Nora estava descendo as escadas trotando enquanto falava com seu pai ao telefone. Ela estava saindo para almoçar com ele. Estava ali, aturando Jace e suas atenções à noite, mas ao mesmo tempo, tentando evitá-las, dizendo a ele que precisava estudar e que iria para a cama mais tarde. Quando, na verdade, não tinha intenção de fazer isso e simplesmente dormia em seu quarto de estudos.
Ele a encarou algumas vezes naquela semana, como se quisesse perguntar algo na suíte antes de sair para seu escritório, mas ela apenas ignorava com um: — Me desculpe, devo ter adormecido no computador. — Ela dizia e então saía da suíte por completo ou fingia não notar o olhar dele, como se nem o tivesse visto.
Ela não via sentido em falar com ele ou se explicar. Ele sabia o que estava fazendo, tinha que saber que ela também sabia, mas às vezes aqueles olhos semicerrados dele pousavam nela, como se quisessem que ela explicasse por que não estava na cama dele. Para ela, era muito simples: ela não pertencia ali, mesmo sendo sua Companheira.
Quando ele decidia perguntar o que ela estava fazendo ou para onde ia, ao passar por ela, ela sempre respondia: — Tenho uma aula para assistir. — Ou: — Tenho um grupo de estudos para participar. — E seguia em frente, indo para a biblioteca ou seu quarto de estudos. Era também a verdade: ela realmente tinha aulas para assistir e estudos para fazer; se ele se desse ao trabalho de verificar, o que não fez, nem perguntou.
Ela não deixaria que ele e sua traição afetassem a conquista de seu diploma. Não, ela teria algo para recorrer ou continuar fazendo quando deixasse essa Alcateia. Mas hoje seus pais estavam vindo à cidade, e ela iria almoçar com eles fora da Alcateia. Eles queriam fazer uma visita, mas ela disse que havia um lugar agradável para comer fora da Alcateia, e que os encontraria lá.
Hoje, Nora estava vestida de forma um pouco diferente do seu usual na Alcateia, um pouco mais arrumada, e ela sabia disso, tentando parecer o melhor possível para seus pais, para que não percebessem que algo estava errado com seu vínculo de companheiros.
Embora tivesse visto Jace atravessando o saguão enquanto descia o último lance de escadas, ela o ignorou, manteve a conversa com seu pai e os olhos firmemente afastados de Jace. Algo que, na verdade, estava ficando mais fácil a cada dia. Ela o tratava da mesma forma que ele sempre a tratava, ela pensava, como se ele não existisse fora da suíte.
Provavelmente era por isso que ele às vezes a olhava pela manhã, mas ele começou isso, e ela apenas seguia seu exemplo, ou era assim que planejava explicar, se ele algum dia realmente perguntasse qual era o problema dela, embora achasse que ele não o faria, ou, mais provavelmente, não se importava.
Embora hoje ela pudesse sentir a atenção dele sobre ela. Mas estava ao telefone, falando alegremente com seu pai sobre encontrar ele e sua mãe, e tinha certeza de que foi seu jeito de se vestir que chamou a atenção dele, não ela mesma.
Hoje, ela usava um vestido azul simples, mas bonito, e sapatos de salto baixo. Até colocou maquiagem, e parecia e soava feliz e animada. Como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo, porque era assim que queria que seus pais a vissem. Normalmente, ela usava jeans e blusas bonitas, um par de tênis ou andava descalça.
Gloria sempre se vestia com roupas elegantes, fazia cabelo e unhas. Usava joias bonitas, e Nora a viu na Alcateia, passando o cartão de Luna para pagar o seu almoço com as amigas com quem estava. Mesmo com Nora bem ali, ela provavelmente fez isso de propósito, Nora pensou. A mulher que recebeu o pagamento olhou para ela com certo constrangimento.
Nora ignorou. Estava no café dentro da Alcateia com um livro de estudos para ler, não querendo estar perto de Jace ou Gloria na casa da Alcateia. Ela sabia por que Gloria fez isso. Viu aquela mulher olhar para ela quando entrou no café, provavelmente entrou ali de propósito só para fazer isso e reforçar a sua posição ao lado de Jace.
Nora nem sequer recebeu um cartão da Alcateia com o seu nome, e já estava ali há dois meses sólidos, e nada. Jace não se importava em lhe dar nada, isso era certo. Ela ainda usava o dinheiro que ganhara na antiga Alcateia, dando aulas particulares para as crianças que precisavam. Tinha sorte de ter conseguido uma bolsa para a universidade da sua escolha, então pelo menos não precisava se preocupar em pagar por isso sozinha e não ter condições.
