BRuna Eu estava aprendendo como era viver de verdade. Antes do morro, antes de Adelson, antes dessa sensação estranha de liberdade e medo misturados, tudo que eu conhecia era o bunker. O silêncio dele. O cheiro de umidade. O frio do chão duro. O eco dos meus próprios pensamentos tentando me convencer de que, se eu dormisse e acordasse de novo, talvez tudo fosse um pesadelo e, na manhã seguinte, eu estaria livre. Mas o pesadelo era real. Os dias passavam sem diferença, sem cor. O tempo escorria devagar, como um relógio quebrado que nunca marcava uma hora certa. Meu pai — aquele que nunca mereceu esse nome — vinha, falava comigo como se eu fosse um pedaço de porcelana trancado numa prateleira. Como se minha existência pertencesse a ele. Os toques… Deus, os toques. Essa era a pio.r parte

