Lívia
A manhã chegou cinzenta.
Eu já estava acordada quando ele abriu os olhos ao meu lado.
— Bom dia, cara mia. — disse, com a voz rouca de sono, a mão quente deslizando para minha cintura.
— Bom dia. — respondi, suave, sem encará-lo.
— Ainda pensando em me surpreender? — perguntou, os lábios roçando minha orelha.
— Sempre. — respondi.
Ele riu baixo, beijando meu pescoço.
— Não importa o que faça… eu sempre ganho.
— Veremos. — murmurei.
Depois que ele saiu para atender ligações, fiquei no quarto sozinha.
Abri a gaveta e tirei o frasco.
O líquido brilhava, traiçoeiro.
Fui até o bar do quarto, peguei a garrafa de uísque dele, e cuidadosamente pinguei três gotas no copo que ele sempre usava.
Não era para matá-lo.
Só para derrubá-lo.
Eu precisava que ele sentisse que não era invencível.
Quando ele voltou, ainda afrouxando a gravata, olhou para a bandeja.
— Já me serviu? — perguntou, surpreso.
— Hoje quero que você apenas… prove. — respondi.
— Prove do quê? — ele arqueou a sobrancelha.
— De mim. — sorri.
Ele pegou o copo, sem tirar os olhos de mim, e bebeu.
Um gole longo.
Eu prendi a respiração.
— Você tem um gosto perigoso. — disse ele, com um meio sorriso.
— Talvez seja você que seja fraco demais. — rebati.
Ele deixou o copo na mesa e me puxou para perto.
— Fraco? — murmurou, a respiração já se tornando mais pesada.
Eu sentia o calor do corpo dele começar a subir além do normal.
— O que você fez? — perguntou, finalmente sentindo o coração acelerar, o corpo tremer.
— Só um lembrete… de que você não é deus. — murmurei, desafiadora.
Ele me empurrou contra a parede, as mãos prendendo meus punhos acima da cabeça.
— Você me envenenou? — perguntou, a voz entre um rosnado e um gemido.
— Nada que vá te matar. — disse, olhando dentro dos olhos dele.
O olhar dele oscilava entre ódio e desejo.
— Você é louca. — sibilou.
— Você me fez assim. — respondi.
Ele soltou uma risada baixa, doentia.
— Então me faça sentir. — ordenou, com a testa colada na minha.
Antes que eu pudesse reagir, ele me ergueu no colo e me jogou na cama, rasgando minha camisola com um puxão.
— Vai me castigar? — desafiei, ofegante.
— Não. — ele murmurou, os olhos febris. — Vou me perder em você.
Os dedos dele desceram famintos pela minha pele, marcando cada centímetro.
— Tira tudo. — disse, a voz rouca.
Me despi completamente sob o olhar dele, sentindo a tensão elétrica no ar.
Ele abriu a própria camisa às pressas, a respiração já entrecortada pelo efeito das gotas que eu coloquei no copo.
— Você me enlouquece. — disse, antes de se ajoelhar entre minhas pernas.
As mãos dele seguraram meus quadris com força enquanto a boca me explorava sem pudor.
A língua dele se movia lenta, depois rápida, alternando, me obrigando a gemer, a me arquear, a cravar as unhas nos lençóis.
— Olha pra mim. — ordenou.
Obedeci, encontrando aqueles olhos negros, ainda mais escuros pela febre que subia nele.
— Boa garota. — murmurou contra mim.
Quando me senti à beira do abismo, ele se ergueu, me virou de bruços e me penetrou de uma vez, profundo, quente, pesado.
Um gemido preso na garganta, e eu senti cada centímetro dele como se fosse a primeira vez.
— Você… é… minha. — disse entre investidas, a mão em minha nuca, me mantendo no colchão.
— Por enquanto. — rebati, arquejando.
Ele riu, rouco, e aumentou o ritmo, os quadris batendo contra os meus com força.
— Sempre. — murmurou. — Sempre.
Quando acabou, ainda ficou deitado sobre mim, ofegante, a pele dele pegando fogo.
Eu sentia seu coração disparado, os músculos tensos.
O veneno já começava a fazer efeito — os olhos dele turvos, o corpo vacilante.
— O que… você… — sussurrou, tentando se levantar.
Eu me virei para encará-lo, ainda nua, e sorri.
— Só um lembrete, Dante. Você também sangra.
Ele cambaleou para a poltrona e caiu sentado, a mão no peito.
— Louca… — murmurou, mas sem força.
Me aproximei devagar, me ajoelhei diante dele e segurei seu rosto entre as mãos.
— Você queria que eu jogasse, não queria? — perguntei.
— Não assim. — ele arfou.
— Assim é a única maneira que eu sei.
Beijei-o lentamente, sentindo o calor febril dos lábios dele.
— Eu não vou te matar, Dante. — prometi. — Não hoje.
— Então por que isso? — perguntou, a voz fraca, mas os olhos ainda desafiadores.
— Para você entender… que não é o único que sabe brincar com fogo.
Fiquei ali, sentada em seu colo, enquanto ele lutava para recuperar a respiração, o suor escorrendo pela testa, os dedos ainda cravados em minha coxa como se me pedissem para não ir.
— Você me paga por isso. — ele sussurrou.
— Então venha cobrar. — rebati, mordendo o lábio.
Mesmo debilitado, ele ainda encontrou forças para me puxar pela nuca e me beijar, profundo, possessivo, como se quisesse me consumir antes de desmaiar.
Quando finalmente os olhos dele se fecharam e a respiração ficou mais lenta, me levantei, peguei o robe e o cobri.
— Descanse, amore mio. Amanhã… você vai implorar para que eu pare.
Saí do quarto sem olhar para trás.
Agora, finalmente, eu sentia que era ele quem estava na jaula.