Não tente fugir

971 Words
Lívia A primeira coisa que sinto é o calor. Um calor pesado, sufocante, que me envolve como um cobertor. Por um instante, penso que ainda estou sonhando. Então, abro os olhos e me dou conta: não estou no meu apartamento. O teto é alto, com uma sutil pintura dourada, cortinas pesadas bloqueiam a luz da manhã, e o lençol sob meus dedos não é o meu é mais macio, mais caro, com um leve perfume masculino que me faz estremecer. E então sinto um braço pesado ao redor da minha cintura. — Bom dia. — A voz dele soa rouca atrás de mim, tão próxima que sinto a vibração contra a minha pele. Fecho os olhos por um segundo, tentando ignorar o arrepio que percorre minha espinha. — Eu preciso ir. — Murmuro, tentando me soltar. Mas o braço dele apenas aperta, e em menos de um segundo ele está em cima de mim, seus olhos sombrios me prendendo contra o colchão. — Você não vai a lugar nenhum. — Dante… por favor… — Não. — Sua voz é baixa, mas carregada de uma determinação fria. — Não depois do que aconteceu ontem. Tento me virar, mas ele segura meus pulsos e os prende acima da minha cabeça. — Você acha que pode brincar comigo, sumir por semanas e depois desaparecer de novo? — Seus olhos queimam. — Não, cara mia. Eu já te avisei. — Isso é loucura. — Digo, tentando manter a voz firme apesar do medo que sinto. Ele sorri. — Já te disse: sou louco por você. — Ele aproxima o rosto, roçando os lábios contra meu pescoço. — E você adora isso. — Eu não… — Não minta pra mim, Lívia. — Seus olhos brilham perigosos. — Eu sei quando você está mentindo. Ele solta meus pulsos lentamente, mas em vez de me levantar, seus dedos deslizam por minha pele, explorando cada centímetro como se quisesse gravar meu corpo na memória. Ontem à noite você disse que era minha. Ele pausa, os dedos parando em minha garganta. — Lembra? — Eu… — Diga de novo. — Dante… — Seus olhos se estreitam. — Diga. — Sou sua. — Admito, sentindo as palavras queimarem minha língua. Ele sorri, satisfeito, e seus lábios descem aos meus numa mistura de ternura e brutalidade. Depois, ele se deita ao meu lado, ainda me mantendo próxima, como se a qualquer momento eu pudesse evaporar. — Não entendo por que insiste em fugir de mim. — Diz, traçando círculos preguiçosos em minha barriga. Sabe que não adianta. — Porque você me assusta. — Bom. — Seu sorriso é sombrio. — É assim que deve ser. Fecho os olhos por um segundo, tentando recuperar a clareza. Mas cada vez que ele me toca, cada vez que seus olhos me encaram assim, sinto minhas defesas derreterem. Quando ouço sua respiração suavizar, sei que ele finalmente adormeceu. Meu coração dispara. É minha chance. Saio da cama o mais silenciosamente possível, pegando o vestido amassado do chão. Meus sapatos estão jogados perto da poltrona. O celular… não está aqui. — Droga. Ando na ponta dos pés até a porta, abrindo-a devagar. Um corredor longo se estende à minha frente, silencioso. Posso ouvir meu coração batendo nos ouvidos. Vou avançando, um passo de cada vez, rezando para que ele não acorde. Quando chego ao elevador, aperto o botão com dedos trêmulos. As portas se abrem com um ding baixo. Dou um suspiro de alívio e entro. Então, antes que as portas se fechem, uma mão surge e as impede. Tão previsível. a voz dele ecoa pelo corredor, gélida. Meu estômago afunda quando o vejo. Dante está encostado na parede, ainda sem camisa, os olhos escuros como a noite. — Achei que seria mais criativa do que isso. — Ele entra no elevador comigo e aperta o botão para fechar as portas. —Você realmente acha que pode fugir de mim, cara mia? — Eu… eu só precisava de ar. — Tento me justificar. Ele ri. Um som baixo, perigoso. — Você mente m*l. Antes que eu possa reagir, ele me empurra contra a parede do elevador, seu corpo colado ao meu, os olhos me prendendo como garras. — Quer saber como eu fiquei quando você sumiu da última vez? — Sua respiração está quente contra minha pele. — Vomitando. Febre. Dor no peito. — Achou que eu estava brincando quando disse que fico doente por sua causa? Fico em silêncio, tentando controlar as lágrimas que ameaçam surgir. — Pois não estava. — Sua mão segura meu queixo, me forçando a olhar para ele. — Você me destrói cada vez que foge. Então vou ser muito claro, Lívia. Ele aproxima os lábios do meu ouvido, e cada palavra é um aviso. — Se tentar escapar outra vez, eu não vou atrás só de você. Vou atrás de tudo o que você ama. Entendeu? Um nó se forma em minha garganta. — Sim. — Boa garota. O elevador chega ao térreo, mas ele não me deixa sair. Aperta o botão para o último andar e me conduz de volta ao quarto. — Agora, vamos tentar de novo. — Diz, me empurrando suavemente para dentro. — Sem mentiras. Sem fugas. Ele fecha a porta atrás de nós e me encara como se eu fosse o ar que ele respira. — Quero ouvir você dizer que é minha. De verdade desta vez. Respiro fundo, minhas pernas tremendo. — Sou sua, Dante. — Ele sorri, satisfeito, e seus dedos já estão em meu cabelo, puxando-me para mais um beijo dessa vez mais lento, mais profundo, como se quisesse provar a mim mesma que eu pertenço a ele. — Boa garota. — murmura contra meus lábios. — Agora venha. Quero você de novo. Até que seu corpo nunca mais esqueça que é meu.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD