Capítulo 02

2202 Words
CAPÍTULO 2 Ettore Ferrari Corro eufórico para pegar meus sapatos e colocá-los. Irei visitar a filha dos Petrov. Faz alguns meses que quero conhecê-la, preciso estar bem apresentável. Mamma dá os últimos ajustes em minha gravata, deixando-me elegante e bonito, como sempre cochicha ao meu ouvido. Todos entramos dentro do carro com os “soldados” logo atrás, escoltando-nos em carros separados. Eles sempre estão em alerta, prontos para proteger a família de qualquer perigo iminente. Olho pela a janela e vejo a neve caindo, dando o início ao inverno rigoroso da cidade. Gosto dessa estação do ano, imaginando que em breve poderia brincar nela, como uma criança normal faria, esquecendo assim o fardo que carrego com meu sobrenome “Ferrari”. Depois de alguns minutos finalmente o carro estaciona, e enfim, todos descemos. O sr. Petrov está na porta principal nos esperando, cumprimentando educadamente papà e mamma, com beijo no rosto e abraço apertado. Nossa famílias são muito unidas, e o carinho é enorme entre ambas. — Como vai, pequeno Ettore? — O homem pergunta para mim, com um sorriso amigável nos lábios. Todos são tão maiores que eu que ele até se inclina um pouco para me ouvir melhor. — Vou bem, sr. Petrov, e o senhor? — Retorno a pergunta. — Melhor não tem como ficar, filho. — Ele diz, logo depois se volta para meus pais e comenta: — Vamos entrar, Ivana está no quarto esperando a todos. Caminho ao lado do meu fratello Pietro, enquanto papà ficou logo atrás com seu velho amigo. Mammà vai à frente com minha sorellina Bianca em teus braços calorosos, batendo na porta assim que chegamos ao quarto. A empregada da casa abre e entramos. Fico observando as duas mulheres conversarem coisas que eu não entendia, depois meus olhos avistam de longe o pacotinho dentro do berço. Volto a minha visão para mamma e a sra. Petrova. — Posso chegar mais perto? — pergunto, enquanto apontava para o berço. — Claro que pode. Em passos largos, me aproximo ansioso para vê-la. Vejo-a brincar com as suas próprias perninhas, enquanto o sorriso banguela aparece para mim. Seus olhos são azuis... Um azul tão intenso e vivo, que fico hipnotizado por alguns instantes. São diferentes dos meus, escuros. Ela para de brincar e nesse momento sem me preocupar com a possível bronca, pego-a nos braços, segurando-a com todo o cuidado do mundo. É leve e fofinha como um pão quente e cheiroso. Como uma coisa tão pequena pode estar viva e sorrindo daquele jeito para tudo? Acalento-a em meus braços, jurando para mim mesmo que a protegerei do mundo, e todos que ousarem fazê-la sofrer. Seremos melhores amigos para sempre e eu estaria lá para guardá-la com suas bochechas rosadas e sorriso inocente. A sua pequenina mão vai de encontro ao meu rosto, tão delicada, mas já demonstra a força que possui. Sorrio, pego cheirando-a e sentindo o perfume doce, em seguida vou até o seu berço e apanho o seu ursinho de pelúcia, para brincar um pouco com ela antes de voltá-la para o seu lugar de antes. Os tempo foi passando, e o minha ligação com a menina com olhos da cor do mar foi crescendo, porém não sei em qual momento tudo desandou. Aurora foi sequestrada e nunca mais ouvimos falar sobre ela, nossa família entrou em guerra, pois os Petrov tinham convicção que os verdadeiros culpados fomos nós. Com tudo isso e a guerra que chegava à nossa porta, recebemos a terrível notícia que a sra. Ivana Petrova morrera de desgosto, depressiva amofinada dentro de um quarto pela perda de sua filhinha. Nunca me senti tão impotente mesmo sendo tão jovem, jurei proteger o bebê de olhos gentis e ela havia sido levada debaixo de nossos narizes! Eu nunca me perdoaria. Dezoito anos se passaram, de vez enquanto me pego regressando àqueles dias. Claro que tudo foi uma grande armação para separar nossas famílias, éramos fortes demais quando aliados. Hoje, nosso maior e pior inimigo é o homem que já foi um grande amigo de minha família. Um Ferrari nunca faria m*l a um Petrov, eu nunca faria m*l a Aurora. Com o decorrer do tempo, muitas coisas mudaram, dentre elas minha personalidade e temperamento. Como o novo chefe da famiglia, teria que tomar frente da nome sem questionamentos. Aurora, se estivesse aqui hoje, seria minha protegida com toda certeza. Ela foi e sempre será a única promessa