Xandy Chegamos na rua de cima com o morro quieto demais. Sabe quando parece que todo mundo ouviu, mas ninguém quer comentar? Era isso. Casa da beirada, pequena, pintada de azul e limpa. A gente entrou sem bater. Nessas horas, ninguém tranca porta. Maria do Rosário tava sentada à mesa, calma com um copo de café na mãs, as costas retas, o olhar firme e sem medo. A mãe dela, encolhida no sofá, chorava com as mãos tapando o rosto. Soluçava baixo, feito criança. Mas a menina não chorava. Nem tremia. Só bebia. — O que aconteceu? — perguntei, encostando no batente da porta. Ela me olhou como quem já sabia que ia ter que repetir aquilo várias vezes. A voz saiu seca, sem pressa, sem desviar os olhos. — Ele ficava olhando eu tomar banho. Furou a parede pra me espiar. Eu avisei uma, duas vezes