Enquanto mantivesse a sua média de notas para a bolsa, poderia continuá-la no próximo semestre. Embora já estivesse fazendo planos para se mudar para o campus, ela não era necessária para nada dentro dessa Alcateia. Estava ali apenas para aquecer a cama do Alfa até que ele conseguisse aquele herdeiro, e ela sabia disso.
Nora estava prestes a entrar no carro quando Jace chamou o seu nome: — Nora, para onde você está indo? — Parecia que ele estava curioso hoje. Talvez não gostasse do fato de ela estar saindo do território da Alcateia, quem diabos saberia?
— Vou almoçar com meus pais. Eles estão na cidade. — Ela respondeu por cima do ombro enquanto destrancava o carro.
— Quer que eu vá com você? — ele perguntou.
Nora parou de fato e olhou para ele, se perguntando por que raios ele faria essa pergunta. — Não — respondeu ela. — Você está ocupado, vá fazer o que um Alfa faz durante o dia. — Ela disse e viu ele franzir a testa diretamente para ela, diante da sua resposta desdenhosa à pergunta dele.
Mas ela não fazia ideia do que ele fazia. Ele nunca tentou, nem uma vez, explicar a ela o que a Alcateia enfrentava ou os negócios humanos que ele tinha. Ela não era a Luna dele, então não precisava saber, era como ela interpretava. Agora, ela estava apenas ganhando tempo para a rejeição que sabia que iria emitir antes de se mudar para o campus.
Isso ainda estava pendente para ela, e ela esperava ser notificada em breve, embora ainda tivesse que esperar até o fim deste semestre, e o próximo começar, mas sua vida ali era, na maior parte, silenciosa. Ela parou de interagir com os membros da Alcateia. Isso era humilhante demais para ela, considerando que Jace não se importava com quem na Alcateia via o jeito que ele tocava Gloria. Então, ela focava toda a sua atenção nos estudos, o dia todo, todos os dias.
Ela ouviu muitos membros da Alcateia chamarem Gloria de Luna nos últimos dois meses, enquanto ela era tratada apenas como Nora. No começo, ela não se importava, mas agora que sabia a verdade, embora doesse muito no início, ela se forçou a se acostumar a ouvir aquelas palavras. Isso a ajudava a manter os pés no chão e mostrava o quanto ela estava certa.
Ela se considerava nada mais que um m****o comum da Alcateia, e uma que planejava partir no momento em que tivesse para onde ir. Embora não fosse voltar para sua antiga Alcateia, ela sentiria vergonha; de não conseguir nem manter seu Companheiro interessado nela. m*l um mês após se unir a ele, alguns, ela sabia, diriam: “Bem, o que ela esperava? É apenas a filha de um guerreiro de baixa patente.”
— Eu deveria ir com você quando for encontrar seus pais. — Jace afirmou, caminhando em direção a ela agora.
— Por quê? — ela perguntou. Quando viu Gloria sair da casa da Alcateia e chamar o nome dele, ele se virou para ela, e Nora aproveitou a oportunidade para entrar no carro e se afastar dele. Ela se perguntou brevemente se ele achava que ela contaria aos pais sobre o fato de não ser a verdadeira Luna dele.
Será que ele queria estar lá apenas para encenar para os pais dela? Ela não tinha o menor interesse em fazer isso. Já tinha problemas suficientes com eles perguntando sobre a Cerimônia de Luna e quando seria; ela estava ali há dois meses, e ainda não havia convites enviados para isso.
Era algo com que ela teria dificuldade em encontrar uma resposta em algum momento, considerando que disse a eles que este mês seria uma bola de acasalamento, mas na próxima lua cheia, qual seria sua desculpa? Dizer que ele estava sempre muito ocupado não colava no mundo deles.
Alfas, ela sabia, adiavam tudo para agradecer à Deusa da Lua por presenteá-los com uma Companheira para amar e valorizar. Mas isso não era algo que ela receberia dele, e mesmo que, por algum milagre, ele se oferecesse para fazer isso, porque seus pais ligassem para ele e perguntassem, ela sabia que ele não seria sincero.
Porque ele nunca mencionou isso uma única vez durante todo o tempo em que ela esteve lá. Ela preferia que seus pais não tocassem no assunto com ele e o fizessem mentir sobre isso. O que a obrigaria a mentir também, então era melhor que ele simplesmente ficasse longe deles. Ele não precisava ter nenhum envolvimento com eles, nem eles com ele.