que não consegui cumprir e que me corroía desde então. Ouço batidas na porta tirando-me dos meus pensamentos. É Carlota, minha secretária. — Senhor, chegou mais um currículo. — A mulher me entrega o envelope saindo logo em seguida. Olho todos os requisitos da pretendente, mas o que me chama a atenção é a sua beleza inigualável, ela acabará de completar seus dezoito anos. Uma beleza genuína e inocente com um rosto esperto e olhos sagazes. Graduação simples, mas com notas altíssimas. Teria que dar para o gasto, pois não estava aguentando aquela porcaria de telefone tocando o tempo todo. Carlota já estava perdendo a cabeça, precisava de ajuda e eu de silêncio. Faço uma ligação, encaminhando as informações ao meu “investigador”. Exijo um resumo a fundo sobre esse mulher. Quero saber tudo sobre ela, até o tipo de sua calcinha se for necessário, mas a quero aqui amanhã nessa sala e espero que não tenha nenhuma ligação com os malditos Petrov ou qualquer outro puto que queira ferrar meus negócios. Depois de resolver alguns assuntos pendentes, volto para a “sede”. Minha casa, meu palácio repleto de guardas dispostos a dar suas vidas por mim e tirar outras. Por mais que quisesse beber e fumar na companhia de alguns deles e com meu irmão, eu precisava urgentemente de silêncio, porque até mesmo embaixo do chuveiro eu conseguia ouvir o maldito telefone tocando! *** Cascittuni de merda… Com desprezo olho para o corpo sem vida diante de meus pés, queria informações e quando as consegui, não tive muito trabalho para degolá-lo, roubando o restante de sua medíocre vida. O desgraçado era um dos poucos soldati que sobraram do m******e de poucas horas atrás. Ultimamente estou tendo bastante prejuízo com os chineses, mas esses elos podres da Cosa Nostra sempre rendiam bons informantes, aqueles cães sicilianos não tinham respeito. Dessa vez roubaram um contêiner abastecido com um arsenal avaliado em dois milhões de euros numa emboscada. Agora que sei onde estão, não perderei mais tempo em recuperar o que é meu. — Junte os soldati. Quero aquele contêiner no porto em poucas horas — digo para meu irmão Pietro, que também é meu braço direito dentro da organização. Dirijo-me até a sala onde se encontram os armamentos, pego minha Glock posicionando-a na minha cintura. Depois seguro la mia bellezza preferita — um rifle com ferrolho de alvo anti-material, capaz de destruir estruturas, veículos blindados, helicópteros. Irei fazer um grande estrago, só isso me trará a noite de sono tranquila que desejo. — Os soldati já estão em seus postos, esperando o seu comando. — Pietro diz. — Buona fortuna, viva ‘Ndrangheta! Vamos acabar com aqueles desgraçados. Entro no meu carro juntamente com meu irmão. Saímos pelo túnel subterrâneo. Quando chegamos ao galpão, fico no meu posto observando de longe com meu fuzil. Pietro e o restante dos soldados, invadiram o local. Daqui dou assistência, qualquer um que tente chegar perto de Pietro, elimino, fazendo seus miolos voarem pelos ares. Não demorou muito para que ele ficasse em perigo, era sempre tão impulsivo quanto um novato. Pela mira aproximada percebi que não se tratava nem mesmo de um capo, era um verme de menor posição, um sicário. — Hora de começar a diversão, irmão — digo pelo comunicador. Acerto um tiro na cabeça do chefe da gangue provocando um caos de balas e gritos. Pietro é um excelente atirador e exímio líder tático, foi como uma brincadeira para ele apagar todos. Ordenei que colocassem bombas espalhadas, assim que meu contêiner estiver seguro, esse lugar será apenas destroços. Ninguém rouba o que é meu e quando isso acontece, me certifico de fazê-lo pagar caro. Vejo alguns dos meus soldados no chão, eles sabem do risco que correm todos os dias. Eles vivem para a família e que Deus os tenha. Quando meu contêiner está na carreta, dou ordem para Pietro ligar o cronômetro. Todos se preparam para sair de dentro do galpão. Saio do lugar que estava indo para o carro que me aguardava. De longe ouço a explosão decretando minha noite bem-sucedida. Assim que chegamos à sede, ordeno aos soldados para conferir minha mercadoria. Pietro ficará no comando, pois ainda preciso resolver algumas pendências na empresa. Hoje se tiver sorte, sairei com uma noiva daquele lugar. Tomo um banho rápido na sede, partindo logo em