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1271 Words
- Mas esse ano queremos fazer tudo isso! - o diretor completou. E começou a gritaria. Comecei a rir pela empolgação dos alunos e quando olhei pro lado novamente, o Leonardo estava me olhando. Fiquei séria na mesma hora, mas logo desviei o olhar para a Luíza não perceber nada e me encher de perguntas. O diretor Pedro voltou a falar mais algumas baboseiras e assim que ele saiu do palco, veio atrás de mim. Certamente queria falar sobre o meu irmão. - Fiquei sabendo que o Gustavo vai fazer intercâmbio. - Sim. Ele vai daqui dois meses. - respondi. - Pra onde? - França. Desviei a atenção para outro lugar por um momento e vi um garoto muito bonito e sem uniforme do colégio esperando para falar com o Pedro. Fiquei meio perdida por alguns segundos, era um milagre ter pessoas lindas aqui. - O meu filho... - tossi sem querer. - Queria conversar com o seu irmão sobre como ele conseguiu e por qual programa. Está interessado em fazer intercâmbio e engenharia, então... - Ah, legal. - falei sorrindo. - Ah, que modos... - o garoto disse. - Sou Gabriel, prazer. - ele se aproximou me dando um beijo na bochecha e fez o mesmo com a Luíza. Nossa, ele era muito educado. - Mariana. - Oi, eu sou a Luíza. Que milagre encontrar alguém como você por aqui. - Luíza disse toda oferecida e eu comprimi os lábios segurando a risada. - Vai estudar aqui? Ou só veio com o seu pai? - perguntei. - Vou estudar aqui. - Qual série? - Diz primeiro colegial, diz primeiro colegial... - Luíza começou a dizer baixinho e eu comprimi um riso novamente. - Segundo colegial. - Droga. - ela murmurou. - Você já deve saber onde fica, né? Ou está meio perdido? Se você quiser, eu te apresento para algumas pessoas de lá. - eu era amiga de dois garotos do segundo. O Christian e o Raul. - Ah, eu agradeço. - ele disse sorrindo. Me aproximei do Christian, do Raul e do Leandro - que também é do segundo colegial - e o Gabriel e a Luíza vieram atrás de mim. - Oi gente, tudo bem? - falei abraçando um de cada vez. Luíza fez o mesmo. - Então, esse é o Gabriel, ele é fi... - Gabriel fez um sinal para que eu não dissesse que ele era filho do diretor e eu parei de falar. - Ele não conhece ninguém por aqui. - concertei a frase. - E Gabriel, esses são Christian, Raul e Leandro. O Christian perguntou de qual colégio ele veio, então logo eles começaram a conversar. Luíza e eu percebemos que estávamos sobrando e fomos tomar água. - Que foi, maluca? - perguntei quando percebi seu olhar malicioso. - Ele ficou totalmente afim de você. - ela disse. - O que é uma pena, já que eu ficaria com ele de boa... - comecei a rir. - Pode ficar, amiga. Vai que é teu. - Então, estou liberada? - assenti. - Ah, que ótimo! Pena que ele está olhando pra você até agora. - nem olhei. - E espera... o Castanhari também. - Você está ficando doida, Luíza. - falei. - Vamos voltar logo para a sala. O professor de português está irritado. - Vamos, então. - ela riu e passou o braço pelos meus ombros, me abraçando de lado. Durante o primeiro intervalo do ano, Luíza e eu fomos falar com os alunos novos como sempre fazíamos e as únicas legais eram a Natália, a Fernanda e a Priscila. A Luíza não foi muito com a cara da Priscila e quando perguntei o motivo, ela só respondeu "Eu não gosto de catarinenses". Tipo, oi?! Não entendi a implicância dela, mas relevei. - Olha aquele! - Luíza apontou para um garoto que estava com os meninos do terceiro colegial. - Ele é gato. - Você está parecendo uma caçadora. - digo mexendo em minha pulseira. - Claro. Eu estou me sentindo tão sozinha ultimamente. Eu me sentia assim antes, mas eu ainda sou nova pra pensar nisso. Quero dizer, sempre quis viver aqueles romances hollywoodianos, mas isso não vai acontecer agora e muito menos aqui. Eu era bem sonhadora nesses casos - e em tudo -, mas quis cortar minhas asas. Ás vezes me sentia sozinha da mesma forma que a Luíza e era ainda pior porque nós duas sempre fomos rodeados de amigos e agora era apenas eu e ela. - Olha só... seus crushes estão amiguinhos. - ela disse olhando para o Gabriel e o Leonardo conversando. - Que crushes o que, Luíza? Se liga! - falei revirando os olhos. - Ei! - ouvimos a voz da Natália e ela veio correndo até nós. - Posso ficar com vocês? Aí vocês me apresentam quem já conhecem e tal... estou meio perdida. - ela sorriu nervosa. - Claro! - falei. - Olha, o pessoal da nossa sala são uns... - não sabia definir. - Uns idiotas. - Luíza completou minha frase. - Na verdade, nós achamos isso, mas você pode gostar deles. - dei de ombros. - Nós somos muito legais. - Luíza disse enfatizando o muito, e eu ri sabendo que era mentira. A Luíza é toda invocada com quem não conhece ou quando não gosta de alguém. E eu? Bom, antes eu era amiga de todos, mas depois do que aconteceu eu fiquei mais distante e parei de me importar com tudo e todos ao meu redor. Esse era o meu maior defeito antes... me importar demais. Não sei muito bem como aquela confusão do ano passado começou, mas acho que foi um combo que me fez cansar e surtar. Como existiam pessoas que precisam diminuir as outras para se sentir bem? Isso era doentio. - Realmente, achei esse povo estranho! - Natália disse. - Ninguém nunca veio falar comigo no primeiro dia e olha que já mudei muito de colégio. - Aí que fofa! - Luíza disse. - Bom, eu juro que somos muito legais. Talvez nem tanto, mas... - Luíza quer estragar a nossa chance de ter uma amiga nova. - Chega, Luíza. - murmurei e a Natália começou a rir. - Mas e aí? Está gostando da escola por enquanto? - Luíza perguntou. - Sim! Estou adorando. - disse. - Principalmente pelos gatos... - ela sussurrou e olhou para o grupo dos meninos do segundo. Eles eram os mais bonitinhos do colégio. - Adooooro! - falei rindo. - Olha, aquele tem namorada. - apontei para o Tomás. - O resto são todos solteiros. - Na verdade... - Luíza, cala a boca. - a interrompi antes que ela dissesse coisas desnecessárias. - Então, você está ficando com algum deles? - Natália perguntou curiosa. - Não mesmo. - Ainda não. - fuzilei a Luíza com os olhos. - Qual deles? - Natália perguntou. - Cast... - Luíza! - a interrompi com a voz aguda demais. Ela estava bem insistente hoje! Eu não queria que a Luíza ficasse falando sobre isso. Eu queria mesmo esquecer e superar para ficar totalmente livre de sensações tão estranhas, mas se ela ficasse voltando nesse assunto... quando eu ia esquecer? Tenho uma certa implicância interna com ele, mas era para armar todos os meus muros contra o que eu sei que posso sentir. Cada vez que falo com ele, cada vez que ele me olha... eu me sinto tão confortável e ao mesmo tempo com minha mente embaralhada, um frio na barriga e o coração descompassado. Ele me assustava e isso era um fato. Só queria saber um jeito de me livrar de tudo isso.
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