Esteh Logli: Ana paula narrando Acordei com a garganta seca e um gosto metálico na boca. A luz fraca no quarto denunciava que ainda era madrugada. Meus olhos ardiam, e um leve zumbido no ouvido me deixava tonta. A primeira coisa que senti foi o peso do meu corpo, um peso estranho, desconectado, como se ele não fosse mais meu. A dor no ventre era forte, mas suportável. O que me dilacerava mesmo não era o corte físico, era o outro, aquele invisível, aquele que ninguém conseguia curar. Olhei ao redor. Havia uma poltrona no canto, minha mãe encolhida nela, dormindo com os olhos inchados de tanto chorar. Meu pai não estava ali, talvez tivesse ido tomar um ar. Senti um alívio momentâneo por não ter ninguém me encarando, mas ele foi substituído por um pânico crescente quando percebi que aind