seguida. *** Deixo meu carro no estacionamento privado na empresa. Alinho meu terno e entro no elevador, refletindo sobre cada passo que será dado. Domenico disse-me que preciso casar, assegurar que o clã continue quando eu me for. Faz mais de uma semana que estou à procura de uma esposa que esteja no meu perfil desejado. Poderia me casar com uma das mulheres da organização e assegurar uma aliança mais que vantajosa para o clã Ferrari, mas eu não precisava disso. Eu não queria isso. Encaro a vista através da janela de minha sala, enquanto os minutos se passam. Tenho em minhas mãos o dossiê da mulher que em breve vai estar na minha frente. Em poucas linhas percebi que muitas informações eram incertas ou não faziam sentido, isso me deixou um pouco suspeito. Para todos os efeitos, ela estará fazendo uma simples entrevista para ocupar a vaga de secretária, se ela fosse uma informante da Camorra, da Cosa Nostra ou até mesmo dos Petrov, eu descobriria em apenas alguns minutos de conversa. Saio dos meus pensamentos ouvindo batidas na porta. — Sr. Ferrari, posso mandá-la entrar? — Carlota pergunta, aceno positivamente. Volto a ficar de costas, não demora muito para ouvir novamente a porta sendo aberta. Quando ouço passos ecoando no piso de mármore, me viro. De todas as mulheres que já contemplei, essa é surpreendentemente uma obra de arte. Mesmo sem querer, meu olhos deslizam pelo seu belo corpo, apreciando suas curvas suaves que parecem ter sido moldadas à mão. O vestido que ela está usando me deixa atordoado, fazendo-me imaginar o que poderia encontrar por debaixo dele. É leve, nada como os tecidos pesados que manda o figurino social do prédio. Olho para o seu rosto e fixo o meu olhar na sua boca. Seus lábios carnudos me fazem querer prová-los, e assim descobrir o sabor que eles possuem. Ela parece constrangida ao perceber minha avaliação, tenho que me concentrar para não estragar nenhuma de minhas pretensões. Porém, devo concordar que a sua beleza é única e não seria nada m*l fazer mais um Ferrari com alguém assim. Saio do meu estado de torpor e digo: — Sente-se, por favor. — Indico a poltrona, ela faz como digo balançando seus quadris em perfeita harmonia enquanto caminha, sentando-se em seguida. Vou até minha cadeira fazendo o mesmo, com a documentação em mãos encaro-a pensando em como será a sua reação ao descobrir onde estará se metendo. — Senhorita Santi, por qual razão você se acha merecedora de ganhar este cargo? — Seus olhos desviam dos meus, para encarar suas mãos, parece nervosa. — Bom... Na sua empresa terei a oportunidade de crescer e evoluir profissionalmente. Irei me empenhar todos os dias para dar o meu melhor. Vou me dedicar cem por cento a esta empresa, garanto que senhor não vai se arrepender. A todo momento encaro seus lábios, imaginando-os acariciando a cabeça do meu p*u enquanto fodo sua boquinha. A sua resposta não me foi convincente, deixa claro a sua total inexperiência, mas mesmo assim se empenhou para responder, mostrando que de fato seria competente. Porém, a quero para outros fins. Se essa tal Violleta for uma informante ou qualquer coisa do gênero para qualquer outra organização inimiga, ela seria um bom trunfo para espiar o outro lado. Caso não for, há tantos outros modos de me beneficiar… Resoluto, pulo para o ponto final. Entrego a documentação para ela assinar. — Leia. — Ela abre um sorriso. — Isso significa que a vaga é minha? — Sim, agora leia o contrato. — Não será preciso. — Diz, assinando todas as linhas sob meu olhar arregalado e surpreso. Ela não sabe o quanto isso pode custar caro, até mesmo sua vida! Ela parecia feliz demais fazendo isso, quase como se estivesse salvando sua pele. — Pronto! — Ótimo, agora Carlota vai mostrá-la o que deve fazer. Na hora do almoço estarei esperando-a aqui, para almoçarmos juntos. Como você não quis ler o contrato, vamos discutir sobre alguns assuntos importantes a respeito da… contratação. — Tudo bem. Carlota vai distraí-la enquanto resolvo o restante das papeladas. Disco o número de Pietro, quero avisá-lo de que duas boas vantagens acabaram de cair sobre meu colo. Sendo ou não espiã do outro lado, a jovem Violleta está a poucas assinaturas de carregar o sobrenome mais temido de toda Itália. O meu.
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