6 - Uma mentira?

2197 Words
Ava Meu coração estava acelerado. Voltei para a sala de estar e, pela janela, vi Jaxon caminhar, ausente, com os ombros caídos e um olhar de pura confusão no rosto. Parte de mim queria correr atrás dele. Essa parte desejava reconectar com ambos, Asher e Jaxon, e colocar o passado atrás de nós, da pior maneira possível. Observei Jaxon entrar em casa, deixando a porta se fechar atrás de si. Soltei um gritinho, dando um pulo quando meu telefone tocou de repente, quebrando o silêncio ao meu redor. — Jesus, acalme-se, Ava — murmurei para mim mesma. Esperava que fosse o Brien, mas quando olhei para o identificador de chamadas, gemi. Quase não atendi, mas finalmente decidi que seria melhor se atendesse. Enfrentar a situação e acabar logo com isso. — Olá, Lila — eu disse. — Ava! Por que você não avisou ninguém que estava vindo para a cidade? — ela disse, soando tão superficialmente alegre como sempre do outro lado da linha. — Acabei de chegar — respondi. — Como você... Ah, espera, deixa eu adivinhar, o Rick mencionou? Rick Jenkins trabalhava num posto de gasolina nos arredores da cidade. Eu tinha parado no posto dele para abastecer, ele me reconheceu e conversamos por alguns minutos, só para colocar o papo em dia, antes de eu seguir meu caminho. Eu quase tinha me esquecido de como as notícias se espalham rápido numa cidade tão pequena, quando todo mundo se mete na vida dos outros. — Não, na verdade, Shannon ouviu, mas provavelmente ouviu de Wilma, que trabalha na delegacia — disse Lila. — Você sabe que as notícias se espalham como fogo por aqui. — É, na verdade eu tinha esquecido disso. Costuma acontecer morando em um lugar como Los Angeles — murmurei. — Um jeito de viver e de fazer as coisas totalmente diferente lá. Desviei o olhar da janela e olhei ao redor da sala. Atrás do sofá, havia fotos de família, algumas das quais eram só do meu pai, Brien e eu. Outras eram da nossa mãe. E duas eram da Lila e da mãe dela, minha madrasta, Debbie. Era incrível como nossa família havia mudado ao longo dos anos. — Bem, estou magoada por você não ter vindo falar comigo primeiro. Eu preferia ter ouvido a notícia por você do que pela Shannon, logo ela — disse ela. — Afinal, somos uma família, e eu parecia muito boba sem saber que minha irmã estava na cidade. Estremeci ao ouvir a palavra "irmã". Sim, tecnicamente, ela era minha meia-irmã, mas nunca fomos próximas. Conforme fui crescendo, comecei a sentir pena da Lila. Ela era irritante e um pouco esnobe, mas, no fim das contas, queria se encaixar conosco. Ela só queria fazer parte da família e se sentir como minha irmã de verdade. Sabendo disso, fiz o que pude para me reconciliar com meus sentimentos por ela, chegando a convidá-la para sair comigo e com os amigos às vezes. Nunca tinha dado certo — ela se dava com Jaxon e Asher tão bem quanto fogo se dá com gasolina. Mas pelo menos posso dizer que tentei. — Diga-me, mana, você está pensando em voltar para cá? — perguntou ela. — Porque, se for o caso, posso te ajudar a encontrar uma casa em promoção... — Não, obrigado — respondi, cortando ela abruptamente. — Não estou procurando algo agora, mas obrigada. Lila era corretora de imóveis, o principal corretor de imóveis na área, aparentemente. Presumi que ela vendia principalmente casas de férias para pessoas ricas. Ela devia estar ganhando muito dinheiro. Grande comissões sobre aquelas casas. De outra forma, não era claro como ela poderia fazer uma vida decente, já que havia poucas casas por aqui. Mas isso não era da minha conta. Percebi, não pela primeira vez, que sabia muito pouco sobre a vida pessoal dela, e parte de mim queria que continuasse assim. — Tudo bem então. Ei, eu tive que tentar — Lila sorriu. — De qualquer forma, o que te trouxe de volta para nossa região? Eu sabia que se contasse à Lila que Brien estava desaparecido, meu pai acabaria sabendo. Provavelmente ainda mais rápido do que a notícia de que eu estava de volta à cidade chegou à Lila. Eu não queria que ele se preocupasse, principalmente porque era a hora mais... provavelmente nada. Então decidi guardar isso para mim por