Lobão
— Aí, cara.lho, falei pra você que, na hora certa, Deus ia mandar o seu bebê de volta. — Eu falo, abraçando ele, e sinto minha camiseta ficar molhada com suas lágrimas.
— Quando a Priscila me contou, eu nem consegui acreditar. Só que, como nem tudo é perfeito, aconteceu uma parada aí, e por isso eu voltei aqui pra te contar agora. — Ele se afasta, enxugando os olhos.
— Vixe, sabia que notícia boa nunca vem sozinha. Qual foi? — Ele pega o celular, abre a galeria e me mostra um print de uma conversa da Priscila com o coroa dela.
— O arrombado disse que ela tem uma semana pra pegar as coisas dela e sair daqui, ou então o capitão vai mandar a filha da p.uta da Sara invadir o morro. — Ele fala enquanto eu leio as mensagens.
— Tá ligado que nós nunca baixamos a cabeça pra esses p.au no c.u, né? Só que agora ela tá grávida, e vocês têm uma família. Disposição e bala pra trocar nós tem. O que ela disse? — Pergunto, vendo ele respirar fundo.
— Ela queria taca marcha, e eu não deixei. Irmão, eu sei que temos que fazer de tudo pra impedir eles de subir o morro, só que eu não posso perder a mulher da minha vida mais uma vez. Nem meu filho. — Eu balanço a cabeça, confirmando.
— Então é isso. Prepara os vapores e deixa geral em alerta, porque, na hora que eles tentarem invadir, a gente bota eles pra voltar de ré. — Falo, e ele solta uma risada.
— Tá ligado que você é padrinho do meu filho, né? Se um dia eu faltar, eu sei que você nunca vai deixar meu menor na mão.
— É menino, é? — Pergunto, animado, achando que ele já sabe o sexo do bebê, mas ele balança a cabeça.
— Ainda não sei, mas eu tenho certeza que é um moleque. — Ele fala e estica a mão pra mim, fazendo o toque. — Vou nessa, que vou ajudar ela a resolver umas paradas lá em casa. — Eu confirmo, pego minhas coisas e saio também. Já deu por hoje.
É f.oda essa situação, principalmente porque o deputado tem influência na polícia. Mas o MD já sabia onde estava se metendo quando decidiu dar outra chance pra Priscila.
No caminho, paro no restaurante da dona Fabíola e peço uma marmita. Vou chegar em casa, tomar um banho, comer e me jogar na cama. Só saio amanhã, a não ser que apareça algum B.O pra resolver.
Chego em casa e já guardo a minha moto na garagem, faça o toque com os vapores e entro vendo tudo limpo e arrumado. O silêncio me acerta em cheio, e por um instante, sinto o peso do dia cair sobre mim. Jogo a marmita na mesa, tiro a camisa suada e vou direto pro chuveiro. A água quente bate nas costas, relaxa os músculos, mas minha mente continua acelerada.
A treta com o coroa da Priscila não sai da cabeça. Sei que os caras não vão deixar barato. Se ele já botou a Sara na jogada, é porque tá disposto a ir até o fim. Essa mulher é um demônio, já ferrou muita gente por aqui. Mas a gente não vai deixar barato também.
Saio do banho, visto um short qualquer e sento na cama com a marmita no colo. Como rápido, sem nem prestar muita atenção no gosto da comida. No meio da mastigação, o celular vibra. Olho a tela e vejo uma mensagem do Foguete.
Mensagem on
— patrão, acabei de saber pela minha prima que mora no Vidigal que a Sara acabou de invadir o morro do tenebroso.- essa desgraça não dá paz para a gente Um minuto sequer.
Largo a marmita e passo a mão no rosto. Sabia que não ia ter sossego. Pego o celular e respondo rápido.
— beleza, valeu por avisar, Fala para ela que qualquer parada é só acionar nós.- eu mando para ele e Jogo o celular na cama respirando fundo.
Mensagem off
terminei de comer e fui levar as paradas lá embaixo. Vou mandar mensagem para o tenebroso e ver se ele tá precisando de alguma coisa. Esse final de semana ele me passou a visão que vai ter um churrasco por lá e me chamou para encostar. Faz uma cota que eu fui lá, Então vou aproveitar para distrair um pouco a mente.
Tava quase pegando no sono quando ouvi uma zoada lá embaixo e então eu levantei para ver o que é que tava pegando. Peguei a minha glock do lado da mesa de cabeceira e desci as escadas ouvindo a voz dos meus vapores e pelo visto eles estão discutindo com uma mulher. Abrir a porta e a hora que eu vi quem era, me arrependi de ter descido.
— que caral.ho tá fazendo aqui?.- eu pergunto vendo o Juninho e o prego segurando a mulher que se diz ser minha mãe.
— dá para mandar seus cachorros me soltarem? Você tem que falar para eles que eu sou a sua mãe e eles não podem me tratar dessa maneira.- ela fala e eu acabo dando risada achando graça.
— mãe é uma coisa que você nunca foi minha, agora dá o papo e fala logo o que que você tá fazendo aqui?.- eu falo cruzando os braços e serro os olhos para ela.
— eu e seu pai estamos precisando de uma ajuda, ele pegou um dinheiro emprestado com o Rafa e agora ele tá nos ameaçando dizendo que se seu pai não pagar, vai nos matar. Você é o dono do morro e não pode deixar isso acontecer .- ela fala e eu juro que não consigo acreditar que ela tá aqui mesmo me falando umas paradas dessa
— tu só pode tá de caô, eu quero que você e seu marido vão para o sexto do inferno, porque o quinto já deve estar lotado. O que vocês fazem ou deixam de fazer nunca foi um problema meu, assim como as dívidas de vocês também não é um problema meu, Rafa tá no direito dele e se fosse comigo não seria diferente, pegou a grana e agora não tem com o que pagar é vala.- eu falo para ela dando as costas e entro para dentro da minha casa ouvindo ela gritar.
— seu desgraçado, É por isso que você é infeliz desse jeito e só vive sozinho. Eu deveria ter te abortado quando eu tive a chance. - eu ouço ela gritar lá fora e resolvi ignorar indo para o meu quarto e deixando ela dando uma de maluca sozinha.