Capítulo 10: Desejos Velados

728 Words
O dia estava quente, e Serena caminhava em direção à fazenda como de costume, cantando baixinho uma melodia que aprendera ainda menina. A tranquilidade do momento foi quebrada quando braços fortes a envolveram por trás. Ela ofegou, virando o rosto rapidamente. — Oi, Alessandro! — disse, sorrindo ao reconhecê-lo. — Você me assustou! Seu sorriso era espontâneo e iluminado, algo que Alessandro não conseguia ignorar. Ele ficou por um breve momento observando-a. Sem hesitar, inclinou-se e tomou seus lábios num beijo intenso, surpreendendo-a. Serena correspondeu sem pensar, seus braços envolvendo-o naturalmente. Quando o beijo terminou, ela respirava com dificuldade. — Todo dia você corre? — perguntou, tentando disfarçar a intensidade do momento. Alessandro sorriu, os olhos brilhando de malícia. — Nem todo dia, mas gosto de me manter em forma. Ela soltou uma risada tímida. — Ah... Isso explica por que você é tão forte. Ele riu suavemente, e os dois começaram a caminhar juntos em direção ao casarão. A presença dele tão próxima fazia o coração de Serena acelerar descontroladamente. Quando estavam quase chegando, Alessandro parou abruptamente, puxando-a para mais perto. Seu rosto estava a poucos centímetros do dela, seus olhos fixos, como se estivessem lendo cada pensamento em sua mente. ___ A verdade não dita Alessandro continuava com seu plano de levá-la para a cama. Para ele, Serena era uma distração irresistível. Seus verdadeiros sentimentos estavam longe de qualquer comprometimento. Manipulá-la era apenas parte do jogo. — Serena, fica comigo hoje... — sussurrou com um tom de urgência. — Me mostra que gosta de mim de verdade. Ela tentou responder, mas a voz saiu como um sussurro quase inaudível: — Alessandro... Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, notou a presença de alguns empregados próximos. Alessandro também percebeu e se afastou ligeiramente. — Mais tarde, pego você para darmos uma volta — disse ele, piscando antes de sair. --- Horas depois... No chuveiro, Alessandro deixava a água escorrer pelo corpo enquanto pensava nela. Um sorriso travesso surgiu em seus lábios. "Essa garota... Está me deixando cada vez mais intrigado. Quem diria que este lugar monótono teria algo tão interessante?" Do outro lado, Serena lavava as louças, perdida em pensamentos. "Será que estou atrapalhando as coisas entre mim e Alessandro resistindo tanto?" — Menina! Está me escutando? — a voz de Alzira trouxe Serena de volta à realidade. — O quê? Desculpa, dona Alzira, estava distraída... Alzira a observou com curiosidade antes de falar, a voz carregada de naturalidade: — Os patrões deixaram os pagamentos. Coloquei o seu no lugar de sempre. Serena sorriu agradecida, secando as mãos no avental já gasto: — Obrigada, dona Alzira. Depois eu pego. Cada moeda que juntava era um pequeno passo para reformar o barraco em que vivia. Era um sonho simples, mas tudo o que tinha. Alzira, percebendo sua concentração, acrescentou: — Menina, os patrões estão te chamando. Pode deixar que termino isso aqui. Serena assentiu, dobrando o pano cuidadosamente, antes de seguir para a sala principal. Ao entrar, encontrou Inácio e Eleonora sentados no sofá. Respirando fundo, dirigiu-se a eles com formalidade. — Senhor Inácio, senhora Eleonora, me chamaram? Eleonora gesticulou para que ela se sentasse. — Sim, Serena. Por favor, sente-se. Serena obedeceu, notando uma seriedade na expressão de ambos. Eleonora finalmente falou: — Amanhã haverá um jantar especial, em comemoração ao aniversário de Inácio. Queremos que você venha como nossa convidada. Inácio completou, o tom mais afetuoso: — Você é muito especial para nós, Serena. Será uma honra tê-la à mesa. Por um momento, Serena ficou sem palavras. Sentia-se tratada com tanto carinho por seus patrões que m*l sabia como reagir. Com um sorriso delicado, respondeu: — Será um prazer. Tenho muito carinho por vocês também. Farei questão de estar presente. Ela se levantou, abraçando-os com gratidão. Mais tarde, sozinha em seu pequeno quarto no casarão, que dona Eleonora tão generosamente oferecera para quando ela precisasse, sua mente divagava. "Devo levar algo especial." Lembrou-se do doce preferido de Inácio e, rapidamente, pediu a um dos empregados que frequentemente ia à cidade que comprasse os ingredientes necessários, entregando-lhe o dinheiro. --- Na varanda... Alessandro observava Serena de longe, percebendo a naturalidade com que ela se movimentava. Algo dentro dele o incomodava, mas ele não conseguia definir exatamente o que era. "Essa garota... Por que me intriga tanto?" pensou, enquanto segurava sua bebida observava o céu começar a escurecer.
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