com esses sapatos.
- Deveria ter vindo com outro então.- Me encolhi com sua resposta nada amigável.- Vamos. Quero ir em uma loja nova que abriu.- Ele segurou minha mão, praticamente me puxando para andar em seu ritmo. Bolhas nasceriam logo em meus pés.
Derick com sua crise de bipolaridade, me arrastou até entrarmos em uma das filias da Gucci. A loja era estupidamente chique e glamurosa. Meu esposo parecia familiarizado com tudo, caminhou até as bolsas, sabendo bem onde ficavam nessa enorme loja. Logo uma atendente veio nos atender, parecia contente com nossa presença.
- Senhor Boch, é uma honra lhe ver novamente.- Ela mostrava orgulhosamente seus dentes brancos em seu sorriso.- O que deseja ver hoje?
- Quero que separe as melhores bolsas para minha esposa.- Nem olhou no rosto da moça. A mesma apenas assentiu e começou a mostrar as bolsas. Mas tinha um problema, ela não mostrava para mim diretamente, apenas para Derick.
- Essa bolsa é de couro legítimo e importado. - Mostrava uma bolsa azul claro super linda.- É da nova coleção. Tem sapatos que combinam no outro setor. Posso levá-los lá?
- Vamos até lá.
Eles caminharam juntos para o setor de sapatos, porém nenhum percebeu que não me juntei a eles. Comecei a andar no sentido contrário ao deles. Peguei algumas roupas que gostei dos cabides e uma bolsa azul bebê, igual a que a vendedora levou com Derick. Caminhei até próximo do caixa e fiquei sentada ali, até que em algum momento eles dessem minha falta.
- A senhorita precisa de ajuda?- Um vendedor chamou minha atenção. Seus olhos eram escuros, assim como seus cabelos tão compridos e lisos que batiam abaixo dos ombros.- Está aqui sentada a um tempinho.- Antes que eu possa responder, outra pessoa fala por mim.
- Ela não precisa de ajuda.- Diz Derick aparecendo de surpresa. Suas mãos carregavam algumas peças de sapatos femininos e a bolsa que eu gostei. - Vejo que já pegou o que queria.- Assenti.- Vamos pagar.
>>***ças levarem as bolsas pro carro e fomos logo em seguida.
- Já vamos embora? - Perguntei a Derick assim que paramos próximo ao carro.
- Tenho que resolver umas coisas no escritório de casa.- Acredito que ficou nítido em meu rosto a tristeza por ir embora. Abaixei minha cabeça e entrei no carro.
Derick entrou no carro e ficou em silêncio durante a viagem para casa. Sentia seu olhar em mim, mesmo mantendo meus olhos fixos a janela e nas coisas que podia ver através dela.
Eu não queria ir pra casa e ficar pelos cantos sem poder fazer nada. Era sempre as mesmas coisas. Televisão, dormir, comer e desenhar escondido no quarto. Estou cansada de ficar na mesma, não ter amigos, ou família que se importa é horrível, ficar sozinha sempre é horrível.
- Hey.- Senti a mão do meu esposo segurar meu rosto e virar para ele fazendo carinho.- Te mantive presa por muito tempo né.- Sua pergunta era retórica. Mantive meus olhos baixos, com medo de olhar em seus olhos. Sentia seu carinho constante em meu rosto.- Iremos passar o dia amanhã juntos. Só tenho que deixar um documento na empresa antes do almoço, mas prometo que iremos dar umas voltas pela cidade.
- Não precisa cancelar seus compromisso pra ficar comigo.
- Mas eu quero.- Senti ele quase colar nossos rostos.- Desculpe por hoje não ser como esperava. Irei recompensa-lá amanhã.- Apenas assenti.Antes de poder falar qualquer coisa, senti meu vestido ficando úmido na altura dos seios. Tantos momentos para isso acontecer, e tinha que ocorrer logo agora?
- Droga.- Praguejei baixo ao perceber do que se tratava. Puxei minha bolsa rapidamente e busquei um lenço dentro dela.
- Oh.-Derick olhava a mancha úmida em
meu vestido.- Não se preocupa. Resolveremos isso em casa.- Antes de me deixar rebater, ele tirou a jaqueta jeans que vestia e a jogou sobre meus braços, tampando o ocorrido. Derick segurou meu rosto e juntou nossos lábios em um selinho pouco demorado. Depois me abraçou pelos ombros com seu braço esquerdo.
Definitivamente ele era bipolar. Mas parecia que essa era a versão que eu mais gostava dele.
* Não revisado.
- Drixflac