enquanto. — Só precisava de um tempinho sozinha — eu disse a ela. — Ah, LA está te desgastando? — ela perguntou, tentando ao máximo parecer que realmente se importava. Mas eu sabia que não. Na verdade, já fazia um tempo. Havia muita coisa no sul da Califórnia que eu gostava – o clima quase perfeito o ano todo, as praias, a comida – mas também havia muita coisa que me desgastava, especialmente a propensão das pessoas de não darem a mínima para ninguém além de si mesmas. — Talvez um pouco. Dei uma pausa e decidi que precisava de um pouco do ar fresco da montanha — eu disse a ela. — Então, aqui estou. — Quanto tempo você pretende ficar? — Ah, não sei. Alguns dias, talvez uma semana — eu disse. — Tenho algumas semanas de folga, mas duvido que fique aqui o tempo todo. — Ótimo — ela respondeu, com a voz entrecortada. Isso me pegou de surpresa. Ela deve ter notado o tom dela e rapidamente tentou explicar o que ela queria dizer. — Quer dizer, eu só me preocupo com você sendo tão próxima dos Anderson e tudo mais. — Você faz entender que eles não são mais meninos, certo? Eles são homens crescidos. — Eu ri. — Ah, acredite, eu sei muito bem. Às vezes os vejo por aí — disse ela, e eu pude ouvir o desdém em sua voz. — Ainda me recuso a falar com eles. Por favor, me diga que você fará o mesmo? — Eu não tenho intenção de ver ou conversar com nenhum deles — eu disse a ela. Meu coração doeu quando eu disse essas palavras. — Não depois do que aconteceu. — Obrigada, irmã — ela disse. — Isso significa muito. Estou tão alegre que você acredita em mim. — Claro, Lila. Como eu poderia não acreditar depois do que você me mostrou? Minha mão começou a tremer enquanto eu pensava naquela noite. Cerrando os olhos, afastei toda e qualquer lembrança do que tinha acontecido. Não conseguia mais pensar em Jaxon e Asher como amigos depois disso. Simplesmente não seria certo. Ainda assim, fechar a porta para dois dos meus antigos melhores amigos e não falar com eles doía muito. Principalmente quando eu estava tão preocupada com o Brien. Eu sabia que precisava ser forte e não podia ceder às ondas de sentimentalismo. Eu sabia que elas iriam quebrar sobre mim em algum momento. Eu não estava lá para Jaxon e Asher; eu só tinha que me lembrar disso. Lila continuou falando — fofocas e tagarelice sem sentido na maior parte do tempo —, mas não ouvi uma palavra do que ela disse. Eu estava pensando demais em Jaxon e Asher, mas ela chamou minha atenção e me trouxe de volta ao aqui e agora. — Então, você gostaria de sair para beber hoje à noite? — ela perguntou com um entusiasmo falso. — Ah, não — eu disse. — Desculpe. Só quero relaxar um pouco mais. Talvez no final desta semana? — Claro — ela disse, e eu podia ouvir ela fazendo beicinho através do telefone. Lila nunca se importou em ser rejeitada, mas a última coisa que eu queria fazer naquela noite era ir à cidade e socializar, especialmente com alguém de quem eu não gostava muito para começar. — Outro dia então. — Sim, claro. Encerramos a ligação e fiquei aliviada quase instantaneamente. Caí no sofá e fechei os olhos, reprimindo um grito. Eu odiava que meu relacionamento com Asher e Jaxon tivesse mudado. Era uma dor que latejava mesmo depois de todo esse tempo. Eu não só tinha isso na cabeça, como também estava preocupada com meu irmão. Onde diabos estava Brien? Estava realmente começando a me preocupar. Quanto mais ele ficava sem me ligar de volta ou aparecer em casa, mais eu ficava nervosa. Kristyn ligava para todo mundo que o conhecia em Hollywood, enquanto eu estava presa no Colorado, girando minhas rodas e lidando com velhos fantasmas. Brien obviamente não estava lá. Talvez ele voltasse, talvez não. Quem sabe? Essa incerteza me fez pensar se eu deveria ficar ou voltar para Los Angeles. Meus olhos estavam ficando pesados e, embora fosse meio-dia, eu estava com sono. — Bem, estou de férias — pensei comigo mesma. — Melhor me dar permissão para tirar um cochilo. Deus sabia que eu precisava de um tempo para descansar. Como nos velhos tempos, enrolei-me no sofá grande e confortável. Puxei a manta que pendia do encosto e me enrolei nela. Eu estava alta