Descobertas

2288 Words
A gritaria continuou em alto astral no ambiente confinado. Respirando fundo, Zorack olhou para Max e suspirou. Seria preciso mais trabalho do que  poderia imaginar para acalmar aquelas pessoas. Resignado, seguiu em frente sem dar importância aos humanos que se afastaram curiosos. -Talvez ela esteja certa. Pode haver pessoas. - Zorack falou em voz alta enfrentando os olhares de medo e curiosidade. - Existe um vírus mortal na atmosfera do seu planeta. E teremos que encontrar uma modo de sobreviver confinados enquanto aguardamos o resgate. O silêncio caiu pesado e opressor. -Você ... você não é ... - Uma mulher começou a falar e calou-se. - Eu não sou humano. Meu nome é Zorack. - O capitão concordou, mantendo o olhar fixo em sua plateia tentando demonstrar algo que não sentia. Confiança.- Estamos todos aqui juntos e seguros enquanto os escudos de defesa da nave funcionarem. Posso garantir que eles são hostis. Vamos nos organizar, reunir os suprimentos que temos e continuar vivos. Isso é o que mais importa no momento. Ele começou a dar ordens e sua mente ainda estava presa na garota inconsciente. Respostas. Angel inevitavelmente faria perguntas para obter respostas que preferia não ter de dar. -Zorack, posso falar com você? O edriano girou nos calcanhares com um terrível pressentimento. O médico. Afinal havia demorado tempo demais para que começassem a desconfiar. -Os novos exames... o homem falava sem jeito.- Há algo que você não falou? Os resultados eram impossíveis. A analise dos dados dos exames sanguíneos... Zorack manteve o olhar firme e decidido. Angel era única. A única sobrevivente do processo de hibridação de genes daquelas coisas infernais. Meio humana, meio alienígena. Quanto tempo mais ia demorar para o doutor descobrir? -O exame de glicemia em jejum, teste de tolerância oral à glicose  e dosagem de hemoglobina glicada. Insulina. É essencial para que um corpo humano posso utilizar a glicose como fonte de energia. Queria ter notícias melhores. O diagnóstico... Tontura, a dor de cabeça e a baixa coordenação motora e atenção... Angel apresentou sudorese e taquicardia.  Os resultados mostraram baixa severa dos níveis de glicose no sangue.  -Como? Como assim? disse que ela estava bem?- a acusação era evidente. -Está bem. Vou tentar manter os níveis sobre controle, mas pela quantidade e tipo s de medicamentos que temos por aqui... Vou precisar de medicamentos.  Qualquer voluntário que estiver  em boas condições de saúde, sem sintomas virais, pesar mais de 50 quilos, estar bem alimentado e ter entre 16 e 69 anos incompletos. Precisamos também de bolsas de sangue para cuidar daqueles que apresentarem sintomas. Zorack balançou a cabeça. Problemas. E  ele ainda nem havia explicado para Angel que ela era uma híbrida de humanos com alienígenas. Nem queria se lembrar de que a garota era a primeira fêmea de raça letal  e desconhecida até para eles que enfrentavam as dificuldades de uma guerra estelar. Tudo no corpo doía ao menor movimento. O silêncio foi a primeira coisa que chamou a atenção de Angel quando ela abriu os olhos assustada. A segunda e mais urgente era a necessidade de banheiro com pressão na bexiga. Era uma sala com poucos móveis. E sem janelas. A sensação de prisão a incomodou. Desde quando uma sala não tem janelas? Foi uma prisão? Ela lutou para mover as pernas e a cabeça girou. Logo depois ela ouviu uma praga muito clara. Braços fortes a seguraram com cuidado enquanto respirava lentamente. Havia alguma parte de seu corpo que não doeu? -Maldição, garota! Eu te deixei sozinho por apenas alguns momentos desta vez. As pessoas lá fora estão agitadas e discutindo. -Zorack tinha a cara mais feia que conseguia lidar com severidade. Zorack? Angel olhou como se a visão fosse mais uma alucinação. E ainda assim a sensação dos braços quentes contra seu corpo a fez ofegar. -É ... é mesmo você? - sua voz saiu fraca e baixa. - Eu preciso ... eu preciso de um banheiro. Eu preciso ... muito que fazer ... fazer ... Zorack observou sua aparência cuidadosamente. -está com a visão embaçada? O doutor falou que vai providenciar ...