Finalmente deitada em minha cama eu pude pensar um pouco, um pressentimento r**m tomou conta de mim e lembranças me vieram em mente.
Suspirei fundo e peguei o meu celular para distrair a mente, eu não poderia ficar sofrendo pelo passado.
Aliás, eu precisa dormir, amanhã eu teria uma festa e pretendia ir bem descansada, sem falar que preciso comprar o presente dela.
Mal terminei de me repreender mentalmente e meu celular começou a vibrar, era o João me ligando.
Conversa:
João: n******e falar pra ninguém, né?
- Não, até porque, irei aparecer na festa da Bih de surpresa amanhã.
João: Irei gravar a cara dela quando te ver.
- Grave mesmo, estou ansiosa, falando nisso, pode me ajudar amanhã?
João: m*l chegou e já arrumou encrenca, dona?
(Risos)
- Não é isso, seu bobo, é que eu quero comprar um presente pra Bih, e como fazem 6 anos que não ando por aqui, não queria ir sozinha.
João: Não precisa nem me perguntar uma coisa dessas, Lua, que horas iremos sair de casa?
- Passa aqui às 10:00, não quero fazer nada na correria.
João: (Risos), olha só como ela amadureceu gente, "não quero fazer nada na correria", dúvido, Lua, antes das 10:00 você não levanta.
- Mais você não muda, né? Seu ousado, eu irei acordar sim, ainda irei bater na sua casa, me aguarde, a outra Lua já não existe mais.
João: Não? Então vamos ver, pequena.
Dei um sorriso espontâneo e disse:
- Veremos!
Desliguei o telefone na cara do mesmo e sorri com isso, ele começou a mandar mensagens em disparada para o meu celular, indignado porque fui "m*l educada".
***
Acordei no outro dia com alguém me chaqualhando um pouco indelicadamente.
Abri os meus olhos devagar e dei de cara com o João.
- João... Mais... O que é isso? Falei meio sonolenta.
João: Já são 10:39, eu te avisei, Lua.
Levantei num pulo da cama e disse:
- d***a!
Entrei correndo no meu closet e peguei a roupa que havia deixado separada.
Escutei as risadas do João de longe e xinguei ele mentalmente.
Corri para o banheiro e por fim, tomei banho.
Me olhei no espelho novamente e passei um perfume com cheiro suave, nada exagerado, passei as mãos em meus cabelos que estavam soltos e sorri para mim mesma, eu realmente havia mudado.
João não estava mais em meu quarto, ao descer as escadas, encontrei o mesmo na cozinha conversando com os meus pais, bem... Minha mãe o considerava um segundo filho, então ele tinha essa i********e toda.
- Nossa em, nem me esperaram para o café.
Falei fazendo drama logo cedo.
Mãe: Filha? Milagre você acordar cedo assim, são 8 da manhã ainda.
Encarei o João com os olhos semi cerrados e disse:
- É culpa dessa praga do João, ele me disse que já havia passado das 10:00.
Meus pais deram risada e ele acompanhou.
Me sentei ao lado dele e disse baixinho:
- Eu te mato, sua desgrama.
Ele me olhou e disse com um sorriso no rosto:
- Tente a sorte.
Dei um beliscão no braço dele e o mesmo se contorceu na mesa soltando um baixo gemido de "ai".
Minha mãe olhou para ele e depois para mim e disse:
- Parem já de brigar, crianças.
Revirei os olhos e por comecei a tomar o meu delicioso café da manhã.
***
- Mais João, se eu não gostei dessa blusa, quem dirá ela, aliás, dar uma blusa de aniversário apenas? Um vestido pelo menos, né?
João: Ué , o que tem demais? Uma blusa bem bonita.
- Isso nem é blusa, é um pedaço de pano, seu sem vergonha.
Revirei os meus olhos.
João: Sem vergonha não, realista, a blusa é bonita, eu irei levar.
Dei uma gargalhada e disse:
- Vai usar ela hoje à noite?
Ele ficou com cara de bravo e disse:
- Vou sim, fazer uma dancinha pra você com ela. Ele fez a voz fina.
Dei mais gargalhada ainda e disse:
- Você não presta, vamos logo, temos o shopping todo para rodar.
João: Eu já estou arrependido.
- Ótimo, perfeito, agora vamos seu idoso.
O puxei pelo braço sem ao menos dar a chance dele comprar aquela blusa h******l que tinha pegado.
- É esse!
Falei olhando para o vestido azul marinho da vitrine.
João: Esse pedaço de pano? Ele disse no mesmo tom que eu outrora.
Dei um t**a nele e disse:
- Não ouse falar assim dessa beleza, você não entende nada de mulheres.
João: Entendo mais do que você.
- Aham, irei fingir que acredito nisso.
Comprei o vestido e continuamos andando pelo shopping.
João: Não vai acreditar quem tá ali.
- Quem? Falei curiosa.
João: A luiza, faz tempo que não vejo ela.
Olhei na direção em que ele estava olhando e a encarei, ela não havia me visto, mas estava diferente também, fazia muito tempo, ela havia engordado um pouco e seus cabelos estavam curtos, olhei um pouco para baixo e avistei uma criança segurando em suas mãos.
- João, ela já é mãe? Perguntei passada.
João: É sim, irá fazer 3 anos que ela é mãe.
- Meu Deus, como o tempo passa.
João: Pois é, as coisas mudaram muito por aqui, Lua.
Ele me olhou e senti um ar de preocupação.
- Tipo?
João: Você irá ver...
Engoli seco, será que ele estava falando do Gustavo?
Não me contive e disse:
- É o Gustavo, não é?
João: Esperta você.
- Tudo bem, eu realmente não me importo, já faz anos, eu era uma criança ainda...
João não disse nada e continuamos andando pelo shopping.
Comprei um salto e um urso para ela também, era bem fofo.
João: Urso? Tem certeza que você "era" criança?
Olhei para ele com cara de brava e disse:
- Urso é para todos, deixe de ser chato, você não era assim.
João: Eu disse que as coisas mudaram.
Dei risada e disse:
- Vou começar a pegar no seu pé, vai ver só.
João: Já pega faz tempo e nem percebeu.
Quando eu iria responder-lo, uma voz gravemente roca me interrompeu dizendo:
- Lua?