Serena estava no quarto, observando a imensidão da cidade iluminada pela janela.
Um contraste tão grande com a tranquilidade da fazenda. Sua mente divagava quando ouviu passos firmes se aproximando. A porta foi aberta bruscamente, revelando Alessandro, com a expressão carregada de irritação.
— O que você está fazendo aqui? — ele perguntou com um tom frio, os olhos fixos nela, como se sua presença fosse um incômodo.
Serena virou-se assustada, as palavras presas na garganta. — Eu... eu... — tentou dizer, mas o nervosismo a dominou.
Alessandro avançou lentamente, a presença dele tornando o ambiente pesado. — Não gosto que entrem no meu quarto sem a minha permissão — disse, a voz baixa e carregada de firmeza.
Serena recuou um passo, apertando as mãos na frente do corpo. — Foi a Dirce... Eu pedi para ela me mostrar onde eu ficaria, e... e ela me trouxe até aqui. Desculpa, eu... não sabia...
Sem mais palavras, Alessandro segurou seu braço firmemente, fazendo-a ofegar de surpresa. Ele começou a guiá-la para fora do quarto, o olhar fixo à frente. — Pois bem. Este é o meu quarto. Não entre novamente a menos que eu a chame. — A voz dele era ríspida, e cada palavra parecia pesar sobre Serena.
Chegaram a uma porta no corredor, e ele a abriu, ainda segurando seu braço. — Fique aqui — disse, soltando-a com um gesto brusco.
Serena assentiu, esfregando o braço que agora doía levemente. Ela o observou se afastar sem olhar para trás, o som das passadas ecoando no silêncio. Quando a porta se fechou, lágrimas quentes começaram a rolar por seu rosto. A rejeição era um golpe em seu peito, mais doloroso do que imaginara.
Com um suspiro, Serena olhou ao redor. O quarto, embora menor e menos luxuoso que o de Alessandro, ainda era bonito e aconchegante. Caminhando até outra porta, encontrou um banheiro. Tirando a roupa, entrou no chuveiro, deixando a água quente lavar as emoções que se acumulavam.
Enquanto isso, Alessandro, em seu próprio quarto, também se preparava para um banho. Seus pensamentos estavam em ebulição. A raiva parecia queimar em suas veias, misturada com uma confusão que ele se recusava a nomear.
A presença de Serena o incomodava de maneiras que ele não queria admitir.
Mais tarde, com fome, Alessandro decidiu pedir uma pizza. Ao lembrar-se de Serena, imaginou que ela também não havia comido nada desde o incidente no carro. Por um momento, considerou chamá-la, mas deu de ombros, reprimindo a ideia.
No entanto, quando a pizza chegou e ele pegou um pedaço, a culpa o cutucou. Suspirando contrariado, Alessandro se levantou e foi até o quarto de Serena. Bateu na porta uma vez.
Serena, ainda acordada, deu um pulo ao ouvir a batida. Abriu a porta, os cabelos ainda úmidos e os olhos assustados. Alessandro a observou por um instante antes de dizer: — Você deve estar com fome. Pedi pizza.
Sem esperar por resposta, virou-se e começou a caminhar para a sala. Serena o seguiu hesitante. — Si-sim... — murmurou, mais para si mesma.
Na sala, Alessandro pegou outro pedaço e se sentou. Serena aproximou-se, observando-o com cuidado antes de pegar um pedaço. Ao dar a primeira mordida, não conseguiu conter um gemido de satisfação. — Huumm, nossa, está uma delícia!
Alessandro a olhou de relance, atraído pelo som inesperado. Por um instante, pensamentos involuntariamente maliciosos invadiram sua mente, mas ele balançou a cabeça, afastando-os. Levantou-se sem dizer nada e foi para o seu quarto.
Serena, notando a falta de camisa e a calça de moletom que ele vestia, corou, mas concentrou-se novamente na pizza.
Após terminar de comer, Serena ajeitou a mesa e voltou ao seu quarto, grata por não dormir com fome.
Na manhã seguinte, Serena acordou cedo, como de costume. O céu estava claro, mas o silêncio parecia vazio sem os passarinhos que costumava ouvir na fazenda. Suspirando, foi tomar banho, apreciando o luxo de ter água quente a qualquer momento.
Vestiu um vestido simples e desgastado e foi até a cozinha, onde encontrou Dirce. — Bom dia, Dirce! — cumprimentou com um sorriso.
— Bom dia, senhora — respondeu Dirce, com formalidade.
— Por favor, pode me chamar só de Serena — insistiu, mantendo o sorriso.
— Como quiser — respondeu Dirce, retribuindo o gesto.
— Posso preparar o café do senhor Alessandro? — perguntou Serena, com um tom tímido.
— Claro, Serena. Fique à vontade. Se precisar de algo, é só chamar.
Pouco depois, Serena havia terminado de colocar o café na mesa quando Alessandro se aproximou. Ele a olhou com uma expressão neutra. — O que está fazendo?
— Preparei o nosso café. Está uma delícia — respondeu, tentando soar animada.
Ele se serviu, indiferente, enquanto Serena se sentava à mesa. Cada movimento dele a fazia sentir uma pontada no coração. Enquanto ele tomava o café em silêncio, Serena observava o quão distante ele parecia, e sua esperança de alguma conexão verdadeira diminuía cada vez mais.