capítulo.04

825 Words
Priscila narrando Eu sou a Priscila, tenho 24 anos e sou loira dos olhos claros. Fillha de um deputado influente, criada no asfalto, cercada de luxo e expectativas, mas isso nunca foi suficiente para mim. Sou formada em engenharia, porém no momento não estou seguindo a minha profissão. Sempre senti que minha vida era uma coleção de escolhas feitas por outros. Meu pai decidindo onde eu estudaria, minha mãe escolhendo com quem eu deveria andar, o futuro traçado como se eu não tivesse voz. Talvez tenha sido por isso que, naquela noite no baile, quando vi MD atravessando a multidão com aquela confiança absurda, senti um frio na espinha. Ele era o oposto do que meu pai queria para mim. Eu sabia quem ele era, já tinha ouvido falar do Sub do Lobão, quando ele chegou perto, com aquele olhar intenso e cheio de intenção, eu quis recuar. Não porque não queria, mas porque sabia que me envolver com ele significaria atravessar uma fronteira sem volta, disse que não estava interessada e virei as costas, mas passei o resto da noite sentindo os olhos dele em mim. MD era insistente, aparecia nos lugares, mandava recados, dava um jeito de estar onde eu estava. No começo, era irritante. Depois, comecei a gostar. Gostar da sensação de ser desejada de um jeito tão insistente, gostar da adrenalina de estar perto de um homem que não seguia regras. E quando finalmente aceitei sair com ele, foi porque já sabia que estava perdida. Ele me ganhou com aquela mistura de perigo e carinho bruto, uma proteção que eu nunca tinha sentido antes. Meu pai surtou quando descobriu. Disse que eu estava me destruindo, que MD era um marginal, que ele não ia permitir que eu estragasse a minha vida daquela forma. Mas eu já estava envolvida demais para voltar atrás. Quando MD me colocou como sua fiel, eu sabia que aquilo significava mais do que um namoro qualquer. Ele me escolheu, e eu escolhi ele. Mas ele não sabia de tudo. No começo, sim, foi uma revolta. Me apaixonar por MD foi fácil, mas a verdade é que no fundo eu queria mostrar ao meu pai que ele não mandava em mim. Eu era uma garota mimada, acostumada a usar as coisas para provocar reações. Só que, antes que eu percebesse, MD já não era uma provocação. Ele era minha casa. Meu lugar no mundo. E quando ele descobriu que tudo tinha começado como um desafio ao meu pai, me expulsou da vida dele. Eu não podia culpá-lo. Eu também me odiava por isso. Tentei falar com ele, explicar que as coisas tinham mudado. Mas MD estava cego de raiva, se destruindo, se afundando na dor. Quando descobri que estava grávida, entrei em pânico. Não sabia se ele ia me ouvir, se ia acreditar. Mas eu precisava tentar. Quando mandei a caixa com o exame e os sapatinhos, foi minha última esperança. E, felizmente, ele me ouviu e tivemos mais uma chance para poder recomeçar. Os primeiros meses foram difíceis. Meu pai tentou me tirar dali, ameaçou MD de todas as formas possíveis. Mas eu já tinha feito minha escolha. Quando perdi nosso bebê, senti que uma parte de mim tinha morrido junto. MD segurou minha mão, me abraçou, tentou ser forte por nós dois. Mas eu via a dor nos olhos dele. A cada tentativa frustrada de engravidar de novo, a gente se reconstruía e se quebrava um pouco mais. Cinco anos depois, aqui estamos, resistindo. Não importa quantas vezes meu pai tente destruir o que construímos, não importa o quanto doa cada teste negativo. Porque eu sei, e ele também sabe, somos nós dois contra tudo. E hoje, quando vi as duas listras no teste, meu coração quase saiu pela boca. Peguei a chupeta, coloquei na caixa e, com as mãos tremendo, liguei pra ele. MD atendeu de primeira. — Amor, sei que você tá ocupado, mas queria falar com você. Consegue vir aqui em casa rapidinho? .- Ele não hesitou. Nunca hesita quando se trata de mim. — Pra tu eu nunca tô ocupado, minha deusa. Conta cinco que tô encostando aí. - ele fala e Cinco minutos depois, ele chegou. O olhar desconfiado, já esperando o pior. Eu sorri, segurando a caixa. — Eu tenho uma surpresa para você.- O olhar dele mudou. Como se soubesse antes mesmo de ver. Pegou a caixa com as mãos trêmulas, abriu, viu o teste e a chupeta. Olhou pra mim com os olhos já cheios d'água. — Tá falando sério?- Ele pergunta já com os olhos cheios de lágrimas e o sorriso incrédulo no rosto como se não tivesse acreditando. — A gente vai ter um bebê.- eu falo me aproximando dele. MD me puxou para os braços dele, apertou forte, como se tivesse medo que tudo fosse um sonho. E ali, naquele instante, eu soube. Dessa vez, nada nem ninguém vai nos impedir de sermos uma família.
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