demais para que ela me cobrisse completamente agora, mas fiz o meu melhor. O sofá era tão confortável, ainda mais do que algumas camas, e me peguei cochilando quase imediatamente. Minha mente, no entanto, ainda girava, ainda vagava. Voltando para Jaxon e Asher. Para pensamentos de um passado mais feliz. Pensamentos que pareciam tão frescos novamente depois de ver Jaxon mais cedo naquele dia. Deus, ele iria ficar tão bonito com aqueles jeans. Ele cresceu uma barba, e ela lhe caía bem. Era o mesmo cabelo castanho-escuro que ele tinha na cabeça, bem aparado, e o fazia parecer mais maduro. Distinto. Como um homem. O que eu não daria para sentir essa barba contra o meu rosto. Este era um pensamento r**m, mas quando comecei a adormecer, meus filtros desligaram e não tive mais a capacidade de me censurar. Imaginei como seria beijá-lo e me perguntei se Asher também tinha barba. Imaginar os dois homens crescidos e bem torneados me excitou como nada tinha conseguido ultimamente. Houve um tempo em que eu daria qualquer coisa para estar com qualquer um deles — ou com os dois, era uma fantasia comum minha. A ideia de estar imprensada entre seus dois corpos rígidos, suas bocas explorando cada centímetro do meu corpo, fez meu coração disparar e minhas entranhas arderem. Imaginar a sensação de quatro mãos me acariciando ao mesmo tempo em que suas bocas me exploravam, atiçou o calor crescente entre minhas coxas. Só de pensar nisso, comecei a ficar excitada novamente e, sem nem pensar, deslizei a mão para dentro da calça. Circulando meu c******s, imaginei que era a língua de Jaxon. Depois a de Asher. Eles se revezariam me dando prazer, enquanto eu colocava o p*u do outro irmão na boca. Enfiando um dedo dentro de mim, gemi contra uma almofada. Depois, dois dedos. Depois, três. Imaginei o p*u do Jaxon entrando e saindo de mim, enquanto o irmão dele me acariciava, me tomando por trás. Queria que os dois me preenchessem ao mesmo tempo. Me fodi com os dedos, tentando imaginar como seria a sensação dos paus deles dentro de mim. Não demorou muito para que eu atingisse o ápice, e gritei ao gozar, com a b****a apertando meus dedos. Eu estava imersa na minha fantasia, pensando nos dois homens me enchendo de p***a, nós três chegando ao clímax ao mesmo tempo, e isso fez meu corpo inteiro tremer de prazer. Gritei, sem conseguir abafar os sons. Não havia ninguém por perto que pudesse me ouvir. A casa mais próxima – a dos Anderson – ficava longe demais. Não havia colega de quarto. Nenhum irmão no quarto ao lado. Completamente livre para gritar o quanto quisesse, e soltei tudo. Gritei o nome deles, implorando a eles para me preencher com seus paus e gozar em mim. Finalmente, quando o último orgasmo chegou ao fim, desabei no sofá, sentindo-me satisfeita e com fome de mais. Minha mão funcionou legal, a fantasia também, mas fazia muito tempo que eu não transava. Eu queria algo de verdade, mas não qualquer um — eu queria Jaxon e Asher. Eu precisava de ambos. Eu gemi de frustração e joguei o travesseiro para o outro lado do quarto. Ele derrubou a foto de formatura do ensino médio da Lila. Foi sem querer, mas, de certa forma, aquilo me agradou. Não queria ver a sua face sorrindo novamente. Tudo sobre ela sempre parecia tão falso. Talvez a história que eu estava contando para mim mesma também fosse. Era errado duvidar de alguém que confiava em você, especialmente quando havia evidências que apoiavam essa confiança. Mas havia uma parte de mim que ainda queria acreditar que ela estava mentindo. Eu nunca a tinha visto mentir antes, mas ela era tão falsa quanto um bronzeador artificial, então, para ser honesta, não me surpreenderia se fosse o caso. Rolei no sofá, tentando afastar esses pensamentos. Talvez eu conversasse com os rapazes mais tarde, afinal. Brien também havia me pedido para ficar longe deles, por precaução. Ele não queria me ver machucada. Agradeci o gesto, mas... eu já era uma mulher crescida e sabia cuidar de mim mesma. Inclusive, confrontar os irmãos e descobrir a verdade de uma vez por todas. Era isso que eu precisava fazer.
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