Summer

942 Words
— Muito linda essa minha amiga! – Mariana falou ao terminar a minha maquiagem, tentando parecer tranquila, mas não estava. — Você também está muito linda, Mari. – Também fingi despreocupação. Pâmela chegou naquele momento e fez um sinal discreto, pedindo para que nós a acompanhássemos novamente. Ela também chamou mais duas outras garotas que estavam na mesma sala que nós. Fomos levadas até próximo a uma porta discreta que ficava no final de um outro corredor, diferente daquele pelo qual entramos e ali a decoração se tornava mais escura, em tons de marrom escuro e bege. — Vocês devem me aguardar aqui. – Ela orientou, entrando pela porta e nos deixando à sua espera. – Coloquem isso, por favor. Cada uma de nós recebeu uma máscara, tal qual as usadas em baile de máscaras e ficamos aguardando por seu retorno em silêncio. Ninguém falou nada, aparentemente a ansiedade pelo que estava prestes a acontecer havia tomado conta de nós. Rapidamente a Pâmela retornou, abrindo a porta e pedindo para que a gente passasse pela mesma e entramos no que parecia ser um palco. Olhei em torno e tudo era bastante escuro e não dava para ver as pessoas que ali estavam. Apesar disso, notei que haviam mesas espalhadas por todo o ambiente, com exceção do tablado no qual estávamos. O palco, ao contrário do restante do que parecia ser um salão, estava completamente iluminado, dando destaque a nós, mas ainda assim as luzes eram difusas. — Temos aqui quatro garotas dispostas a oferecer algo valioso em troca do valor certo. – Pâmela falou em um microfone. – E então, quem dá mais? – Fez a pergunta exibindo um sorriso radiante. Ela então chamou uma das garotas e a apresentou como “Spring “, a Mari foi apresentada como “Winter", a outra como “Autumn" e eu fui a “Summer”. Ela abriu o leilão com a garota Inverno e o valor sugerido logo foi aumentando de maneira estrondosa. Assim aconteceu com as três antes de mim e todas conseguiram algo em torno de cem mil reais. Eu fiquei ainda mais ansiosa para que chegasse o meu momento, pois era bastante dinheiro para mim, e seria possível fazer tanta coisa com aquele valor que eu não pensei em mais nada, esqueci qualquer nervosismo e só esperei pelo meu momento. Este chegou e a cada lance, meu coração acelerava mais e mais. Eu já estava me sentindo m*l, de tanto nervosismo, quando percebi que havia uma disputa entre dois homens por mim. Com o tempo que já estava naquele ambiente, a visão se acostumou e consegui ver mais coisas e percebi que cada vez que um deles, o que estava usando uma camisa de mangas compridas azul claro com uma gravata em um tom mais escuro, dava um lance, o outro, um homem que estava usando terno cinza escuro com gravata vermelha, aumentava o valor, passando a frente. O valor já havia chegado a duzentos mil reais e a minha respiração estava seguindo o ritmo das batidas do meu coração. — Duzentos e cinquenta. - O de camisa azul gritou em um tom decidido que trouxe um arrepio à minha espinha, o que me deixou consternada. — Eu dou trezentos. - Falou logo em seguida o cara de terno e gravata. Eu demorei a acreditar no que estava acontecendo. Eles estavam falando de centenas de milhares de reais como se fosse algo banal. Para mim aquilo era muito dinheiro! Mesmo pagando a porcentagem que o clube estabeleceu, correspondente a dez por cento do valor, eu ainda ficaria com muito dinheiro. — Quinhentos mil Reais. – O de camisa azul falou aquilo e olhou para o outro homem parecendo muito determinado. Eu olhei de um para o outro, a sensação de estremecimento me fazendo fraquejar. Aonde eu tinha me metido? — Quinhentos mil Reais. Alguém dá mais? – Pâmela perguntou olhando para todos. Diante do silêncio que se formou, Pâmela deu o leilão por encerrado e orientou aos "ganhadores" a procurarem por ela na gerência, para realizar os respectivos pagamentos e receber o seu "bem". — Quinhentos mil Reais! Eu estava me sentindo maravilhada com o valor que havia conseguido alcançar. Era dinheiro suficiente para fazer algo verdadeiramente bom para a minha família. Eu poderia começar um negócio, não precisaria trabalhar tão longe de casa. Eu sabia que ainda precisaria cumprir com a minha parte naquela barganha e que não seria nada fácil, mas iria prender a respiração e só pensava no dinheiro. Aquele valor não me tornava rica, mas facilitaria bastante a minha vida, e este fato por si só já me deixava eufórica. — Amiga, você vai ganhar trezentos mil! – Mari falou em meu ouvido ao me abraçar feliz. — Você tem cem mil, Mari! – A apertei em meus braços. — Estou muito feliz, Vi. Poderemos abrir a nossa própria loja de roupas a preços populares lá em nosso bairro. — Sim! — Venham por aqui, garotas. – A Pâmela nos chamou e nos afastamos uma da outra e seguimos na direção indicada. – Cada uma vai para uma dessas portas, cada uma irá ficar no quarto que tem o nome da estação que vocês representam. — Agora chegou a parte mais difícil. – Mari comentou, fingindo um estremecimento. — Vamos pensar o tempo todo no dinheiro que vamos conseguir e nos planos que nós temos e tudo vai passar bem rápido. – Falei para tentar acalmar a minha amiga. Mas eu realmente pretendia agir daquela maneira e foi com esse pensamento que entrei no quarto que trazia na porta a palavra “Summer”.
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