- Ele não queria muito dar nomes. Insulina. era falha no processo de hibridação? -Eu posso resolver isso! - Ele continuou levantando Angel nos braços e caminhando até a porta entreaberta no canto da sala. Angel parou tonta. Era realmente ele. A forma eterna de dar ordens! A realidade voltou como uma bênção para ela. Bastava de espaçonaves hostis, clones ou alienígenas. E nada de Ravenack. Pensar nele a fez estremecer. -Acho melhor chamar o médico. Você não teve febre, mas mesmo assim ... -Por favor, Zorack. Eu só preciso ... - ela abaixou a cabeça, constrangida ao ser colocada no chão e mais constrangida ao perceber que Edriano não pretendia ir embora. - Eu não estou indo a lugar nenhum. - declarou ele categórico. - Do jeito que você está vai acabar caindo. O doutor vai fazer coleta de seu sangue após a refeição para verificar os níveis de glicemia. Angel olhou para ele sem graça. nada daquilo fazia muito sentido do jeito que a sala dava voltas ao seu redor. Naverdade o chão oscilava diante de seus olhos. -É ... é ... Sério, Zorack. Eu tenho que fazer ... droga! Preciso de urinar. Não consigo ... O sorriso de Zorack divertiu-se com sua vergonha. -Há algum lugar que eu não toquei ou provei ou que ainda não tenha visto, meu anjo? Não temos hospitais por aqui. Quem você acha que cuidou de você nesses três dias? Você continua em observação até eu decidir que está bem. temos três infectados na base e em quarentena. Max vai liderar um grupo para coletar medicamentos e outros necessidades básicas.Ele sorriu presunçosamente. Seus olhos se arregalaram quando ela se sentou no vaso sanitário, a boca apertando. Ela olhou para seus próprios braços, ciente de que ainda havia marcas em seu corpo e calafrios de um arrepio. Os hematomas ainda estavam roxos em suas pernas e braços. -Você não é sério! Te odeio! - Angel grunhiu miseravelmente sem conseguir estancar a pressão em sua bexiga e mordeu os lábios de dor para urinar. Pela primeira vez, Angel viu Zorack sorrir em seu rosto abatido e escuro, apesar de sua preocupação. -Fico aliviado ao perceber que você está se sentindo melhor. Grant prescreveu uma pomada que vai ajudar. - Ele permaneceu divertido. - Agora podemos providenciar um banho para você e talvez comida. Você deve estar faminta.O doutor vai querer verificar os níveis de.... Ela pretendia responder que poderia fazer isso muito bem sozinha quando notou Edriano abrindo os botões da camisa, engolindo em seco. Ele certamente não pretendia tomar banho com ela, não é? Agulhas?  Não queria saber de mais agulhas. -Eu pensei que fosse tomar um banho. - Ela declarou com má vontade. Mesmo assim, seus olhos estavam fixos em cada parte de seu corpo que foi lentamente exposta. Os músculos definidos fariam Spike suspirar. Ela até gostava de deslizar os dedos por eles, deliciando-se com sua pele macia. -Não sozinha. Você vai conseguir me dar mais trabalho para mim e para o médico se cair e se machucar. E quanto ao banho ... Melhor não arriscar. Angel engoliu em seco. Seus fracos protestos foram indiferentes quando Zorack calmamente começou a levantar a camisa que ela vestia. E a vergonha voltou em dobro. Ela nem mesmo queria ver como o resto de seu corpo estava. O resto provavelmente seria muito pior com os hematomas. Que diabos! Devo ser horrível! Ele contraiu seriamente a mandíbula. -Vou tirar sua roupa e talvez pegar algum analgésico mais tarde. Você ainda está com muita dor? Angel acenou com a cabeça em silêncio. Era estranho que Zorack estivesse na sua frente, cuidadoso e preocupado. Definitivamente não era o que ela esperava depois de fugir e de todas as brigas. -Estou bem. - E era pior do que mentiras. tudo doía: braços, pernas e cabeça. Ela começou de novo, hesitante: Zorack ... Ele finalmente estava admiravelmente nu e capaz de tirar seu fôlego. Um corpo magnífico esculpido por trabalhos forçados nas minas de N'Tirlay. Angel sentiu as pernas fracas esperando o momento em que as repreensões viriam, prometendo a si mesma que não reclamaria. No mínimo, ela deveria estar aliviada por ter escapado das garras de Ravenack. -É melhor você parar com esses olhares maliciosos, garota. - resmungou decidido ao abrir a torneira do chuveiro, controlando a temperatura. -Vai ficar de a cama e se alimentar. Pelo menos até as costelas ... Zorack balançou a cabeça com força. Depois dos exames, o velho Grant relatou com admiração que o sistema de Angel curou suas feridas com uma velocidade incrível. Assim como os K'Aldriants faziam quando estavam feridos e a ideia não era agradável. O problema estav sendo os níveis de glicose no sangue fora de controle. -Zorack, o que Scarllet disse sobre ...