Capítulo 28 - Entre Aparências e Desejos

896 Words
Serena estava na cozinha, segurando um copo de suco gelado. Enquanto mexia distraidamente o líquido, seus pensamentos a consumiam. Por que, mesmo depois de tudo, ela ainda se importava tanto com Alessandro? Por que desejava que aquele casamento forçado desse certo? Desde o momento em que o viu, um sentimento inexplicável havia surgido dentro dela, crescendo a cada olhar, a cada palavra dele — mesmo as mais duras. Respirando fundo, ela pegou o copo e decidiu levá-lo até o quarto dele. Sabia que as compras do shopping já estariam lá, organizadas a mando de Eleonora. Talvez aquele pequeno gesto fosse uma forma de tentar se aproximar. Quando abriu a porta, Alessandro estava no final de uma ligação. Seu tom era firme e autoritário, o que a fez hesitar por um segundo antes de entrar. — Oi... — disse ela, nervosa. — Eu trouxe um pouco de suco. Está muito bom. Alessandro desligou o telefone, virou-se lentamente e a encarou com um olhar frio. Sua expressão era indiferente, quase impassível. — Por que isso? — perguntou, com a voz carregada de desconfiança. Serena ficou tensa, segurando o copo com as duas mãos para evitar que ele tremesse. — Eu... eu achei que você gostaria. E que talvez... pudesse se sentir melhor. Ela tentou sorrir, mas o nervosismo tornou o gesto frágil. Alessandro estreitou os olhos e cruzou os braços. — Me sentir melhor? — repetiu, com um tom cortante. — Eu só vou me sentir melhor quando essa farsa de casamento acabar. E mais uma coisa, Serena... — Ele deu um passo à frente, fazendo-a recuar instintivamente. — Não estamos na frente dos meus pais agora. Não precisa fingir. Serena piscou algumas vezes e, ainda segurando o copo, caminhou até a mesinha e o colocou ali. — Ma-mas eu não estou fingindo... — murmurou, quase inaudível. Sem conseguir encarar Alessandro por mais tempo, virou-se e foi para o banheiro. Assim que fechou a porta, encostou-se nela e respirou fundo, lutando contra o nó na garganta. Enquanto isso, Alessandro soltou um suspiro pesado e caiu na cama, fechando os olhos como se quisesse esquecer a presença dela ali. --- Na manhã seguinte O som de batidas na porta fez Alessandro despertar. Ainda meio sonolento, ele olhou para Serena, que já estava acordada e o encarava assustada. Antes de abrir a porta, fez sinal para que ela deitasse ao lado dele. — Depressa — sussurrou. Serena, com o coração acelerado, pegou as coisas do sofá e se acomodou ao lado dele na cama. — Filho? — a voz de Eleonora soou do outro lado da porta. Alessandro abriu a porta, forçando um sorriso. — Bom dia, mãe. — Bom dia, querido. Desculpe acordar vocês. Vou voltar mais cedo para a fazenda e queria me despedir. Ele deu espaço para que ela entrasse. Serena se ajeitou na cama, tentando parecer natural. — Não precisa se levantar, minha querida. — Eleonora se aproximou e depositou um beijo carinhoso na testa dela. — Qualquer coisa, não hesite em me ligar. — Obrigada — Serena respondeu, tentando manter a voz firme. Eleonora então virou-se para Alessandro. — Espero que não demore muito para me visitar na fazenda. Alessandro assentiu, mas seu olhar denunciava contrariedade. Assim que Eleonora saiu, ele fechou a porta e virou-se para Serena. — Não me espere hoje. Talvez eu nem durma em casa. — Sua voz era dura, mas Serena percebeu algo mais... talvez uma tensão oculta. Ela apenas assentiu e, após ele sair, se levantou para se preparar para a faculdade. --- Mais tarde, na faculdade Serena conversava com Alice e Miguel no intervalo entre as aulas. — O que acham de irmos ao Aurum Bar hoje? — sugeriu Alice, animada. — Ótima ideia — disse Miguel. — Eu pago hoje. — Melhor ainda — riu Alice. — E você, Serena? — Eu... acho que sim. Nunca fui lá. — Você vai gostar — garantiu Miguel. --- À noite De volta ao apartamento, Serena se arrumava. De certa forma, estava feliz por ter feito amizade com Miguel e Alice. E feliz também por sair e conhecer lugares que nunca imaginou conhecer. Sem saber o que escolher no meio de tantas roupas que a senhora Eleonora comprou, optou por um vestido justo que marcava suas curvas e destacava sua feminilidade. Escolheu uma sandália baixa, pois ainda estava tentando se acostumar com calçados. A maquiagem que aprendera era simples, mas realçava seus traços delicados. Olhou-se no espelho, sentindo-se diferente, quase como outra pessoa. — É só uma questão de costume... — murmurou para si mesma, tentando se convencer. Pegou a bolsa e chamou um táxi. No caminho, Alessandro invadiu seus pensamentos. Mas logo ela se concentrou nas ruas, onde tudo era incrivelmente lindo para ela. Seu celular tocou. — Já estamos aqui! — disse Alice, empolgada. — Estou chegando — respondeu Serena. Assim que o táxi parou, Alice e Miguel se aproximaram. — Meu Deus, Serena! — exclamou Alice. — Você está maravilhosa! Que corpo é esse?! Miguel engoliu em seco e coçou a nuca. — Alice tem razão. Você está... incrível. Serena sorriu, tímida. — Obrigada. Vocês também estão ótimos. Alice deu um passo à frente e pegou a mão de Serena. — Vamos entrar? Está lotado, e eu sinto que hoje é o meu dia de arrumar um gatinho. Eles riram juntos e seguiram para dentro do bar.
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