JESSICA POV
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Nick parou de vir ao nosso quarto duas semanas atrás... Agora eu durmo sozinha, mas me acostumei e agora é reconfortante, adoro entrar em um quarto, pular ou cair na cama sem esforço.
Estou sentada no escritório de Nick, mexendo em papéis que precisam ser feitos. Tenho que assinar os pedidos de comida e meus olhos passeiam pela lista de caminhões que precisam entrar nas instalações.
Antes de eu poder assinar os papéis, a porta do escritório se abre de repente e Nick entra, rosnando e grunhindo para mim.
"Você está louca?" ele grita alto e eu o encaro com um olhar entediado. "Desculpe?"
Ele está ofegante na frente de sua própria mesa, seu olhar escuro e os olhos estreitos.
"Você a fez atacar!" ele bate suas mãos cerradas na mesa, deixando um rosnado escapar de sua garganta.
"Fiz o quê?" meu rosto se contorce de confusão.
"Não finja que não sabe, eu sei que você sabe, mas não precisa agir assim." suas p************s fazem meus olhos se arregalarem.
Deixo minha caneta cair sobre os papéis à minha frente enquanto desfaço as pernas cruzadas e me levanto, encarando seu olhar frio, de maneira divertida.
Com as mãos apoiadas na mesa de madeira à minha frente, me inclino para frente, encarando-o, "O que há de errado com você?" balanço a cabeça desaprovando seu tom.
Ele nunca levantou a voz, ficou bravo ou me repreendeu... mas olhe para ele agora, pensando que eu machucaria sua pequena companheira por vingança.
Se eu quisesse matá-la, teria feito eu mesma.
"O que há de errado comigo?" ele resmunga, o polegar arrastando-se sobre o lábio inferior.
"Você foi atrás da minha companheira, enviando pessoas para fazer o seu trabalho sujo", ele rosna com uma expressão de nojo no rosto.
"Se eu quisesse matá-la, eu... mas agora parece que até mesmo a alcateia não gosta dela... então talvez..." minha mão vai até a borda da mesa enquanto circulo-a, "talvez eu deva matá-la, quero dizer... seria meu dever com a alcateia." sorrio para ele e ele me encara com olhos cheios de raiva.
"Você não vai!" ele grita e eu paro no lugar, "Veja você... veja o que está fazendo conosco." sento na borda da mesa, uma perna reta para me sustentar.
Seus olhos suavizam, sobrancelhas arqueadas se juntando, linhas de preocupação se formam em sua testa entre as sobrancelhas.
"O que estou fazendo? Você está tentando matar minha companheira", ele sibila com uma expressão cheia de raiva.
"Eu sou a sua companheira!" eu grito, derrubando a estátua de lobo de madeira de sua mesa com as costas da minha mão.
Horror enche seus olhos, mas é rapidamente substituído por tristeza e culpa.
Ele dá um passo para trás, engolindo o nó que se formou em sua garganta, "Você está certa..."
Reviro os olhos, suspirando enquanto encaro o gancho da mesa em minha frente. "Estou, mas você não se importa. Não mais." levanto, olhando nos olhos dele. Ele me encara com pena, "Desculpe... me deixei levar no momento com a Tiffany.." um rosnado suave escapa dos meus lábios e o faz dar um passo mais perto, mas ele não levanta a mão para me tocar.
Tudo o que eu quero é que ele me console, que me escolha, mas sei que isso nunca vai acontecer.
"Eu não quero mais brigar com você, Jess..." meu coração dispara com o apelido que ele usa.
Isso me lembra dos tempos melhores, de todos os anos que fomos amigos, amantes e mais.
Éramos parceiros e agora estamos brigando um com o outro.
"Não me chame assim..." suspiro, desviando o olhar dele.
"Eu vou melhorar... vou dedicar mais tempo a você." suas palavras fazem meu olhar voltar para ele, "Não precisa, sei que você não quer."
Não quero que ele tenha pena de mim, eu odeio isso. Odeio saber que ele não me ama mais...
"Por favor, eu te amo." ele se aproxima e afasta meu cabelo do pescoço antes de seus dedos roçarem levemente sobre minha marca.
Inalo uma respiração profunda quando o prazer se acumula na base da minha espinha. Me inclino em seu toque quando sua mão vira e ele a apoia em meu rosto.
"Eu te amo, Jess, você é meu primeiro amor." sua mão desliza pelo meu braço, o calor de sua mão enviando um arrepio pela minha espinha.
É uma sensação formigante que faz meu sistema nervoso tremer e embaralhar meus pensamentos por completo.
Quero abraçá-lo ao mesmo tempo em que quero afastá-lo e recriminá-lo, mas seu toque me enfraquece…
"Pare." a palavra escapa dos meus lábios em um gemido suave e ele para…
"Me diga como consertar isso." sua voz implora.
"Pare de levá-la a todos os lugares... eu sou sua primeira companheira, seu verdadeiro amor, não algo preso pelo destino com algum feitiço mágico. Sou sua Luna e você está me tratando como a outra mulher. Vamos deixar isso claro, eu não sou a outra mulher, eu sou a mulher. Essas pessoas, nossa alcateia... eles não confiam nela e nem eu. Eles não a respeitam porque tudo o que veem é sua líder triste e o outro se divertindo com uma vadia." um rosnado baixo escapa de seus lábios.