- Angel tentou encontrar coragem. Ele olhou para ela muito sério. Ele não gostava de se lembrar da reação da tripulação ao descobrir que Ravenack havia de alguma forma invadido a segurança do Spartackus.A nave era a única defesa que tinham. Ele respirou pesadamente e ficou quieto no início. -O que ela disse? ele perguntou com cautela. A verdade. Ele não se sentia preparado para a verdade ainda mais quando quase a perdeu. Não depois de Klaus. Com cuidado, ele trouxe Angel para perto, abraçando seu corpo contra o dela, permitindo que a água quente os aquecesse. -Ela ... ela ... eu sou realmente uma ... uma ... Angel engoliu em seco e ficou terrivelmente apavorado enquanto se encolhia contra seu amante. -Caílin. Não tem a menor ... -Um híbrido dessas coisas e isso não é importante? - a voz dela estava nervosa. - Eu ... eu comi ... Zorack notou o soluço baixo suspirando novamente. -K'Aldriants geralmente se alimentam de sangue. - Sua explicação foi muito cautelosa. - Têm grande capacidade de regeneração o que explica a cicatrização das suas costelas. Anjo, aconteça o que acontecer ... -Não importa? - perguntou ela finalmente chorando. - Que tipo de monstro eu ... Suas mãos tocaram seu rosto abatido e agoniado. -Isso não era motivo para fugir daquele jeito e se colocar em perigo. - A repreensão foi muito branda e Angel sabia muito bem. - Quase me matou de tanta preocupação. Tudo o que importa é que você está segura agora. Ela não ignorou a verdade de suas palavras. E a imagem daquele outro Zorack a bordo do navio a fez contrair em agonia. Ela não sabia mais como conter o desespero tentando imaginar o que havia acontecido além dos beijos. Não era justo. Zorack podia ter desconfiado, mas até então não havia feito mais perguntas sobre o que havia acontecido. Angel percebeu que a pele formigou agradavelmente. Era o seu cheiro. Tudo o que ela queria era que ele a beijasse como se pudesse apagar as memórias odiosas que ela trouxe com ele. E Zorack se afastou delicadamente para pegar o sabonete. -Nada disso, senhora. - Ele ainda estava sério. - Eu não costumo ser tão tolerante. Você descobrirá isso com abstinência completa até ter certeza de que está tudo bem. Grant pode ter liberado você, mas ainda estou levando o diagnóstico a sério. Angel fez beicinho de desgosto. Não era muito pedir um beijo. -Me desculpe por tudo ...- Ela chorou de novo com dificuldade se agarrando a ele. -Shhhh. Terminado. Foi minha culpa. Eu deveria ter sido mais cuidadoso com ... -Eu não queria ser um problema ... -E não é! Não é sua culpa o que aconteceu! Você fugiu porque pensou que era? -Por minha causa você viveu como uma escravo e ... Zorack esqueceu todo cuidado, e sua boca acariciou os lábios trêmulos dela e gemeu de tortura quando percebeu que Angel aprofundou o beijo e o deixou sem fôlego. Depois de todo o medo ... ela estava segura e ali. Era tudo o que ele poderia desejar. O desejo surgiu com intensidade fazendo-o resmungar no controle. A essa altura, Angel já havia conseguido deixá-lo e******o e com uma ereção dolorosa quando sentiu os dedos dela provocando-o. -Tenha pena, doçura. Você conseguiu me dar um grande susto. Desta vez, você obedecerá a todas as ordens do médico. -Estou bem. Quase não dói. E ... - um movimento mais abrupto dela trouxe um gemido forte que fez Zorack estreitar seu olhar avaliativo. -Mesmo assim... -Zorack, sobre o que aconteceu ... A nave. Havia um clone com meu rosto. Eles fizeram experimentos. Humanos foram levados para lá. Eu estava com medo ... eu pensei que você ... -Não precisa conversar ... ou explicar ... -Ele tentou parecer calmo. Não importava o que tivesse acontecido. -Não sei o que aconteceu e essas marcas no meu corpo .... A mandíbula de Zorack se contraiu quando sua mão pressionou descuidadamente contra seu quadril, observando com raiva os hematomas em sua pele com um nó na garganta seca. Na parte interna do braço ainda era visível as marcas das agulhas por conta dos exames de sangue. -É muito melhor. Não haverá nada para assombrar seus sonhos, Anjo. Ela assentiu baixinho, deixando o amante lavar seu cabelo, o sabonete deslizando suavemente por sua pele. Ela não reclamou quando a toalha passou cuidadosamente pelo corpo ao secá-la, apesar do constrangimento das bandagens. Os dedos que aplicaram a pomada foram ainda mais constrangedores, delicados e decisivos apesar de seus gemidos de dor com as marcas de queimadura em um lugar tão íntimo. E Zorack deitado na cama, aninhando Angel sonolento em seus braços, não poderia estar mais errado. As lembranças do que acontecera estavam no subconsciente da garota. Era para erguer uma parede entre eles, exatamente como Ravenack esperava. Ou era melhor que ela não se lembrasse?
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