"Viu? Você está tratando ela como a Luna, onde ela não é, e eu sou. Sua Luna é sua maior prioridade, e ainda assim, você está falhando nessa simples tarefa."
Seus lábios se abrem e então se pressionam em uma linha fina, acho que o deixei sem palavras.
"Sinto muito."
Seu pedido de desculpas me faz resmungar, "Não, você não sente."
"Sinto, por favor, me deixe consertar isso."
"Como? Como você consertaria isso?" cruzo os braços sobre o peito.
"Me deixe te levar para a reunião amanhã à noite, você e eu, lado a lado, como costumávamos ser." Tudo parece bom demais para ser verdade, mas acho que devo aceitar... pelo bem da alcateia.
"Certo, mas você não estava levando a Tiffany?" minhas sobrancelhas se levantam e ele solta um suspiro pesado. "Vou falar com ela. Ela vai entender".
Tenho certeza de que ela vai entender.
"Certo, posso voltar a fazer isso agora?" faço um gesto para os papéis ao meu lado e ele concorda, colocando as mãos atrás das costas antes de virar as costas e sair do seu próprio escritório.
Gostaria que ele tivesse ficado... que quisesse conversar... mas tudo isso não é porque ele me ama. É porque ele ama ela.
Ele sabe que precisa da minha aprovação porque eu sou a Luna, a coisa mais preciosa para a alcateia, não a Tiffany, porque ela é apenas a outra mulher, mesmo que ele me trate assim.
Ele está falhando e precisa me manter ao seu lado para protegê-la, mas acho que se eu quiser que isso dê certo, se eu quiser tê-lo ao meu lado novamente, terei que lidar com quem queria matá-la logo de cara. Tenho quase certeza de que as empregadas sabem de algo, elas sempre sabem de tudo.
Termino o meu trabalho antes de sair e as pessoas se reúnem ao meu redor enquanto eu sigo em direção à casa da alcateia, chamando por mim: "Luna!" é tudo o que ouço enquanto caminho.
Paro na frente da casa da alcateia, de pé nos degraus para observá-los todos. "O que posso fazer por vocês?" sorrio graciosamente.
"Quem é aquela mulher com o alfa?"
"Ele não é seu companheiro?"
"O alfa está te traindo?"
Vejo que o Nick tem ficado muito ocupado em público…
"Tiffany é a companheira destinada do alfa." Anuncio e o ar ao meu redor se enche de suspiros e eu respiro fundo, "E aconselho a todos vocês a serem gentis com ela, vocês não precisam gostar dela, mas ela agora faz parte das nossas vidas." Forço um sorriso e uma mulher se aproxima de mim, as mãos juntas. "Mas Luna... como isso pode ser? Ter uma companheira destinada é tão raro..." ela balança a cabeça, parecendo confusa.
Eu também estava…
“É raro, mas não impossível." Engulo o nó na minha garganta.
"Por favor... se souberem de algo sobre o ataque... me avisem." Forço um sorriso, me virando levemente antes de olhar para a multidão que está comigo. "E sejam amigáveis, lembrem-se que eu sou a luna." Provoco, piscando para eles e recebo algumas risadinhas e resmungos para minha piada boba.
Depois de perguntar para quase todas as empregadas e servos se eles ouviram ou viram alguma coisa, eles não ouviram, o que é algo inédito. Algo poderia acontecer na privacidade de uma casa e essa casa da alcateia vibraria com notícias e sussurros.
Continuo o resto do dia perguntando por aí na alcateia, e como esperado, todos odeiam ela, assim como eu.
Eles acham que ela é uma ameaça e estou cansada de defendê-la para cada pessoa.
Mas eles a enxergam como eu a enxergo, uma mimada, uma pessoa sem valor que arruína casas e vidas alheias porque não tem a própria.
Sinto pena dela porque até mesmo a própria mãe dela não vê a hora de se livrar dela e agora ela foi deixada aqui, morando na minha casa... Odeio que o Nick a tenha trazido depois que ela chorou dizendo que seu relógio caro tinha sido roubado, o mesmo que ela estava usando dois dias atrás e surpreendentemente encontrou…
Uma mentirosa, uma manipuladora, uma vagabunda e uma destruidora de lares, tudo envolvido em um pequeno corpo humano.
Chego em casa depois de não ouvir nada e encontro Tiffany sentada no sofá, chorando.
Patético.
Bato a porta atrás de mim e vou para a cozinha. "Como você pôde?" ela resmunga atrás de mim e eu me viro com os olhos arregalados, surpresa por ela estar falando comigo.
"Desculpe?"
"Você está tentando roubá-lo do pouco tempo que tenho com ele!" ela grita comigo e eu levanto a mão ironicamente.
"Ok." reviro os olhos e me viro, meu corpo ficando tenso quando o vaso que acabei de colocar de volta bate na parede ao lado da minha cabeça e eu me viro com olhos brilhantes focados nela.
"Você está louca?" grito, fazendo-a choramingar e ela segura a cabeça entre as mãos.
"Esqueça isso..." suspiro e ela corre até mim, segurando meu braço. "Você vai pagar por isso." ela rosna antes de olhar para os cacos de vidro quebrado no chão e solta um grito.